30.5.07

Fatias Felizes


Penso no que sentia quando escrevia as últimas fatias e fico de boca aberta com tanta confusão. O André ter acabado comigo realmente deu-me a volta à cabeça, deixou-me perdida e sem saber quem era. E depois vieste-me perguntar se eu não tinha concretizado sonhos nestes anos e eu fiquei parva, a pensar que não passo de uma inútil sem motivações.
Estava cega, mas felizmente já me passou.
Reparei que não foi o facto de terem acabado comigo que me fez perder-me, mas sim que estava perdida há mais tempo. Calculo que de há uns tempos para cá andasse mais dispersa, dedicada a uma pessoa que cada vez menos queria a minha dedicação. A esforçar-me inconscientemente por uma coisa que não tinha futuro.
E quando isso acabou, reparei que eu não existia. Que não me lembrava de mim, que já não sabia bem quais eram as minhas características, o que me definia, aquilo de que gostava.
Mas é nos pequenos hábitos que nos encontramos. E a luta diária que tive por mim, a conquistar pequenos momentos que me lembrava que devia gostar, teve resultado. Reparei outra vez naquilo que sou, que quero, que gosto.
Lembrei-me de mim!
Sou organizada, meticulosa, "certinha", arrumada. E enquanto tiver tudo arrumado na minha vida estou sempre bem. Gostava de me definir como calma mas sei que nos momento críticos muitas vezes não sou. Sei que estou em mudança. A crescer mas não a envelhecer. A procurar uma paz cada vez maior comigo e com o que me rodeia, que infelizmente vai contra alguns pormenores da minha vida com os quais não me estou a dar bem.
Gosto de estar sozinha. Se ao menos eu fugisse.
(...)
Até lá já me tenho a mim própria, o que já é bom. E tinha saudades minhas. Também tens?
Em relação aos sonhos, encontrei finalmente a minha resposta. E a resposta é sim! Sim, realizei muitos sonhos nestes anos. Simplesmente o que eu sonhava pode não fazer sentido agora, mas o que interessa é que fez sentido em cada dia que os vivi. Sonhei com uma mota, sonhei com um computador, sonhei com viagens que fiz. Sonhei com viver cada dia ao máximo ao lado da pessoa que amava, e vivi! Ou pelo menos achei que vivi, que é o que interessa. Afinal de contas essa pessoa foi-se embora e eu aparentemente sobrevivi. Se calhar não a amava assim tanto, mas o que interessa é que naquela altura acreditava que sim. Por isso foram 2 anos e meio de sonho, claro que foram. Não os repetia agora porque os meus sonhos mudaram, mas não perdi nada em tê-los vivido quando vivi.
Ainda bem que me dás sempre coisas em que pensar, mesmo que na altura me deixes sem resposta. O que interessa é que me ajudem a descobrir-me.