28.6.07

A way to start fresh again

"They say when you reach a crossroad or a turning point in life, it really doesn't matter how we got there, but it's what we do next after we got there. Usually you arrive there by adversity, and then it is then and only then that we find out who we truly are and what we're truly made of. It's a process, a gift and a journey, and if we can travel it alone, although the road may be rough at the beginning, you find an ability to walk it. A way to start fresh again. It's neither a downfall nor a failure, but a new beginning."
Paris Hilton on Larry King Live
27 Junho 2007

Não sei se terá sido por até ter "acompanhado" este episódio da vida de Paris Hilton em que ela foi presa, ou se será pelo facto de uma pessoa que consegue alcançar tanto na vida sem, no fundo, ser nada, que este excerto me fascinou.
Eu sei que é uma conclusão um bocadinho óbvia e que provavelmente até é totalmente mentira, vindo de que vem, mas... gostei. That's it.

19.6.07

The Interview

Ir a entrevistas de emprego é terrível. Pelo menos as minhas têm sido, se calhar é por isso que não me dizem mais nada depois de lá ir. Mas nem estou a falar dos resultados, estou a falar do momento da chegada à empresa, da entrevista propriamente dita.

Em primeiro lugar todas as pessoas com as quais nos cruzamos nos olham de alto a baixo, como se a tirar as medidas e pensar se eu tenho o aspecto que eles procuram num futuro colega de trabalho. É que é impressionante! E aquela coisa de não dar importância às primeiras aparências? E se eu for uma pessoa tímida e tiver um ar antipático mas no fundo for uma doçura de pessoa? Não se sentem mal por me estarem já a prejudicar sem nem sequer me terem dado uma oportunidade?
Mas isso ainda se ignora, ou se ignora ou se compreende porque eu acho que faria tal e qual a mesma coisa. Ora se tenho um dia-a-dia calmo e rotineiro na minha empresa e do nada começam a entrar candidatatos para me fazerem companhia nos próximos tempos é normal que eu veja como é que eles são, não quero cá pessoas completamente estrambólicas com as quais não vou ter relação nenhuma e que não vão querer ir almoçar comigo porque não temos nada em comum sobre o que conversar. Bem já não escrevia a palavra estrambólica há tanto tempo, nem escrevia nem dizia, mas isso continuo sem dizer que lá porque a escrevi não quer dizer que a tenha dito. É mesmo daquelas palavras que se diziam quando se queria caracterizar alguém completamente estranho e diferente, mas acho que esse tipo de palavras entraram em desuso com a introdução dos palavrões no vocabulário normal, que acontece tipo aos 9 anos de idade.

Continuando, pior que os olhares das pessoas que trabalham na dita futura-possível-empresa é quando percebemos que estão a fazer entrevistas em cadeia. Uma às 5h00, outra às 5h30, outra às 6h00. E aí o constrangedor é o olhar que se troca com a candidata anterior e com a candidata seguinte quando nos cruzamos no hall de entrada. Parte de mim tem logo tendência para sorrir e dizer boa tarde mas depois há sempre aquele lado que pensa que bolas, provavelmente esta miúda vai-te roubar a tua hipótese de seres escolhida e ainda estás aqui com sorrisinhos e simpatias, prega-lhe mas é uma rasteira! Nunca passei do sorriso claro está. Na última entrevista a que fui ainda fiquei sozinha na sala de reuniões um bocado de tempo e deu para dar uma espreitadela ao CV da entrevistada anterior mas também não tive coragem de o rasgar, riscar ou roubar. Só o li, será que fiz mal? Deu para saber que as miúdas que por aí andam fazem currículos com quadradinhos em degradé do amarelo ao cor-de-laranja do lado esquerdo da folha para ficar mais bonito. Se calhar é por isso que não sou contratada, não tenho muito jeito para enfeitar uma coisa que à partida deveria ser simples e séria.

Mas, para mim, isto das entrevistas em cadeia é o que me arruina o esquema todo. Eu até acho que na altura eles gostam de mim, mas no final da entrevista dizem sempre que depois me dizem qualquer coisa, mas que ainda têm que entrevistar mais 789 condidatos porque eu fui um dos primeiros. Porque é que me põem sempre entre os primeiros?
É como os anúncios nos intervalos dos programas de televisão. Sabiam que se perguntarem a uma pessoa quais foram os anúncios que ela viu no intervalo da telenovela, tendo em consideração que ela vê um desses canais em que passam milhões de anúncios em catadupa como se alguém ainda tivesse capacidade de absorver tanta informação junta, ela só se consegue lembrar do primeiro ou segundo e depois do antepenúltimo, penúltimo e último? São âncoras de memória. No meio de várias coisas semelhantes temos tendência a recordarmo-nos daquelas que conseguimos associar a outras coisas diferentes, neste caso o início e o fim do intervalo ou as primeiras e as últimas entrevistas.
É óbvio que por muito que um entrevistador até goste de um candidato e até o ache fantástico para o cargo que está vago, se depois disso passam mais 4 dias de entrevistas em catadupa e ele já entrevistou mais 59, é normal que se esqueça da tal miúda do outro dia que até lhe pareceu, na altura, perfeita para lá ficar.

E é assim que tomo a seguinte decisão: se eu um dia estiver a entrevistar pessoas, aliás quando eu um dia estiver a entrevistar pessoas, sim porque eu ainda acho que vou ter um emprego óptimo mais tarde e que vou precisar de uma legião de humildes e fiéis súbditos para me ajudarem a fazer o meu complexo trabalho, vou adoptar a ténica da "morte-súbita". Não é assim que se chama no futebol quando há aquele golo decisivo e aquilo acaba logo ali? Tenho ideia que sim. De qualquer maneira gostei do nome e vou adoptá-lo nas minhas ténicas de recrutamento futuras, se ainda me lembrar dele quando lá chegar. Imaginemos que estou a entrevistar pessoas e que são todas umas inúteis de primeira quando de repente, milagre dos milagres, aparece-me uma pessoa que parece ter todas as características que eu procurava e que por acaso até está imediatamente disponível e radiante com a miséria que estou disposta a pagar-lhe. Morte súbita! Não da pessoa obviamente, que morta não me serve de nada. Mas das entrevistas sim. Acabam logo ali. Finito.
A pessoa que eu tinha encarregado de chamar as outras legiões de candidatos para as entrevistas seguintes liga-lhes a agradecer a disponibilidade mas a dizer que no entanto a nossa escolha já foi feita. Acho isso mais legítimo do que entrevistar as outras pessoas todas para depois nem sequer lhes dizer que não foram elas as escolhidas e ainda por cima correr o risco de ficar indecisa e me esquecer da tal miúda dos cabelos compridos, simpática e bem-educada que acabou o curso só no outro dia mas que até tem um ar de querer aprender e de ser desembaraçada, alguma experiência e ainda por cima mora mesmo aqui ao lado e não tem problemas para estacionar porque anda numa mota mesmo gira e chega sempre a horas porque de mota não se apanha trânsito.

Continuando, a entrevista de hoje foi uma excepção. E foi uma excepção porque eu hoje não fui à entrevista.
Não me apeteceu, pronto.
Não me apeteceu e estou com preguiça e estou cheia de trabalho e o trabalho está a correr bem.
Depois ainda ia e ainda me perguntavam aqui no escritório porque é que era a 19ª vez que ia ao dentista em 3 semanas, como se eu estivesse viva se fosse ao dentista 19 vezes em três semanas, acho que saía da consulta directamente para o consultório do psiquiatra e mesmo assim o trauma ia-me perseguir para sempre. Mas também não consigo inventar mais nada na altura de sair mais cedo, onde é que uma pessoa diz que vai? Ao médico? Se é assim tão evidente que eu resplandeço de saúde?
Não interessa, a verdade é que também não fui à entrevista porque esta manhã decidi ir à procura da empresa aí pela net. É impressionante como as empresas que põem anúncios e que respondem mais depressa às candidaturas nunca dizem quais são. Uma pessoa desconfia, claro que desconfia. Mas pelo endereço de e-mail, com a morada e com muita, muita paciência lá se percebe que empresa é. Neste caso nem era bem empresa, era mais agência, ou mini-agência-em-fase-inicial-de-expansão.
E não fui porque lá está, mudar para pior não me apetece. É regredir, é voltar atrás. Eu estou bem onde estou, só não nado em motivação. Por isso só mudo se vir que é uma coisa mais interessante, motivadora, engraçada. E não era o caso. Não percebo porque é que ainda assim me sinto mal por não ter ido quando já expliquei tão bem porque é que não fui. Porra. Ainda podia ir, ainda faltam 21 minutos. Mas não vou, não me apetece e tenho imenso que fazer.
Porra não é um palavrão, senão eu não dizia. Mesmo assim não digo muitas vezes, mas quando estamos a escrever e nos queremos exprimir estas palavras ajudam. Se estivesse à conversa percebia-se pela minha expressão e não precisava de ter escrito.
Mas eu achava que era um palavrão, dos piores mesmo. E como não digo palavrões não dizia porra. Mas depois conheci uma pessoa que dizia porra à frente dos pais e fiquei chocada e essa pessoa disse-me que porra não era um palavrão. Ainda discuti esse assunto umas vezes porque a verdade é que não vou dizer porra à frente dos meus pais senão levo uma sarabanda de todo o tamanho, não que eles não digam à minha frente, que dizem, não se preocupam muito com isso, eu é que tenho que ficar na linha. Acho que vai ser assim para sempre, não percebo com que idade é que já se pode começar a gritar com os pais, os meus ainda me batiam se eu gritasse com eles agora. Tenho uma tia que já tem quase 50 anos que ainda não fuma à frente dos pais. Ridículo.
Perdi-me, não me lembro porque é que abordei sequer este assunto.Faltam 16 minutos, mesmo que quisesse ir à entrevista ia chegar atrasada e ia ficar mal vista e portanto também não me iam contratar. Boa

15.6.07

Mini-saia e mega decote

Nunca pensei que encontrar trabalho pudesse ser uma aventura tão empolgante. Na verdade sempre procurei não me preocupar muito com esse assunto, sempre achei que era uma questão de atitude. Uma pessoa que chega ao mercado de trabalho com aquela atitude de vencido e a pensar que sim, que vai passar o resto da sua vida em sofrimento total por não poder comprar aquela casa, aquele carro, ir para aquelas férias, é aquela pessoa que de facto não vai mesmo conseguir alcançar nada disso.
E isso não se reflecte apenas no trabalho. É a nossa atitude que define o rumo que a nossa vida toma, não tenho a mais pequena dúvida. Não digo que não haja condicionantes externas que nos influnciem, claro que há e muitas vezes até são mais fortes que qualquer atitude positiva que possamos ter. Ainda assim, a maneira como enfrentamos o mundo define a maneira como o mundo nos enfrenta a nós, o mundo e todos aqueles que lá estão.

E portanto, seguindo esta linha de pensamento, achei que muito rápido ia ter um emprego de sonho e ser super-super-realizada. Qual não é a minha surpresa quando, apenas uns meses depois de acabar o meu curso, isso não aconteceu!
Tinha duas hipóteses para interpretar esta situação. A primeira dizia-me que o emprego em que estou agora é uma alavanca para um futuro promissor e que o que tenho que fazer é esfolar-me a trabalhar, sonhar com o dia em que vou ser aumentada, ser uma bajuladora de primeira totalmente dedicada ao trabalho e sem qualquer tipo de vida pessoal. Esta era a hipótese que vinha na continuação do tal pensamento que se eu acreditar muito nisto, é isto que vai acontecer.
Aparentamente, era a melhor hipótese! Aliás durante uns tempos até me pareceu a única viável. Verdade seja dita a obcessão é um vício muito fácil no qual uma pessoa se pode afundar e muito rapidamente deixamos de conseguir ver o que quer que seja sem ser o que está à nossa frente, por muito longe que esteja. E isto também se aplica a tudo na vida, aliás até é mais provável que se aplique a outras coisas, como o amor e coisas desse género, do que a um trabalho propriamente dito.

Depois, devido a uma série de acontecimentos do foro pessoal que não são para aqui chamados, ou pelo menos não o são neste momento, levei um abanão e fui forçada a ver a vida com outros olhos. Foi aí que apareceu a segunda hipótese.
Ou seja, se eu acredito que é a minha atitude que define o rumo que a minha vida vai tomar no futuro, então e se a minha atitude, a minha postura, as minhas ambições e prioridades estivessem trocadas? E se este não fosse o momento para ambicionar o mundo mas sim para o gozar sem o peso e a responsabilidade de o ter às costas?
E se eu não levasse a vida tão a sério?

Então certo dia acordei, vi-me ao espelho e deparei-me com uma míuda de 22 anos e com a vida pela frente. 22 anos! Sou um bebé! E quero crescer e juntar dinheiro ao lado de uma pessoa que só pensa em trabalho?
Para quê?
Porquê?
De que é que me serve a ideia de um futuro feliz se o presente é uma merda e eu não tenho razão para sorrir?
De que é que me serve juntar imenso dinheiro se passo horas fechada num escritório e não dedico tempo nenhum a mim própria e às pessoas de quem gosto?

Então basicamente a atitude mudou e agora é totalmente diferente. Continuo a achar que o meu trabalho é uma alavanca para um futuro profissional promissor. Claro que continuo a sonhar com um emprego de sonho. Mas não tanto pelo dinheiro, mais porque preciso de me sentir realizada diariamente, preciso de acordar e saber que vou fazer uma coisa que gosto. Gostava de pensar que não é assim tão impossível.
Eu até gosto do que faço, como já disse ontem, mas a verdade é que o trabalho que tenho não só não me ocupa todo o tempo que tenho que estar aqui sentada como ainda por cima não me deixa totalmente satisfeita comigo própria. Sinto que não estou a aprender nada, que esta empresa já me deu tudo o que tinha a dar neste ano e meio que passou.
Então dou por mim à procura de novas oportunidades.
Sair daqui não quero, pelo menos enquanto não tiver outro emprego à minha espera. Há quase dois anos que trabalho, mesmo quando tinha que conciliar com as aulas, e o tempo livre assusta-me. Apesar de agora me apetecer ir para casa dormir a sesta enquanto vejo televisão, sei perfeitamente que se essa fosse a minha única solução para ocupar a minha tarde ia entrar em perfeito estado de paranóia. Não compreendo como é que há pessoas que conseguem não fazer nada da vida, acordar e ficar a olhar para o ar, sem qualquer tipo de obrigação, sem qualquer tipo de passatempo.
Porra o país está parado, será que não vêm isso? Tudo bem, não precisam de ganhar dinheiro e não há nada de jeito para fazer, nem sequer está tempo para ir para a praia, mas acho que uma pessoa em "idade activa" devia ter a preocupação, sentir a obrigação de contribuir minimamente para o desenvolvimento de qualquer coisa que não sei bem o que é. Só sei que não contribui de maneira nenhuma se não fizer nada, no seu dia-a-dia, que seja, mesmo que só um bocadinho, contra a sua vontade!
Com que lata é que depois diz "ah e tal não gosto nada daquele político" ou "que otária a mulher do café que se enganou a dar-me o bolo que eu pedi!". Só dá vontade de pegar no gajo pelos ombros e perguntar então e tu? Por acaso fazes alguma coisa da vida, sabes o que é trabalhar? Fazes alguma coisa ao longo do teu dia contra a tua vontade para saberes o que é estar cansado, errar? Com que cara é que tens o desplante de te dares ao luxo de criticares outras pessoas?

Bem, continuando e tentando ignorar esta minha pequena exaltação que na verdade nem é dirigida a ninguém em específico que eu nem conheço parasitas da sociedade que não façam nada e ainda por cima gritem com as mulheres dos cafés, a verdade é que decidi mudar de emprego e que desde logo assumi que fosse uma coisa muito simples, mas nem por isso.
Tendo em consideração que esta minha decisão foi tomada há coisa de um mês e tal, agora fiquei sem saber se será há ou à coisa, porque de facto é haver coisa de um mês e tal mas por outro lado fico na dúvida porque não me vem à cabeça que esta deva ser uma das situações em que eu deva aplicar o há e não o à.
Mas diria que neste mês e tal, sem há nem à, já devo ter enviado cerca de 4354135465 currículos. Por acaso é engraçado porque no outro dia estava a falar com uma amiga que também está à procura de emprego e disse-lhe uma coisa deste género, tipo que já tinha enviado 479 currículos e ela levou a sério e perguntou-me como é que eu sabia que tinha sido esse número específico. Fartei-me de rir... mas agora não tem piada.
Desses 4354135465 CV's nem todos foram parar directamente ao caixote do lixo. Já fui a 2 entrevistas, já me fizeram outras duas por telefone e amanhã tenho outra. Diria que só depois das entrevistas ou de ouvirem a minha voz é que deitaram o meu CV fora. Não percebo. Procuram pessoas da minha idade para ocupar cargos que até acho que tenho capacidade de ocupar mas depois afinal não sirvo. Haverá assim tantas pessaos recém-licenciadas com muito mais aptidões que eu? É claro que não tenho experiência! Acabei o curso há 4 meses! Sou uma criança! O que é que esperavam? Que neste pequeno intervalo de tempo que por acaso, mas só mesmo por acaso, até estou a trabalhar para ganhar experiência e não dar aquela de ser inútil, tivesse viajado até aos Estados Unidos e tivesse feito um estágio de 3 anos e meio na maior agência do prédio mais alto de Nova Iorque? Acontece que não posso viajar até aos Estados Unidos porque não me dão um emprego de jeito e eu não posso gastar dinheiro para dar a volta ao mundo e subir até prédios muito altos. De qualquer maneira não me posso queixar que já tenho viagem marcada para Macau daqui a 3 meses; pagam-me mal, mas não assim tão mal.

O que interessa aqui é que esta aventura constante do ir ou não ir a entrevistas se está a tornar uma rotina totalmente estúpida. Até já digo "ah, amanhã vou a uma entevista" como se nada fosse. Já nem me ligam. Ainda há quem pergunte onde é que é mas de resto só dizem que sim, boa, boa sorte para ti.
Devem com certeza achar que eu me devo safar mesmo muito mal porque está visto que mal me vêm escolhem outra pessoa. Ou pelo menos acho eu que escolhem porque verdade seja dita nem ninguém se dá ao trabalho de me avisar que escolheu outra pessoa, tal é a impressão que eu devo causar!
Até percebia se eu tivesse frúnculos no nariz, olhos tortos e 3 maminhas. Não que tenha alguma coisa contra pessoas com frúnculos no nariz, olhos tortos e 3 maminhas porque não tenho, sobretudo se forem raparigas. Se forem rapazes já acho estranho terem olhos tortos.
Mas na verdade até diria que tenho uma apresentação minimamente aceitável aos olhos de um profissional qualquer, ou será que os requisitos mudaram e a partir de agora só aceitam mesmo as miúdas que vão de mini-saia e com mega decotes? Adorava que isso estivesse estipulado em qualquer lado para eu saber, se estivesse e dissessem que essa era a indumentária adequada para uma entrevista de emprego, quem sabe eu não aderia?"

14.6.07

Isto dos blogs

Isto dos blogs é engraçado. É tipo febre. Como quase todas as febres, fui daquelas que só aderiu mesmo quando percebeu que não era uma coisa horrível, despropositada, uma oportunidade de pessoas sem amor próprio de porem na internet os seus diários para ver se alguém tinha pena delas. Mas não sou das últimas, isso não sou. Do meu grupinho do odeio-tanto-blogs-acho-isso-ridículo acho que fui a primeira vira-casacas que aderiu minimamente a este novo meio de comunicação. Mas verdade seja dita que me posso considerar uma pessoa resistente à mudança.

Quando aparece algo novo a minha primeira reacção é rejeitar, por de parte, ignorar e maldizer. Acho que só quando vejo outras pessoas a aderir a essa coisa específica é que parte de mim começa a pensar que se calhar estou a perder algo, a ficar para trás, é melhor ver do que se trata... só para não parecer mal, no meio de um grupo de conversa, nem sequer saber de que é que estão a falar. Afinal de contas gosto de me considerar uma pessoa informada, a par da actualidade. Não que tenha interesse nessa coisa nova, não tenho interesse nem preciso dela, sempre vivi bem sem ela, só quero mesmo saber a razão de tanta agitação e de tanto interessse. Não é legítimo? É. Depois, por acaso e só por acaso, até sou capaz de achar graça à coisa. Mas até que admita ainda falta um bocado. Há que conhecer primeiro, e conhecer às escondidas, não vá alguém descobrir e do nada a minha luta árdua contra a aceitação dessa coisa cai por terra. Só realmente quando já percebi o porquê, as razões, as vantagens e as desvantagens, e só mesmo se tiver afinal de contas mudado de opinião é que começo, lenta e progressivamente, a dar a entender que afinal até podia estar errada. Que as minhas opiniões absolutas e extremas que eu quase defindi com a minha vida até podiam ser um bocadinho infundamentadas e afinal se calhar até tinham um bocadinho de razão ao apresentarem-me essa coisa nova.É sempre assim comigo, não há nada a fazer. Até posso fingir que mudo e que me torno uma pessoa mais aberta a novas experiências e a novos acontecimentos, mas a verdade é que se alguma coisa vem mexer com certezas que eu já tinha como garantidas não há nada a fazer. Já me chamaram de tudo, desde intolerante a quadrada, passando por outras coisas muito piores. Aliás não chamaram, que as pessoas não andam por aí a chamar-me coisas nem eu ando por aí a impingir a minha opinião. Tive um namorado que chamava, e chamou tanto que eu fiquei a achar que provavelmente é a opinião de toda a gente. Agora já não acho tanto isso, nem que toda a gente pense isso de mim nem que eu seja assim tão intolerante ou quadrada. Ou pelo menos já não sou, acho que era mais quando era namorada dele. Não havia nada a fazer, por muito que eu gostasse, quase tudo nele me enervava e eu tinha que resmungar.

Mas falando em blogs. Eu até há uns meses atrás até desconhecia que os blogs fossem o que são. Quer dizer eu sabia que eles existiam e até sabia mais ou menos o que eram, acho eu, mas não sabia que tinham a importância que têm. Não que eu ache que os meus blogs tenham importância, que não acho, mas sei que os há por aí que são importantes a valer. Blogs que vale a pena ler de vez em quando. Agora de momento não sei apontar nenhum mas assim de vez em quando vou tentar fazer referência a alguns dos blogs por onde eu me passeio no meu dia-a-dia. Mas estava a contar de quando me deram a conhecer a blogosfera. Foi numa aula! Imagine-se, numa aula! Pois não é aí que se aprende mais? Estava numa aula de Comunicação Estratégica com os Media, disciplina que era leccionada pelos excelentes profissionais da agência de comunicação Porter Novelli, quando duas dessas profissionais-mascaradas-de-professoras decidiram abordar esse tema. Quem daqui tem um blog? Claro que ninguém levantou o braço, que ridículo, um blog! Para quê? Por acaso não tenho um diário em casa para escrever sobre o que me apetece? Por acaso não tenho, mas não tenho porque não tenho necessidade de escrever sobre os meus problemas pessoais, tenho amigos com quem desabafar! Logo um blogger não só é uma pessoa que não tem amigos e que está sozinha no mundo como ainda por cima não tem caneta e papel em casa para esconder na gaveta as infelicidades que o perseguem por ninguém gostar dele. Que seria, um blog! Quando perguntaram pela 19ª vez, incrédulas por nenhum dos 60 alunos enfiados numa sala com 30 mesas, cheios de calor e atafolhados ao colo de pessoas desconhecidas, lá houve finalmente um braço que se levantou.
Era o ruivo! Ou não era o ruivo? Agora não me lembro bem, sei que olhei para trás para ver quem seria o infeliz, o parvo, o tonto que tinha um blog. Acho que era o ruivo, mas agora não me lembro bem. Se não era, era alguém do género. O ruivo era uma personagem que apareceu nas nossas aulas no ano passado não se sabe bem vindo de onde. Não falava com ninguém, não tinha amigos e era uma antipatia total. A única vez que o ouvi falar foi quando se nos dirigiu a meio de uma aula para nos mandar calar, pois dizia que não conseguia ouvir bem o senhor professor. Quem é o palerma que manda outras pessoas calarem-se a meio da aula? Não que não tivesse o direito de ouvir a aula que estava a ser dada mas só o facto de nos ter mandado calar mostra que é uma pessoa sem qualquer tipo de vontade de vir, algum dia na vida, a dar-se bem com as pessoas que o rodeiam. A partir daí o ruivo ficou marcado. Se ninguém falava com ele até aí por ninguém o conhecer, coitado, a partir daí ninguém falou com ele por o achar um otário. Só falou comigo numa frequência, no final do curso, para me pedir ajuda. Não lha dei. Mas não foi por mal que eu não era capaz de fazer isso a alguém, foi mesmo porque também não sabia a resposta à pergunta. Até foi na frequência de Comunicação Estratégica com os Media, agora que penso nisso, mas a pergunta não devia ser sobre blogs. Podem ser importantes mas não me parece que já haja conteúdo suficiente sobre esse assunto para se fazer uma pergunta numa frequência.

Uma pessoa lê isto e fica a achar que tirei um curso complexíssimo em que as perguntas das frequências eram daquelas tão difíceis que a dificuldade nem era saber a matéria mas interpretá-las, como nas universidades a sério! Nada disso, só não é provável que se chegue a um ponto tão tão básico como perguntar o que é um blog, para que serve um blog, dê um exemplo da importância dos blogs na comunicação com os media. Agora que penso nisso até nem era assim tão improvável... só não aconteceu e pronto.O que interessa aqui é que acho que era o ruivo que tinha um blog, mas lá está, podia não ser. Para eu não me lembrar da pessoa e para estar a associar ao ruivo era porque era uma pessoa qualquer com quem não devo ter trocado mais de duas palavras na vida e que me deve ter feito pensar "só mesmo este para ter um blog, pudera!".

Começaram elas a leccionar sobre blogs quando eu, feita espevitada, ponho o meu bracinho no ar e decido perguntar, desculpe lá senhora professora, mas não percebo em que medida é que os blogs têm alguma importância no panorama dos media, quanto mais para se perder uma aula a falar sobre eles! Isto contando com o facto de que os profissionais dessa dita agência de comunicação andavam tão ocupados com a sua vida profissional que faltavam a metade das aulas, pelo que eu achava se calhar pertinente aproveitar as aulas às quais eles por acaso apareciam, mesmo que fosse aos dois e dois, para, de facto, nos falarem das estratégias de comunicação que fossem relevantes.O olhar com que me fulminaram vai-me ficar gravado para sempre na memória. É que não foi um olhar de maldade. Foi assim de pena, um misto de pena com tristeza por eu ser tão atrasada mental, tão retrógada, tão pouco actual. Como é que é possível estas criaturas terem vinte e tal anos e não estarem a par desta ferramenta de comunicação única, revolucionária e que está a mudar o mundo? Só aquele ruivo é que se safa, deviam elas pensar. Ruivo ou outro qualquer que continuo sem me lembrar.E foi aí que me deram a conhecer este mundo grandioso, o mundo da blogosfera. Ao longo da aula falou-se dos top 20 blogs em Portugal, no mundo, por aí fora. Agora gostava de os saber, que nunca sei por onde começar quando quero ver o que se escreve por aí. No outro disseram-me "ah perco-me tanto a ler blogs, há por aí gente que escreve tão bem!". Fiquei parva. Sim, há por aí gente que escreve bem e eu também leio imensos blogs, mas ainda não leio assim tantos ao ponto de me perder e de achar que os verdadeiros poetas do século XXI estão todos sentados à frente do computador de cabeça enterrada na blogosfera. Falou-se também da quantidade de blogs que aparecem por segundo, estatística para a qual estou a contribuir neste momento, que era uma estupidez qualquer tipo 6 blogs por minuto em todo o mundo. Não fazem mais nada? 6 por minuto? Como é que é suposto um viajante insignificante da grandiosa blogosfera saber por onde começar? Bem não interessa. A aula despertou-me a atenção quando começaram a falar de casos práticos da importância de determinados blogs. Disso é que eu gosto, de aplicações práticas. Se não mas dessem ia ficar a achar que estavam só a impingir-nos as opiniões absolutamente tontas de uma agência de comunicação que se quer aproveitar de um novo meio de comunicação por explorar e fazer dele o seu poço de petróleo. Deram vários exemplos, não me lembro de todos porque no meio de tanta gente e tanta barafunda uma pessoa nunca se conseguia concentrar mais do que cinco minutos seguidos sem jogar ao stop, enviar mensagens, fazer desenhos ou enviar mais mensagens. Típico ambiente de 12º ano de um colégio privado que foi à falência e que enfiou todos os alunos na mesma sala e os deixou à mercê de duas pessoas que nunca vida deram aulas nem nunca tinham feito tenções de dar até ao dia em que chegaram ao trabalho e o patrão lhes disse que ou davam uma aula de 4 em 4 semanas cada um ou que ia tudo para o olho da rua.Voltando ao que interessa, lembro-me de falarem que um director da HP ou alguma pessoa importante da HP tinha um blog privado e que um dia uma pessoa decidiu escrever um post a queixar-se de um produto da HP que era uma merda e tinha avariado. Esse dito director ou pessoa importante, não me lembro bem porque devia ter acabado de levar com uma bola de papel molhado na cabeça ou recebido um SMS, tomou a decisão inteligente de apagar esse post do seu blog privado. Também eu o faria, era o mesmo que agora aparecer aqui alguém e escrever que o CD que já devia ter chegado à Dim na semana passada não chegou e estar-me a chatear porque eu o perdi! O que até é verdade, perdi, mas pus no correio na 6ª-feira e se não chegou ontem, chega hoje! Não me chateem! Não enviei por estafeta porque isso é longe como tudo e eu não tenho lata para estar a dizer à minha empresa que lá porque eu perdi uma coisa, agora vamos pagar uns 30€ para o estafeta levar um mísero CD até ao fim do mundo! Moral da história, o tal cliente insatisfeito achou aquilo o cúmulo do desrespeito e indignou-se de tal maneira que fez um alarido de todo o tamanho e toda a blogosfera caíu em cima do director ou pessoa importante da HP. Este acabou por ter que fazer um pedido de desculpas formal no site da HP assim como no seu blog pessoal mas, segundo as nossas sábias professoras, não podemos sequer calcular de que maneira isso influenciou a imagem da marca! Foi uma verdadeira situação de crise!O outro exemplo que deram, ou pelo menos que eu tenha ouvido, já foi um bocadinho mais próximo da nossa pequena realidade à beira-mar plantada, ou seja foi em Portugal. Aparentemente o Nuno Markl tem um blog todo catita e onde imensa imensa gente vai todos os dias ver o que ele tem para dizer. Ora certa manhã o Nuno Markl acordou e decidiu comprar determinado chocolate que já não comia há muito tempo. Comprou, comeu-o e heis que por alguma razão estranha, não gostou! Não era a mesma coisa, pronto! A ideia que ele tinha daquele chocolate era diferente e portanto foi uma decepção terrível. Eu sei o que isso é porque às vezes também me apetece imenso uma coisa qualquer que eu adoro e esforço-me imenso para consegui-la e depois quando a vou a experimentar não é tal e qual aquilo que eu estava à espera. É como quando quero imenso comer bolachas, e bolachas é o meu maior e único vício, sim acho que não tenho mais nenhum. Mas às vezes quero mesmo comer bolachas e passo por uns tempos de indecisão relativos ao facto de comer ou não comer as bolachas que quero, porque sei que se começar a comer bolachas não consigo de todo parar. Muitas das vezes consigo-me controlar mas outras tantas nem por isso e tenho que fazer o terrível esforço que é levantar-me desta secretária e ir à pequena cozinha do meu escritório onde só há cerca de 7 tipos diferentes de bolachas. Depois do terrível obstáculo que é escolher qual o tipo de bolacha que mais me apetece chego à fase de conseguir trazer uma quantidade absolutamente estúpida para o meu escritório sem que ninguém ao longo do corredor repare. Não que achem mal ou que eu tenha que dar satisfações em relação ao número de bolachas que posso ou devo comer, mas fico com vergonha, só isso. Normalmente a solução é uma folha de papel de cozinha cheia cheia de bolachas lá dentro, bem embrulhada. Não posso por no bolso das calças porque é grande de mais por isso trago mesmo na mão mas vou tentanto fazer com que, no balançar do meu braço, a mão fique estrategicamente escondida atrás de mim sempre que passo pelo escritório de alguém, ao longo do corredor até ao meu. E lá está, muitas vezes depois disto tudo sento-me, desembrulho as minhas bolachas e lá ponho uma na boca, ou duas ou três. E muitas vezes o sabor não é tal e qual aquilo que eu estava à espera, o que é absolutamente desesperante. Isto não me acontece muitas vezes, mas ainda acontece algumas, daí que eu perceba perfeitamente a decepção do Nuno Markl com o seu chocolate. O que aconteceu aqui foi que ele, não tendo com certeza mais nada para fazer, decidiu escrever no seu blog "ah e tal hoje comprei este chocolate e não gostei nada, não era disto que eu me lembrava". Isto relatado pelas professoras, claro, que eu nunca consegui encontrar o post em que ele dizia isso. Também fiquei sem saber qual era o chocolate porque sendo de uma empresa cliente da Porter Novelli elas não acharam por bem danificar ainda mais a imagem da marca. O que interessa é que isto teve um peso gigante para a marca de chocolates e que se elas não estivessem atentas, se não soubessem ao pormenor identificar os vários canais em que a marca podia ser divulgada ou difamada, poderia ter tido consequências terríveis no futuro! Acabaram por mandar um grande cesto ao Nuno Markl na manhã seguinte com uma variedade estúpida de chocolates de todos os tipos, mas todos daquela marca, com um bilhete a dizer para ele voltar a experimentar. Esperto foi ele, que ficou com chocolates à pala durante um tempão!

Antes da aula acabar ainda nos deram umas folhinhas para lermos sobre os podcasts, ao que parece mais uma maravilha do outro mundo da qual ainda não parei de ouvir falar. Não li as folhinhas porque entretanto as perdi e ainda não sei o que é um podcast. Não estou a dizer que seja contra ou que odeie, só estou a dizer que ainda não me apereceu nada à frente a explicar o que é e que portanto não faço sequer a menor ideia se gosto ou não, se é útil ou não. O futuro o dirá. O que eu sei é que no dia seguinte, quando cheguei ao escritório, sim porque eu trabalhava e estudava ao mesmo tempo e ainda ia à ginástica às 7:00 da manhã, fui ver o blog do Nuno Markl. Isto porque as únicas duas referências de que me lembrava era o blog pessoal de um director da HP ou o blog do Nuno Markl e achei por bem que a vida de um empresário de sucesso norte-americano não me interessava nada. Depois, pouco a pouco, lá fui começando a passear pela blogosfera e começando a perceber como é que isto funcionava. Não tem muito que se lhe diga, para dizer a verdade. Há blogs e blogs e há bloggers e bloggers, muitos deles que se vê à primeira vista que não têm mais nada que fazer do que estar à frente do computador a pensar no que irão escrever para os outros verem, comentarem, apreciarem ou criticarem.

O que interessa é que, coincidência das coincidências, umas semanas depois um irmão meu e a sua mulher foram morar para Macau. Ora, que melhor oportunidade de dar um primeiro passo na blogosfera do que criar um elo de comunicação perfeito daqui até à China? Na verdade não tem tido muita aderência por parte da família mas sempre foi uma maneira de me estrear com um blog que não pudesse ser imediatamente gozado por todas aquelas pessoas que me tinham visto dizer mal e mal desta realidade. Ah, não acredito, tens um blog?? Tu?? Quem diria?? Pois tenho, mas é porque o meu irmão está a morar em Macau! Se não, como é que podíamos mostrar fotografias uns aos outros e ter notícias actualizadas? Uma desculpa totalmente esfarrapada porque eles têm um programa qualquer da Kodak e mandam milhões de fotografias por mail e nós falamos pelo Skype quase todas as semanas. Ainda assim mantenho a minha convicção de que aquele blog foi óptima ideia e, no que depender de mim, vai ser um diário dos anos que passo longe deles.

Depois disso passei pela fase deprimente que foi o fim de determinado namoro que já tinha durado tempo e de mais. Claro que quando esse namoro acabou eu não sabia que já tinha durado tempo de mais, senão não tinha passado por uma fase deprimente, tinha passado por outra fase qualquer que não sei qual seria porque nunca passei por uma fasse assim. E aí achei por bem voltar a escrever, coisa que sempre tinha feito desde mais nova mas que durante esse namoro que durou tempo de mais nunca fiz. Queria escrever e só gosto de escrever no computador porque a minha letra é horrível e quando vou na quarta linha já amuei porque fiz uma coisa horrível e trapalhona e mais vale deitar fora. Ora escrever no computador é do melhor, mas o problema é que tanto me podia apetecer escrever em casa como no escritório e gravar o meu diário na pen é a coisa mais triste que pode haver, até porque nunca se sabe onde a pen vai parar. Claro que um blog era a melhor solução possível, podia por fotografias da minha depressão e ilustrar a minha tristeza tanto em casa como no trabalho. A verdade é que correu bem e agora já posso oficialmente considerar-me uma daquelas pessoas ridículas que desabafa para dentro de um blog como se ele tivesse a solução para todos os meus problemas. Claro que esse blog ainda existe e já nem sequer é um reflexo das minhas tristezas mas sim dos meus sentimentos actuais mais profundos e secretos, que passam basicamente por não estar triste e descobrir que até gosto de mim e da minha vida, mas também é claro que esse blog não é, digamos que, aberto ao público. Que seria de mim se alguém me lesse como a um livro? Deixava de ter aquele meu lado misterioso que sempre quis ter porque sempre achei que as raparigas deviam ter um lado misterioso, apesar de eu bem saber que não tenho nada um ar misterioso, basta perguntarem-me como eu estou e eu desabafo tudo em 10 minutos, com lágrimas e ranho à mistura.E portanto apesar de não ter um blog com centenas de visitantes, o que muito provavelmente nem sequer vai acontecer, a verdade é que até já me posso considerar uma pequena blogger ao estrear, aqui e agora, o meu terceiro exemplar! Não sei para quem, não sei sequer sobre o que vai falar, nem sei se vou escrever cá o que quer que seja porque afinal de contas tenho mais que fazer, tenho imenso trabalho e tenho outros dois blogs aos quais dou prioridade. Ou seja primeiro a família, depois eu ...depois isto!Por enquanto vou trabalhar, até porque isto já ficou um bocado comprido de mais. Uma coisa já era certa, ia ter poucas visitas, mas se escrevo textos deste tamanho o mais certo é que a única visitante seja mesmo eu!

8.6.07

Thinking Hour


A revista Saber Viver publicou na sua edição de Maio um artigo que reflecte tal e qual uma das minhas principais características: o matutanço. É precisamente um artigo baseado num estudo que mostra que as mulheres pensam demais. Não que pensem mal ou que devam pensar menos, pura e simplesmente passam tempo de mais a matutar em cada pormenor e detalhe da sua vida.
Pessoalmente, identifico-me 100% com este síndroma e com as consequências que este estudo mostra. O artigo basea-se num livro escrito por uma psicóloga da Universidade de Yale, chamada Susan Nolen-Hoeksema, e chama-se precisamente "Mulheres que Pensam Demais".

Vejam só o que ela diz sobre pensar demais:

«Pensar demais torna a vida mais difícil - o stress que enfrentamos parece maior, temos menos probabilidade de encontrar boas soluções para os nossos problemas e a nossa reacção a esse stress será, provavelmente, mais duradoura e intensa.»

O artigo da Saber Viver diz ainda (e eu concordo plenamente) que «O pensamento excessivo prejudica as relações com os outros, impede-nos de perceber o que podemos fazer para melhorá-las e pode contribuir para o desenvolvimento de ansiedade, depresssão ou alcoolismo. (...) Bloqueia a capacidade de encontrarmos soluções para os problemas, enfraquecendo a nossa autoconfiança

É isto! Isto é a fonte de todas as minhas inseguranças psicológicas. É com esta teoria que eu finalmente consigo identificar a minha personalidade. Sempre soube que pensava demais. Mesmo quando não sabia, alguém fazia questão de mo lembrar. É bom saber que alguém passou 20 anos a estudar este assunto e que, de facto, parece ser um problema generalizado das mulheres.

A alusão ao alcoolismo é novamente referida no artigo, mas desta vez falando de comida. Porque é evidente que uma pessoa que não consegue parar de se preocupar com um remoínho de coisas que provavelmente nem controla, procure um subterfúgio externo no qual se possa "afogar".
Eu sei que foi por essa experiência que eu passei, e o meu alcóol eram bolachas, bolachas e mais bolachas. Vi na comida uma maneira de me enterrar cada vez mais, de ficar cada mais infeliz, de pensar cada mais na minha infelicidade e de comer ainda mais para ver se me esquecia disso tudo.
É também ao ver isto que compreendo que essa infelicidade não veio do fim da minha relação com o André. Era uma situação pela qual eu já estava a passar há uns meses, mas que pura e simplesmente não conseguia interpretar, por muito que pensasse. E pensava muito.
Claro que o principal conselho que o artigo dá é: NÃO PENSE TANTO!
E também é claro que eu sei que é esta a maneira de se ser mais feliz, mais leve. Tenho aplicado isto no meu dia-a-dia e é bom verificar que muitas vezes um simples sorriso nos pode resolver muito mais problemas do que horas a pensar neles.
O artigo fala de pausas, de momentos ao longo do dia, nas quais os problemas não podem entrar. Fala de hobbies, de desporto, de voluntariado. Já sabemos tudo isto.
O que eu nunca tinha pensado era na ideia do Thinking Hour. Parece-me genial. Naqueles momentos em que não conseguimos evitar as preocupações, o ideal é parar um bocadinho e ficar a pensar nelas até se ter encontrado uma solução. Agendar um momento específico de vez em quando e libertar a cabeça de tudo o que nos preocupa ao longo do dia.
Concordo com isto porque acho que muitas vezes os problemas que permanecem são aqueles que se calhar precisavam que eu me sentasse a uma mesa com eles à frente e os resolvesse rapidamente.
Um exemplo fútil e absolutamente estúpido é o exemplo da roupa. Esta noite vou a um concerto e quero estar linda para determinada pessoa. Este linda é subjectivo porque de facto se trata apenas de um concerto e eu não posso ir vestida como quem vai para um jantar de gala, apesar de me favorecer mais. Portanto quero ir com roupa adequada a um ambiente rock, no entanto quero que algo em mim sobressaia para que essa pessoa repare como eu estou gira. No entanto, sei que não fico muito gira de ténis, preferia ir com outro tipo de sapatos. Mas o concerto é num descampado e hoje não está muito bom tempo, ir de sandálias ou de saltos seria ridículo.
Apesar de fútil, estes pormenores e muitos, muitos outros têm passado o dia a martelar-me a cabeça. Para dizer a verdade já ontem pensava nisto. O que me aconselham é a parar uns minutos e tomar a decisão aqui e agora! Ver as minhas hípóteses e decidir "vou vestir isto, com isto e com estes sapatos". Podem-se perder uns minutos mas rapidamente é menos um problema que fica na cabeça ao longo do dia. Vou começar a aplicar esta sugestão no meu dia-a-dia.
Outro conselho genial já eu estou a aplicar há uns tempos: Escrever! Dizem que é um bom método para "exorcizar" os pensamentos e quem sabe ganhar consciência de quão ridículos eles podem ser. I agree.
Gostei muito deste artigo. No final tem esta lista de 12 conselhos para não deixar que os pensamentos tomem conta da minha cabeça e, consecutivamente, da minha felicidade. Decidi pô-los aqui, assim como a parte do artigo que achei relevante, precisamente para me poder lembrar sempre que precisar.
Aliás, não será isto um dos passos para levar a vida menos a sério?
Vamos ver como corre o concerto.

6.6.07

O sistema solar



Hoje decidi interessar-me pelo sistema solar porque era o artigo de referência do dia de hoje na página inglesa do Wikipedia.org.

De facto, há pequenos pormenores que faz falta saber para o bem da nossa cultura geral. Verdade seja dita, não me lembro bem da ordem de todos os países do sistema solar. Já que consigo decorar os estados dos EUA em que há cidades chamadas Lisbon, acho que também consigo decorar coisas bem mais simples.
Mas vá lá, ao nível de ciências da natureza sempre estou melhor que certas pessoas que conheço, que acham que os meridianos vão na diagonal (e não na vertical), que a terra não é redonda e anda à volta da lua.

Portanto, o Sistema Solar é constituído pelo meu amado sol, por 8 planetas e por nada mais nada menos que 165 luas conhecidas. Isto para não falar nos asteróides e nos vários objectos que possam andar por aí desconhecidos.
Todos os planetas, à excepção do nosso, têm nomes de deuses da mitologia greco-romana.
O primeiro grupo (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) é constituído por planetas telúricos, ou seja, constituídos por rocha e silicatos. Têm poucas ou quase nenhumas luas e não têm quaisquer anéis.O segundo grupo (Júpiter, Saturno, Urano e Nepturno) é o dos planetas gasosos que são também considerados planetas colossais.O último grupo é o dos planetas anões, que são Céres, Plutão e Éris. São chamados assim por serem pequenos planetas que fazem parte do Sistema Solar e que têm massa suficiente para terem gravidade, apesar de não "libertarem" o espaço à volta da sua órbita.

Então os planetas que giram à volta do Sol são, por ordem de proximidade:

1. Mercúrio
O planeta mais próximo do Sol é também o mais pequeno planeta do Sistema Solar.
2. Vénus
Vénus tem um tamanho bastante semelhante ao da Terra mas é bastante mais seca e a sua atmosfera é 90 vezes mais densa. É o planeta mais quente, com temperaturas que rondam os 400º, provavelmente devido aos gases presentes na sua atmosfera.
3. Terra
A Terra é o planeta maior e mais denso dos quatro planetas telúricos e o único onde se crê que haja vida.
4. Marte (até aqui eu sabia de cor)
Marte é mais pequeno que a Terra e que Vénus. Tem dois pequenos satélites que se acreditam que sejam asteróides captados pela sua gravidade.
5. Júpiter
Composto maioritariamente por hidrogénio e hélio. Tem 63 satélites conhecidos até à data e os 4 maiores têm características semelhantes ao planeta Terra, como os vulcões e o aquecimento interno. Ganymede, o maior de todos os satélites de Júpiter, é maior que o planeta Mercúrio.
6. Saturno
Conhecido pelo seu gigante sistema de anéis, o único visível da Terra, Saturno tem 55 planetas satélites. Dois deles, Titã e Enceladus, mostram sinais de actividade geológica, apesar de serem maioritariamente compostos por gelo. Titã também é maior que o planeta Mercúrio.
7. Urano
É o mais leve dos planetas externos e tem "apenas" 27 satélites conhecidos.
8. Neptuno
É ligeiramente mais pequeno que Urano apesar de ser mais denso. Dos seus 30 planetas satélites, Tritão é o mais conhecido por ser geológicamente activo.
9. Ceres
É o planeta anão mais pequeno do Sistema Solar.
10. Plutão
É o segundo maior planeta anão do Sistema Solar e foi durante muito tempo considerado um planeta.
11. Éris
É o maior dos planetas anões e o nono maior planeta do Sistema Solar. Foi apenas descoberto em 2005.
Há muitas outras maravilhas para saber acerca do Sistema Solar e sem as quais não se consegue compreender verdadeiramente a distância e a natureza destes planetas. Mas, de facto, já vai além da minha área de interesse!

Ausonia. Muito segura, muito mulher.

Pode parecer parvo mas realmente há anúncios que comunicam connosco.

Eu sou uma consumidora de publicidade, de comunicação. Não tanto de marketing. Eu consumo avidamente o conceito que as marcas me transmitem. Não preciso de experimentar para saber que certos produtos nunca vou consumir. Não são para mim, não têm nada a ver comigo. Se calhar até são melhores que os que eu consumo mas para mim isso não é suficiente.
Este anúncio comunica comigo. Tanto o da televisão como esta página (que nunca tinha visto até hoje, até porque não folheio tantas revistas quantas gostaria). A verdade é que não comunica comigo no patamar em que a empresa gostaria que comunicasse. De facto, quando for comprar pensos higiénicos se calhar não vou comprar Ausonia (ou talvez agora já compre, porque estou a escrever este texto e já não me vou esquecer). Mas a verdade é que ainda ontem comprei pensos, e comprei da marca Pingo Doce!

Mas esta publicidade, mesmo assim, comunica comigo num patamar mais pessoal. Como se o conceito fosse o ideal para mim, mas infelizmente está associado a um dos poucos produtos que eu não escolho meticulosamente.
O anúncio diz-me tudo! E se eu não levasse a vida tão a sério? E se eu relaxasse?
Na televisão, ela está prestes a sair de casa toda arranjada, vestida como uma princesa séria e sem graça, quando de repente tem um desvario de loucura e rasga o vestido, tira os collants, solta o cabelo... e fica imediatamente 100 anos mais nova. É isto que vejo nesta página. Vejo liberdade, vejo uma pessoa livre, mais leve, feliz!
E é isso que eu preciso!
Já chega de pessoas que só me deprimem. Pessoas que me fazem pensar tantas vezes antes de responder, com medo de não dizer tal e qual o que elas esperam de mim! Já chega!
Sinto uma necessidade tão grande de gritar, de me libertar dos preconceitos que me amarram a tudo o que "é suposto" eu ser. E se eu decidir que o que eu quero ser é diferente? E se eu não me importar de não seguir os trilhos que foram traçados para mim? Não estou nesse direito?
Claro que estou! Sou adulta, independente, inteligente, morena, alta e tenho tanto, tanto para dar ao mundo!
Adoro ler, sou culta, sei conversar e tenho tema de conversa. Sou tímida q.b. mas nada que afaste as pessoas que me rodeiam. Tenho umas mãos bonitas (e uns pés também, quando não estão inchados), orelhas de abano que fazem as delícias de toda a gente e um cabelo forte e saudável que tanto pode estar liso como encaracolado.
Falo inglês e francês, arranho espanhol, adoro televisão, cinema, actores. Até sou fã do site people.com só mesmo porque Hollywood me fascina! Sim fascina-me e isso não faz de mim uma pessoa fútil, só curiosa!
Sei que quero casar e ter filhos, quero adorar os meus bebés e quero que eles me adorem como eu sempre adorei a minha mãe. Mas não quero cometer os mesmos erros que ela, que me transformou numa pessoa insegura a boiar num mar de expectativas e ilusões, de promessas impossíveis de cumprir e de sonhos que nem sei se algum dia vou conseguir alcançar. Quero que os meus filhos tenham espaço para se definir a eles próprios, para construir a sua própria personalidade e para crescerem da melhor maneira possível.
Adorava ter um jipe ou um monovolume para os transportar a todos, aos gritos e a cantar músicas infantis aos berros.
Tenho tanto cá dentro...
Porque é que isto não é suficiente para fazer de mim uma pessoa relaxada e mais à vontade com o mundo e comigo própria?!
Tenho que me soltar!
E se EU não levasse a vida tão a sério?
Vou tentar, mas sem pensar de mais no assunto, porque é do pensar tanto que vem a constante matutação, e é da constante matutação que vem a falta de descanso interior. E é isso mesmo que eu sinto tantas vezes, é cansaço... Ando cansada de interpretar tudo tantas vezes, de ter que pensar tantas vezes no que sinto e se o que sinto é bom ou mau para mim e para o meu futuro.
Tenho que viver o presente.

5.6.07

Lisboa ...por onde andas?


Estamos em constante aprendizagem ao longo da vida. E ainda bem que assim é porque quem já não aprende nada diariamente é uma pessoa que está disposta a ficar para trás. Uma pessoa que se deixa morrer um bocadinho. Que perde a oportunidade de eventualmente ter alguma coisa útil para dizer, uma novidade para partilhar. Tudo pode mudar com a conversa certa, no momento certo. Mas se não aprendo, se não procuro, se não pesquiso, com que naturalidade é que consigo ter uma conversa?

E é neste espírito empreendedor que dou por mim muitas vezes a procurar temas interessantes. Esta manhã, ao pesquisar o tempo no website da CNN, reparei que não existe apenas uma cidade de Lisboa, mas sim 10! E esta?

1. Lisbon, New York
Diz-se que a cidade de Lisbon no estado de Nova Iorque recebeu originalmente o nome da capital de Portugal. Fundada em 1799, tem hoje cerca de 4.000 habitantes. Situa-se a norte do Estado de Nova Iorque, na região de St. Lawrence, mesmo à beira do rio com o mesmo nome que é a fronteira oficial dos Estados Unidos com o Canadá.

Um pouco história:
De acordo com site oficial desta cidade, perto de 1749 já muitas das zonas à volta do rio St. Lawrence tinham já sido ocupadas pelos franceses que estavam instalados no Canadá. Havia várias disputas entre ingleses e franceses para dominarem o rio mas só perto de 1799 é que Andrew O'Neill, um irlândes que morava no Canadá, atravessou o rio e se instalou a sul da fronteira.
Ironicamente, o website que contém uma longa e detalhada história desta cidade não faz qualquer referência à origem do seu nome.

2. Lisbon, Maryland
No estado de Maryland, a norte de Washington DC, encontra-se a cidade de Lisbon. Também existem referências de ter sido nomeada de acordo com a nossa querida Lisboa.
É impressionante como se consegue encontrar tudo em relação a uma cidade, incluindo todos os restaurantes, hotéis, cemitérios e mesmo número de pessoas que lá estão enterradas, mas nem uma referência histórica!
Os Estados Unidos são realmente um país com uma cultura diferente, sem um passado tão relevante quanto o nosso, que nos define e nos dá orgulho. Eles estão virados para o futuro, para a prosperidade crescente, se calhar é assim que nós também devíamos ser...

3. Lisbon, New Hampshire
Fundada em 1763, esta cidade de Lisbon encontra-se no estado de New Hampshire, nos EUA. Tem uma população de apenas 1857 habitantes.
Inicialmente chamou-se Concord, mais tarde Chiswick, Rumford e ainda Gunthwaite. O nome Lisbon foi-lhe dado em 1824 pelo Governador Levi Woodbury porque um amigo seu tinha sido cônsul em Portugal!
É nesta cidade de Lisbon que se organiza um festival anual chamado Lilac Festival, no fim-de-semana do Memorial Day.

4. Lisbon, Ohio
Na região de Columbiana, no estado de Ohio, encontra-se mais uma cidade chamada Lisbon, com cerca de 2.788 habitantes. Foi fundada perto de 1800 com o nome original de New Lisbon Village, só em 1803 foi "promovida" a Lisbon.
Esta cidade destaca-se por ter sido a primeira na sua região a ter um banco e uma companhia de seguros, assim como por ter sido durante muito tempo o centro de todo o tipo de actividades económicas.

5. Lisbon, Maine
Desta vez esta cidade de Lisbon já tem cerca de 9.077 habitantes! No estado do Maine na região de Androscoggin, foi fundada em 1628. É a terceira maior cidade da sua região e tem cerca de 100.000 habitantes na sua "área metropolitana".
Aparentemente, o lema desta cidade é: "A great place to live and do business".

6. Lisbon, North Dakota
No estado de North Dakota, mais propriamente na região de Ransom, está a sexta cidade de Lisbon. Fundada em 1880, tem actualmente apenas 2.292 habitantes.
O lema da cidade é bom o suficiente para ganhar um prémio de publicidade: "Large enough to serve you... small enought to know you!". Adoro. Dizem ser uma cidade que junta o melhor de dois mundos: a paz e o sossego de uma pequena cidade no campo mas com as conveniências e crescentes modernizações do mundo moderno. A verdade é que pelas fotografias parece uma daquelas cidades de cowboys onde só há uma rua.

7. Lisbon Falls, Maine
Mais uma vez no estado do Maine, há uma terra chamada Lisbon Falls, e pertence ao distrito da cidade de Lisbon, da qual já falei no ponto nº5.
Tem cerca de 4.420 habitantes e tem também o seu nome graças à capital portuguesa desde 1802. Antes disso, desde a sua fundação em 1799, pertencia a uma região chamada Thompsonborough (Lisbon é mais fácil...).
Foi nesta cidade que o grande Stephen King andou no liceu e aparentemente "Castle Rock", um dos locais de terror que ele usou em muitas das suas histórias, também será em Lisbon Falls.

8. Lisbon, Iowa
Com apenas 1.800 habitantes, esta cidade de Lisbon situa-se na região de Linn, no estado de Iowa. É uma cidade anexa à cidade de Mount Vernon.
Fundada em 1838, foi conhecida até cerca de 1850 por Yankee Town. Só mais tarde o seu nome mudou para Lisbon em homenagem a... imagine-se... à cidade de Lisbon em Ohio, cidade natal do mercador fundador desta oitava Lisbon! Que lata...

9. Lisbon, Louisiana
Desta vez não temos uma cidade mas sim uma aldeia com apenas 162 habitantes. Encontra-se no estado de Louisiana, integrada na Paróquia de Claiborne.



10. Lisboa, Portugal
Por fim, mas não em último lugar, chega-nos a nossa querida e amada Lisboa. É, sem dúvida, a cidade que deu origem aos nomes que se espalharam pelas Américas, mesmo que actualmente essas origens já não sejam reconhecidas.
Com mais história, mais amor, mais carisma que as outras 9 cidades juntas, à beira do Mediterrâneo e uma porta de entrada para a Europa, vai ser sempre a nossa, a única, a verdadeira Lisboa.

1.6.07

O vazio

O que é este sentimento que às vezes se apodera de mim e me assola totalmente? Esta onda de tristeza que me deita abaixo e me dá vontade de acabar com tudo na minha vida?

Uma dor sem princípio nem fim, provavelmente até sem razão. Se tem razão, eu desconheço-a. Mas é grande, tão grande! Maior que eu. Não só me enche como me rodeia, fica à minha volta e cola-se a tudo o que vejo, tudo o que faço, tudo em que toco.

E a partir desse momento, como que tocado pela peste, tudo o que eu faço corre mal. Se escrevo, dou erros; se jogo, perco; se falo, digo asneiras.

E não há hipóteses de passar e não há maneira de fazer com que esta bola negra pare de crescer dentro do meu coração. Ela cresce e cresce, deixando-me um vazio cada vez maior cá dentro. É como um vácuo que suga tudo o que eu queria sentir, tudo o que me dá esperança num dia normal, tudo o que me alegra e faz de mim quem sou.

Normalmente passa sozinha, a depressão. Como passa não sei. Acho que me esqueço na altura em que fica tudo bem e deixo de dar importância ao assunto. Sei que vai voltar, sei que vai passar, só espero que não fique nunca. Porque sempre que estou assim, penso que não há hipótese nenhuma de algum dia me vir a sentir melhor.

Fico com esta letargia enorme, esta incapacidade de produzir o que quer que seja. Um sono tão grande que me faz sonhar e sonhar com a minha almofada (não é verdade que é só ela que sabe o que eu sinto?). Uma vontade, sim uma vontade maior que tudo, de abandonar tudo o que estou a fazer e ir dormir. Dormir e dormir, fechar os olhos e sonhar.

Sonhar com o que eu gostaria que acontecesse, sonhar com pessoas que eu gostaria que aparecessem mas que nem me falam. Sonhar com momentos, com lugares, com conversas. Com coisas que se calhar até acontecem no meu dia-a-dia se eu não me deitar e não adormecer, mas tenho tanto sono...

E sinto-me indefesa. Vulnerável. Qualquer pequeno murrinho brincalhão, sinto-o como um soco no estomâgo que me deixa de rastos. Uma vencida.

E então assola-me um medo enorme desse soco tremendo e escondo-me. Escondo-me das pessoas, escondo-me de ti e escondo-me de mim. Prefiro não falar com ninguém e não fazer nada, para que não corra tudo mal.

Uma voz cá dentro diz-me que tenho que reagir, que se me levantar e me começar a mexer isto vai passar. Eu até sei que é verdade. Sei que tenho que entrar na minha rotina, e que me descubro nos meus próprios gestos. E é aí que tudo passa!

Agora lembro-me! Tenho que continuar. Ter força e continuar.
Não posso adormecer nem confiar apenas na almofada. Tenho que me apoiar a quem me rodeia e continuar com o que me dá alento. Não ficar parada! Obrigado por me teres voltado a lembrar disto! Já consigo sorrir!

Não posso ser uma vencida, tenho tanto para dar! Tanto para ser! Só tenho que ter esperança que o futuro vai ser melhor que o presente e, até lá, ser o melhor que conseguir em cada dia que viva.

Tenho que começar por fazer os pequenos gestos automáticos que me guiam diariamente, e é no meio desses momentos que me vou esquecer das coisas que estão mal.
Beber a água às horas de beber a água (é sempre hora de beber água!), lanchar daqui a uma hora e meia e ir fazer exercício quando o dia acabar. Sair do ginásio, tomar banho e ir jantar a casa da avó. Depois? Está nas mãos da minha companhia, a ela vou confiar a minha vida.

E se a depressão voltar, até porque acho que ainda nem se foi embora, só tenho que me lembrar destes passos.
Se não os esquecer cumpro-os. Pode ser sem vontade, pode ser calada e soturna, mas tenho que os cumprir. E é sempre no meio deles que aparece alguém ou alguma coisa que me vai fazer sorrir. Seja porque o lanche estava delicioso (e está sempre delicioso), seja porque alguém foi mais simpático, seja mesmo porque consegui correr mais uns minutos que o normal!

E nesse momento vou-me esquecer deste. Vou-me esquecer da altura em que planeei o dia todo. E aí sim, vou continuar com o meu dia por ser o dia que me apetece viver e não porque marquei ao pormenor cada coisa. E aí sim, vou poder alterar os meus planos se quiser, porque sou senhora do mundo, senhora de mim e faço o que quero.

Como se me recompensasse a mim própria por estar bem.

Obrigado por me teres lembrado da cura, ainda bem que a escrevi!