É impressionante a mistura de pessoas num país em que a maioria muçulmana se mistura com magotes e magotes de chineses e indianos. As ruas são um caos e uma cacafonia mas, de uma maneira inexplicável, não há opressões religiosas nem raciais, parecendo mesmo que esta coexistência faz todos o sentido.
No ano em que o país festeja 50 anos de independência dos ingleses, todos os monumentos estão ornamentados e decorados e o turismo é fomentado como nunca. Fomos muito bem recebidos. Nada em comparação com a China ou Macau, onde os chineses são uns antipáticos e preferem que nem cá estejamos. Em Kuala Lumpur toda a gente sorri, toda a gente fala inglês e chegamos ao ponto de andar na rua e ouvirmos gritos a dizer “Welcome to Malaysia!”.
Chegámos na 6ª-feira já tão tarde que fomos directos para o hotel. A um quarteirão das Petronas, o Quico e a Maria instalaram-nos num fabuloso hotel de 5 estrelas chamado Renaissance, que era um verdadeiro luxo.
Sábado o dia começou em grande com um pequeno-almoço que foi tão bom que até tenho vergonha de escrever a quantidade de waffles e panquecas que comi, acompanhadas de omoletes (o dicionário diz que é omoletas mas soa tão, tão mal que prefiro escrever de forma errada) feitas à medida de quem quer e tudo o que se possa pedir ou imaginar.
Fomos passear pela cidade, almoçámos comida bem picante e passámos a tarde a passear ainda mais e a fazer bastantes compras.
De regresso ao hotel, já absolutamente de rastos e a cair para o lado com a caloraça insuportável e com a humidade inimaginável para um corpinho europeu como o nosso, fui dar um mergulho à chuva na piscina do quarto andar.
O jantar foi, até à data, o melhor jantar da viagem. Fomos a um restaurante malaio absolutamente espectacular chamado Banji onde se comeu lindamente. Entre comida muito picante e comida picantemente tolerável passámos um serão para lá de agradável (rimei!). Depois do jantar fomos a um bar de sonho, mas tão de sonho que se existisse alguma coisa assim em Lisboa acho que nunca sairia de lá. No 34º andar de um hotel, à volta de uma piscina magnífica e virado para as Petronas que iluminavam a cidade inteira e que estavam posicionadas precisamente debaixo da lua cheia. Depois do bar, onde ainda estivemos um bocado, era hora de ir para o hotel. As senhoras queriam apanhar um táxi, seja porque tinham sapatos muito chiques e incómodos, seja porque tinham bebés de 7 meses dentro das barrigas.
Mas a mim não, apetecia-me ir a pé e lá fui eu com o Quico e o meu pai num passeio bem agradável, porque à noite o calor já ficava mais suportável.
De uma forma difícil de explicar, foi bom estarmos os 3 juntos. Se calhar nem tivemos nenhuma conversa que valha a pena recordar ou nem dissemos nada que passasse o limite do banal, mas fez estranhamente lembrar uma tarde qualquer passada em casa, com conversa de circunstância e bom ambiente. Até porque (verdade seja dita!), bom ambiente, tarde em casa e Quico e eu não foram factores muito fáceis de conjugar bastantes vezes!
Mas como não há bela sem senão, quando já estávamos mesmo a chegar ao hotel, o pai João pôs o pé num buraco que, tapado de folhas, parecia só um típico azulejo do chão em falta, tão frequente naquele país ainda com tanto por desenvolver, incluindo ter ruas arranjadas. Mas não é que não era apenas isso? Na verdade, era um buraco bem fundo (cerca de 20 cm!) e com um cano atravessado onde o meu pai tropeçou, caindo no meio do chão. Também nesse buraco, o sapato acabou por cair e o meu pai cortou-se/bateu em algo que nunca vamos saber o que é e ficou cheio de dores, além de ter visivelmente o joelho da perna que não tinha caído no buraco com uma bela ferida e calças rasgadas.
Fomos para o hotel tão rápido quanto nos permitia o passo de um pai cheio de dores na ponta do pé mas que não queria admitir!
Concluindo, que isto já se alonga: no hotel pedi um First Aid Kit e trouxeram-me dois adesivos!! O meu pai foi para uma clínica, da qual o levaram para o hospital onde se conclui que partiu o dedão do pé. Maldito buraco. Voltou pelas 4 da manhã com o dedo do pé tão ligado que parece um ovo cozido. Os próprios médicos disseram que a única hipótese de andar era comprar uns Crocs. E pára tudo! O pai da Rita tem uns Crocs! Põe-se seriamente a hipótese de nunca mais se lhe dirigir a palavra na vida inteira!
Na manhã seguinte (Domingo) fomos visitar as Petronas, que são absolutamente espectaculares. O meu pai não foi, claro está. Subimos até à Sky Bridge, que é a pequena ponte que as une no andar 40 e tal e pela qual o Sean Connery e a Catherine Zeta-Jones fogem no filme A Armadilha. As Petronas são as torres gémeas mais altas do mundo (e sim, sempre foram, mesmo antes de 2001) e até 2003 eram mesmo os edifícios mais altos do mundo. É impressionante ver o moderno aliado à arquitectura marcadamente islâmica, presente no formato em estrela das torres e em todo o interior. É mesmo um mundo à parte. Evidentemente que apesar de parte de mim e da Maria estar maravilhada com a vista, com a arquitectura, com as Petronas e com os elevadores que sobem um andar por segundo, outra parte já estava a sonhar com o momento em que a visita guiada acabasse para irmos ao Centro Comercial de luxo dos primeiros andares onde já sabíamos que íamos encontrar uma Top Shop. Foi a loucura. Foi bem mais do que eu estava à espera… e eu não sou muito de compras, juro! Mas estava mesmo ansiosa por ver a loja da Kate Moss e a verdade é que entre essa primeira visita e outra escapadela que fiz sozinha ao fim do dia ainda lá deixei cerca de 800 ringuits… prefiro não dizer quanto é em euros.
O Quico e a Maria tiveram que voltar para Macau essa tarde e nós fomos para o hotel onde o pai João estava sozinho com o seu grande dedo do pé à espera dos seus novos Crocs azuis. O dedo coube lá dentro (abençoados Crocs!) e fomos almoçar ao Hard Rock, mesmo à frente do fatídico buraco, e passámos o resto do dia na piscina e a dormitar pois o paizão não se conseguia mexer.
Fomos jantar a um restaurante muito louco chamado Old China Café que tinha comida de todo o sudeste asiático e parece-me que depois desta viagem nunca mais volto a por os meus pezinhos num restaurante chinês em Portugal, porque não têm mesmo comparação.
Hoje decidimos fazer um city tour de manhã, pois seria o melhor programa para vermos o que faltava da cidade sem termos que andar muito a pé. Foi muito giro, fomos numa mini-van só com um coreano e o nosso guia malaio e conseguimos ver tudo o que havia para ver, até vimos o rei a passar de carro! Acabámos por andar imenso à mesma, mas não fez mal.
Chegados ao hotel fomos para o aeroporto e agora cá estou em Macau.
Não estudei nada, aliás nem me enganei a mim própria ao ponto de levar os livros comigo e estou em pânico de ir ligar o computador do meu irmão e ver quantos mails tenho. Na 6ª-feira tinha 120 e ao ritmo a que os meus estimados colegas escrevem, que com certeza não têm nada que fazer durante os seus dias de trabalho, já devo ir nos 700. É absolutamente deprimente.
Amanhã temos um almoço très chique cujo nome não me lembro mas sei que é uma refeição típica chinesa. Vai ser no casino Wynn que é espectacular por fora e é o almoço de anos de um amigo dos meus pais que está agora em Macau a visitar a filha que, por acaso, também é amiga do Quico e da Maria.
Decidi que vou passar a manhã em casa a dedicar-me à minha caixa de e-mails e ao maldito e-forum de e-marketing que é uma e-chatice de todo o tamanho.