29.10.07

Broken Toe

A Malásia foi um sonho. Aliás a Malásia, toda ela, deve ser um sonho. Mas Kuala Lumpur é sem dúvida uma cidade única.
É impressionante a mistura de pessoas num país em que a maioria muçulmana se mistura com magotes e magotes de chineses e indianos. As ruas são um caos e uma cacafonia mas, de uma maneira inexplicável, não há opressões religiosas nem raciais, parecendo mesmo que esta coexistência faz todos o sentido.
No ano em que o país festeja 50 anos de independência dos ingleses, todos os monumentos estão ornamentados e decorados e o turismo é fomentado como nunca. Fomos muito bem recebidos. Nada em comparação com a China ou Macau, onde os chineses são uns antipáticos e preferem que nem cá estejamos. Em Kuala Lumpur toda a gente sorri, toda a gente fala inglês e chegamos ao ponto de andar na rua e ouvirmos gritos a dizer “Welcome to Malaysia!”.

Chegámos na 6ª-feira já tão tarde que fomos directos para o hotel. A um quarteirão das Petronas, o Quico e a Maria instalaram-nos num fabuloso hotel de 5 estrelas chamado Renaissance, que era um verdadeiro luxo.

Sábado o dia começou em grande com um pequeno-almoço que foi tão bom que até tenho vergonha de escrever a quantidade de waffles e panquecas que comi, acompanhadas de omoletes (o dicionário diz que é omoletas mas soa tão, tão mal que prefiro escrever de forma errada) feitas à medida de quem quer e tudo o que se possa pedir ou imaginar.
Fomos passear pela cidade, almoçámos comida bem picante e passámos a tarde a passear ainda mais e a fazer bastantes compras.

Nós as 4 na Mesquita Nacional

Finalmente ia com alguém que, como eu, via uma loja e queria logo entrar! Começou a época de compras e não me parece que vá parar até sair da Ásia.
De regresso ao hotel, já absolutamente de rastos e a cair para o lado com a caloraça insuportável e com a humidade inimaginável para um corpinho europeu como o nosso, fui dar um mergulho à chuva na piscina do quarto andar.
O jantar foi, até à data, o melhor jantar da viagem. Fomos a um restaurante malaio absolutamente espectacular chamado Banji onde se comeu lindamente. Entre comida muito picante e comida picantemente tolerável passámos um serão para lá de agradável (rimei!). Depois do jantar fomos a um bar de sonho, mas tão de sonho que se existisse alguma coisa assim em Lisboa acho que nunca sairia de lá. No 34º andar de um hotel, à volta de uma piscina magnífica e virado para as Petronas que iluminavam a cidade inteira e que estavam posicionadas precisamente debaixo da lua cheia. Depois do bar, onde ainda estivemos um bocado, era hora de ir para o hotel. As senhoras queriam apanhar um táxi, seja porque tinham sapatos muito chiques e incómodos, seja porque tinham bebés de 7 meses dentro das barrigas.
Mas a mim não, apetecia-me ir a pé e lá fui eu com o Quico e o meu pai num passeio bem agradável, porque à noite o calor já ficava mais suportável.
De uma forma difícil de explicar, foi bom estarmos os 3 juntos. Se calhar nem tivemos nenhuma conversa que valha a pena recordar ou nem dissemos nada que passasse o limite do banal, mas fez estranhamente lembrar uma tarde qualquer passada em casa, com conversa de circunstância e bom ambiente. Até porque (verdade seja dita!), bom ambiente, tarde em casa e Quico e eu não foram factores muito fáceis de conjugar bastantes vezes!
Mas como não há bela sem senão, quando já estávamos mesmo a chegar ao hotel, o pai João pôs o pé num buraco que, tapado de folhas, parecia só um típico azulejo do chão em falta, tão frequente naquele país ainda com tanto por desenvolver, incluindo ter ruas arranjadas. Mas não é que não era apenas isso? Na verdade, era um buraco bem fundo (cerca de 20 cm!) e com um cano atravessado onde o meu pai tropeçou, caindo no meio do chão. Também nesse buraco, o sapato acabou por cair e o meu pai cortou-se/bateu em algo que nunca vamos saber o que é e ficou cheio de dores, além de ter visivelmente o joelho da perna que não tinha caído no buraco com uma bela ferida e calças rasgadas.
Fomos para o hotel tão rápido quanto nos permitia o passo de um pai cheio de dores na ponta do pé mas que não queria admitir!
Concluindo, que isto já se alonga: no hotel pedi um First Aid Kit e trouxeram-me dois adesivos!! O meu pai foi para uma clínica, da qual o levaram para o hospital onde se conclui que partiu o dedão do pé. Maldito buraco. Voltou pelas 4 da manhã com o dedo do pé tão ligado que parece um ovo cozido. Os próprios médicos disseram que a única hipótese de andar era comprar uns Crocs. E pára tudo! O pai da Rita tem uns Crocs! Põe-se seriamente a hipótese de nunca mais se lhe dirigir a palavra na vida inteira!

Na manhã seguinte (Domingo) fomos visitar as Petronas, que são absolutamente espectaculares. O meu pai não foi, claro está. Subimos até à Sky Bridge, que é a pequena ponte que as une no andar 40 e tal e pela qual o Sean Connery e a Catherine Zeta-Jones fogem no filme A Armadilha. As Petronas são as torres gémeas mais altas do mundo (e sim, sempre foram, mesmo antes de 2001) e até 2003 eram mesmo os edifícios mais altos do mundo. É impressionante ver o moderno aliado à arquitectura marcadamente islâmica, presente no formato em estrela das torres e em todo o interior. É mesmo um mundo à parte. Evidentemente que apesar de parte de mim e da Maria estar maravilhada com a vista, com a arquitectura, com as Petronas e com os elevadores que sobem um andar por segundo, outra parte já estava a sonhar com o momento em que a visita guiada acabasse para irmos ao Centro Comercial de luxo dos primeiros andares onde já sabíamos que íamos encontrar uma Top Shop. Foi a loucura. Foi bem mais do que eu estava à espera… e eu não sou muito de compras, juro! Mas estava mesmo ansiosa por ver a loja da Kate Moss e a verdade é que entre essa primeira visita e outra escapadela que fiz sozinha ao fim do dia ainda lá deixei cerca de 800 ringuits… prefiro não dizer quanto é em euros.
O Quico e a Maria tiveram que voltar para Macau essa tarde e nós fomos para o hotel onde o pai João estava sozinho com o seu grande dedo do pé à espera dos seus novos Crocs azuis. O dedo coube lá dentro (abençoados Crocs!) e fomos almoçar ao Hard Rock, mesmo à frente do fatídico buraco, e passámos o resto do dia na piscina e a dormitar pois o paizão não se conseguia mexer.
Fomos jantar a um restaurante muito louco chamado Old China Café que tinha comida de todo o sudeste asiático e parece-me que depois desta viagem nunca mais volto a por os meus pezinhos num restaurante chinês em Portugal, porque não têm mesmo comparação.

Hoje decidimos fazer um city tour de manhã, pois seria o melhor programa para vermos o que faltava da cidade sem termos que andar muito a pé. Foi muito giro, fomos numa mini-van só com um coreano e o nosso guia malaio e conseguimos ver tudo o que havia para ver, até vimos o rei a passar de carro! Acabámos por andar imenso à mesma, mas não fez mal.
Chegados ao hotel fomos para o aeroporto e agora cá estou em Macau.
Não estudei nada, aliás nem me enganei a mim própria ao ponto de levar os livros comigo e estou em pânico de ir ligar o computador do meu irmão e ver quantos mails tenho. Na 6ª-feira tinha 120 e ao ritmo a que os meus estimados colegas escrevem, que com certeza não têm nada que fazer durante os seus dias de trabalho, já devo ir nos 700. É absolutamente deprimente.
Amanhã temos um almoço très chique cujo nome não me lembro mas sei que é uma refeição típica chinesa. Vai ser no casino Wynn que é espectacular por fora e é o almoço de anos de um amigo dos meus pais que está agora em Macau a visitar a filha que, por acaso, também é amiga do Quico e da Maria.
Decidi que vou passar a manhã em casa a dedicar-me à minha caixa de e-mails e ao maldito e-forum de e-marketing que é uma e-chatice de todo o tamanho.

26.10.07

Hong Kong

Pode parecer parvo ou mesmo um desperdício do tempo precioso que passo aqui na China mas a verdade é que já passa do meio-dia e ainda estou (estamos!) de pijama. Estávamos todos de rastos e a precisar de dormir e esta foi mesmo a primeira noite em que dormi como deve ser.

Até agora, as noites aqui têm sido o mais difícil.
O calor que durante o dia até é tolerável torna-se bastante mais pesado durante a noite. O ar condicionado do meu quarto faz imenso barulho e da janela não vem uma única aragem. Ainda assim, de todos os sítios do mundo inteiro para se ficar acordado com insónias, a minha cama está, de longe, no melhor de todos. Num 14º andar e num quarto redondo com as paredes de vidro, durmo com a cabeça literalmente no meio de Macau.
As luzes e os barulhos à distância não param a noite toda e é fascinante adormecer com a cabeça no meio da rua. Pelas 7h da manhã tenho que fechar os centímetros de cortinas que tinha deixado levantadas até ao nível da cabeça porque o sol abrazador aparece e aí sim, o meu quartinho com paredes de vidro transforma-se numa verdadeira sauna.

As últimas noites têm sido sempre assim. A acordar, a adormecer, a ver Macau, a ver as horas, a ir à casa-de-banho ou beber água… Sempre a contar os minutos que faltam até me poder finalmente levantar. A ouvir a minha avó acordada do outro lado do quarto mas sem querer falar com ela, porque isso seria admitir que estamos mesmo acordadas e tornaria a situação verdadeiramente insuportável.

Mas esta noite foi diferente.
Depois da loucura do dia de ontem, cheguei a casa e ainda me pus a ver um filme, para ver se ficava mesmo cansada e com sono. Factory Girl, com a Sienna Miller. Não recomendo. Deitei-me e depois de namorar as ruas de Macau durante uns minutos lá adormeci e consegui dormir até às 11h30 da manhã… porque me acordaram!

Hong Kong foi uma loucura. A cidade é linda de morrer, gigante, confusa, mais caótica mas tão, tão mais organizada que Macau. As diferenças são escandalosas e ajudam a trazer Macau ainda mais para trás. É pena ver o que se faz com uma colónia inglesa e com uma colónia portuguesa que, à partida, tinham as mesmas oportunidades para prosperar.
Os arranha-céus são todos um espanto, nunca pensei dar por mim a escolher quais os mais bonitos e quais os mais impressionantes. Subimos num funicular até ao pico de uma montanha e tivemos uma visão geral da ilha de Hong Kong, banhada por quase mais barcos que água, sempre coberta por uma neblina que mais depressa associo a poluição do que a outra coisa qualquer. Por isso mesmo, em HK estão sempre mais 2 graus que em Macau. Impressionante.


O dia, propriamente dito, não posso dizer que tenha corrido lindamente. Passámos o dia inteiro a discutir. Menos a minha avó, claro está. A verdade é que em Macau tenho feito de guia e tenho direccionado as hostes para aqui e para ali, de mapa e guia turístico na mão e tem corrido lindamente. Até já recebi um presente por causa disso.
Mas ontem não me apetecia! O que é que eu podia fazer? Não estava para aí virada! E como ainda vim para a China na condição de filha, apetecia-me um dia em que pudesse ser a menina pequenina que era guiada pelos pais, que lhe diziam para onde ir, quando ir e como ir.
Não tinha um mapa tão prático como o mapa de Macau, o guia do Lonely Planet é gigante e complexo e as páginas de mapas e mapas não ajudam em nada. E eu ainda por cima estava em dia de sonhar, o que só me torna mais apática. Aqueles dias em que acordamos (ou acordo) com um sonho qualquer óptimo na cabeça e em que me apetece ficar o dia inteiro a sonhá-lo e alhear-me da realidade.

Resultado: podia ter corrido melhor. A vida muda, os pais mudam e as viagens já são inevitavelmente diferentes das viagens que fizemos no passado. Para ver o guia já precisam de por e tirar os óculos, para escolher entre a esquerda e a direita já precisam de debater seriamente como se daí fosse depender o sucesso do resto da viagem e, assim sendo, foi uma dia confuso em que acabámos frequentemente chateados uns com os outros.

Mas não vai ser isso que vamos recordar de certeza. A cidade é um sonho e o dia acabou lindamente num bar no 4º andar do Centro Comercial mais chique e mais caro do mundo, que dava directamente para o mar e para a parte de Hong Kong que está no continente (onde tínhamos já ido durante a tarde). Depois de tomarmos um copo nesse bar moderníssimo e digno de nova edição do Lost in Translation, fomos para o Soho jantar a um restaurante Tailandês. O soho é um sonho. As ruas pequenas cheias de gente de todo o mundo, as lojinhas com coisas espectaculares mas ainda assim caras, os restaurantes em quase todas as portas, um de cada nacionalidade. O jantar foi óptimo, picante mas óptimo.

Na China transformei-me de menina esquisita numa pessoa totalmente destemida que não diz que não a nada e prova tudo o que lhe põem à frente. Não quero perder nada de nada.
Agora que paro para pensar nisso, até dou por mim a chegar à conclusão que se calhar essa transformação até já começou há uns tempos.

Concluindo, hoje é dia de ronha. Estamos por casa e vamos ficar a almoçar com o Quico e a Maria que vêm sempre almoçar a casa à hora de almoço. À tarde se calhar até vamos dar uma voltinha mas pelas 18h30 temos que estar no aeroporto da Taipa e lá vamos nós a caminho da Malásia. Apetece-me muito mesmo! Vai ser um fim-de-semana espectacular a vai ser óptimo estar mais tempo com a minha Mary. Não é Mary?
Vou aproveitar as viagens de avião de 4 horas para finalmente pegar nos livros que trouxe e ver se estudo qualquer coisa. Só de pensar nisso…

24.10.07

Feeling Better

Já me sinto melhor. A noite não correu lá muito bem e finalmente percebi que se calhar o Jet Leg não é assim tão psicológico quanto isso!
Acordei com febre mas não havia muito a fazer, não quero perder nem um segundo dos dias cá por isso engoli uns remédios e lá fui para este calor húmido que dá connosco em doidos!
Ontem fui à farmácia para comprar uma espécie de Locabiosol para a garganta porque é o melhor para me tirar as dores e a mulher queria-me vender “Antibiotic! Very good! Los Angeles!!”. A palavra spray era-lhe totalmente desconhecida e acabei por fazer o verdadeiro gesto de apontar para a boca e dizer “Pff! Pfff!!!”. Ela lá percebeu e deu-me algo cheio de símbolos que até tem feito efeito.

Vim para cá com a sensação de que íamos ter tempo para fazer tudo e mais alguma coisa mas agora, não sei como, já temos todos os dias planeados e jantares e almoços marcados para quase todos os dias!
Tem sido muito bom.
Hoje continuámos a passear por Macau e a conhecer as maravilhas (e horrores!) desta cidade. Tem tanto de maravilhoso como de chocantemente horripilante. Há milhares de pessoas que vivem em condições terríveis nos prédios mais feios que há. Ainda assim tudo tem a sua magia e andar pelo meio de ruas a abarrotar de gente, cheios de símbolos luminosos e de bancas que vendem o possível e o impossível é pura e simplesmente um espectáculo.

Hoje visitámos umas zonas do centro da cidade e depois dirigimo-nos para a zona sul onde visitámos o Museu Marítimo e o Templo de A-Ma – a deusa protectora de Macau.
Depois fomos visitar umas das principais zonas de comércio de Macau, na Av. Horta e Costa, onde o rodopio de pessoas é absolutamente inimaginável. Acabámos o dia num jardim lindo, tal e qual como se vê nos filmes sobre a China e viemos para casa cedo porque estamos de rastos. O calor dá cabo de nós!
Hoje vamos jantar a Coloane, que é uma ilha que supostamente era a seguir à ilha da Taipa, mas que agora já foi anexada e está tudo junto. É bem perto.
Amanhã vamos visitar Hong Kong o dia inteiro!! E o Quico e a Maria vão lá ter connosco para jantar.

O que me está a fazer mais impressão é o facto de não haver nem uma pessoa a falar português. Sem contar, claro, com uns quantos portugueses que se cruzam connosco. No entanto, há uma lei (na minha opinião, ridícula) que obriga todas as lojas e estabelecimentos comerciais a terem sinalizações em português até 2049 (altura em que Macau vai passar a fazer parte integrante do território chinês em vez de ser uma região especial). Ou seja, em todo o lado tudo está escrito em português, as pessoas têm placas nas próprias lojas que nem sabem o que significam e as ruas têm todas nomes de personalidades portuguesas que eles desconhecem. Parece-me um bocadinho o prolongar de uma época que já acabou. Os chineses não querem saber de nós, não gostam de nós, não nos compreendem nem querem compreender!

Em relação às vossas notícias:
- A avó está óptima! No avião fizemos várias vezes exercícios para não ficarmos com os pés inchados. Eu acabei por não fazer tantos porque dormi que nem um bebé durante horas e horas. Os meus pés não incharam e os da avó não incharam mais do que seria de esperar – está tudo bem. O joelho tem dado sinais de vida mas nada de fora do normal…segundo a avó, claro. Está contente a fisioterapeuta da família???

- Dani: já confirmei e o livro está mesmo cá! Não te preocupes que não saio da China sem o levar!!

- Jorge obrigada pela motivação, era só isso que eu precisava de ouvir! Saber que vou chumbar a finanças e chegar ao mail e ter 70 mails de e-marketing para ler é tudo razões para me por radiante de felicidade! Não penso que me sirva de muito pensar nesse assunto agora, ao que parece está tudo a achar aquilo dificílimo portanto quando chegar ainda vou ter tempo de aprender tudo de certeza.

Peço imensa desculpa por não responder no messenger mas para dizer a verdade não consigo ligar o meu computador à net e o computador do Quico tem um teclado assustador por isso estou a escrever isto no meu computador enquanto que de vez em quando olho para o dele e vejo as vossas janelas a piscar à espera das minhas respostas.
Impossível!!!
Vou tentar dar notícias todos os dias! Juro!!

P.S. Este é o novo casino MGM, onde o meu irmão trabalha, ainda em construção. Não é um espanto??

23.10.07

Primeiras Impressões

Não é lá muito fácil resumir quais as primeiras impressões que se sentem quando se atravessa o mundo e se chega a um a um país totalmente ao contrário ao nosso!
Procurar semelhanças é inútil e comparar os dois mundos não leva a lado nenhum.

No entanto, e porque sei que há por aí quem esteja ansioso por novidades, posso dizer que está a ser fantástico até agora!
Quaisquer primeiras impressões estão a ser, infelizmente toldadas por este sentimento de estar a ficar doente. A humidade e o calor, em contraste com os ares condicionados gelados de todo o lado estão a dar cabo de mim e da minha mãe.

Mas começando pelo princípio!
A viagem correu lindamente. Foram 24 horas certas de porta-a-porta mas não foram sequer muito cansativas. Dormimos o vôo quase todo até cá e mal saímos do barco lá estava o meu mano para nos trazer de carro para a casinha deles, que é amorosa!

Os abraços e a euforia foram mais que muitos mas durante o jantar já parecia que mal nos tinhamos separado! Estamos todos iguais e falamos sempre tantas vezes que até fazia confusão pensar que não nos viamos desde Janeiro.
O meu sobrinho Jaime vive na barriga mais linda do mundo e nem imagino a confusão que me vai fazer não estar cá quando ele nascer.

Hoje passeámos a pé por Macau e vimos coisas lindas. Como sempre, fiz de guia turístico e orientei as excursões para cá e para lá.

Amanhã ponho fotos e escrevo mais coisas. Hoje não estou no meu computador e este teclado está-me a fazer imensa confusão!

E acho que estou a ficar com febre...

17.10.07

Pequena preciosidade

Ri - Portinho da Arrábida
Algures antes de 2004


Esta preciosidade chegou-me hoje ao mail.

Uma semana em que estávamos 6 miúdas enfiadas no mesmo quarto e em que não esteve bom tempo um único dia. Eu, como não podia deixar de ser, não passei menos tempo dentro de água por causa disso.

A praia há de ser sempre a mesma. O biquini, na altura novo e agora quase sem cor, continua a ser presença assídua. As amigas, algumas ainda sim, outras nem tanto, outras nada. Vou almoçar com uma agora, uma que ainda sim.

É engraçado que tento situar estas férias no contexto envolvente e não me consigo lembrar de nada. Se terá sido em 2001 depois das férias na Zambujeira, em 2002 depois das férias em Tróia.. será que foi em 2003...
Enigma.

16.10.07

Dias mais compridos

Há dias que passam mais devagar, que são mais compridos.
Não que sejam melhores ou piores, só custam mais a passar que os outros.
Dão-nos mais que pensar, fazem-nos olhar para o passado e para o presente com mais força que o costume e não nos oferecem uma perspectiva de futuro tão boa quanto gostaríamos.
Hoje foi um dia desses, claro, porque só num dia assim é que uma pessoa pára pensar que foi, de facto, um dia assim.
Não que não tenha tido momentos bons, tive um almoço maravilhoso e o trabalho propriamente dito até correu bem.
Pensando bem nada correu mal. Simplesmente foi um dia lento.

Acordar atrasada e chegar ao escritório em cima da hora, com a lista de coisas para despachar antes de ir de férias a crescer em vez de diminuir. As pessoas entram pelo escritório a dentro, os telefones tocam, a campainha não para. Tudo me desconcentra.
Uma reunião importantíssima às 16h30, corre lindamente mas não vou estar cá na altura necessária, provavelmente vou perder este cliente para um colega. Outra reunião às 18h30, corre bem mas não se calam, falam e falam e só chego a casa depois das 8h.
Chego a casa e em vez de cair para o lado no sofá tenho um jantar, e depois tenho que passar o caderno de Finanças a limpo senão ainda percebo menos do que já percebi ontem na aula.

Realizar que vou faltar a quase todas as aulas de finanças... Que esta viagem acaba por ser o que eu mais quero no mundo mas que vem numa fase tão, tão inoportuna da minha vida em que tudo se acumula e eu cada vez tenho menos ar para respirar.

Queria combinar cafés, despedir-me das pessoas. Sair, estar, fazer, ler, ver televisão, ter tempo até para arranjar as unhas! Mas está tudo cheio. Todos os minutos, todos os momentos. E o tempo, em vez de passar a correr sem me deixar fazer nada, passa devagar, devagarinho, sem me deixar fazer nada à mesma mas deixando o dia de me ir embora sempre longe de mais para me deixar descansada.

E recebemos notícias que já não é suposto nos afectarem mas que ainda assim nos deixam de rastos. Compreendo que não sou assim tão forte quanto gostaria de ser e que ainda me falta lutar um bom bocado para conseguir passar por cima de coisas que me magoam.

E depois é dia 16 de Outubro. Este dia dá-me sempre que pensar, faz anos a Sofia.
Não lhe dei os parabéns, não nos falamos há 5 anos. E não nos falamos porque na minha festa de 18 anos ela disse que ia apanhar ar fresco lá fora, com mais 3 "amigas" minhas, e nunca mais voltaram. Foi incrível. Nem queria acreditar.

Nunca mais nos vimos, nunca mais nos cruzámos na rua. Nunca mais houve um telefonema, uma mensagem, um adeus. E eu decidi que, se um dia a visse na rua, nem sequer me daria ao trabalho de lhe dirigir a palavra.
E isto até faria sentido se eu contasse apenas esta parte da história, mas seria não só injusto como extremamente estúpido da minha parte. Aliás, toda esta atitude, esta decisão de não lhe falar, não passa de uma grande estupidez minha e, tenho que admitir, um sinal em como no fundo consigo ser uma pessoa mesmo pequena e egoísta.

Afinal de contas, tinha-lhe roubado o namorado uns anos antes... Dá para acreditar?
É mesmo verdade. Aliás, posso não ter lho roubado porque ele a escolheu a ela mas o que interessa é que esteve comigo e que só deixou de estar porque quis.
A vida faz-nos destas coisas, quando temos 16 anos e achamos que as nossas prioridades são mais importantes que as priorioridades de todas as outras pessoas que nos rodeiam.
E um dia mais tarde, já ele era meu namorado a sério, fui-lhe pedir desculpa, à Sofia, por a ter traído (ui! que palavra!) no passado.
A resposta dela? "Não te preocupes... eu sempre soube que ele estava a pensar em ti, isso para mim já tinha sido traição suficiente. O facto de ter acontecido alguma coisa não muda nada, não me magoa mais". Continuámos amigas. Pelo menos durante mais uns meses.

E afinal de contas, ela desculpa-me a coisa mais horrorosa que uma pessoa pode fazer a alguém, que é trair uma amizade (e era uma óptima amizade) e "roubar-lhe" a pessoa de quem ela mais gostava no mundo, e eu nem sequer lhe consigo desculpar uma coisa ridícula como ter saído de um jantar de anos no qual se sentia visivelmente desconfortável?
É terrível quando até a nós próprios nos decepcionamos.

Felizmente as pessoas mudam. Só é pena desligarem-se daquelas a quem fazia sentido mostrar essa mudança. Tenho ideia de que hoje sou uma boa amiga, pelo menos sei que seria incapaz de magoar uma pessoa de quem gosto. Mas acho que foi a vida que me ensinou isto, não há melhor lição que aquela que aprendemos com os nossos próprios erros.
A Sofia faz anos e eu não sei nada sobre ela. Que curso tirou, que rumo seguiu, onde está, onde anda, com quem anda.
Ainda assim lembro-me sempre dela dia 16 de Outubro. Acho que me vou lembrar sempre. Talvez até lhe mandasse uma mensagem de parabéns, hoje, se tivesse o número dela... Como será que ela reagiria?
Talvez ainda lhe peça a ele o número dela, acho que ficaram amigos, tal como nós somos hoje.
Talvez ainda o faça antes de passar o caderno de finanças a limpo, antes de arranjar as unhas, antes de preparar as coisas para o dia de amanhã: o trabalho, as aulas, a hora de almoço. As reuniões a meio da tarde, os prazos de entrega, os trabalhos de e-marketing que se acumulam no meu mail, nos quais tenho que participar senão tenho má nota.
Tudo.
Que dias tão compridos. Faltam anos até domingo, e não sei se são suficientes para fazer tudo o que ainda tenho que fazer até lá. E por outro lado nunca mais chega domingo...

Update: Ele também já não tem o número dela. A intenção é que conta... não posso dizer que não tentei. Parabéns à mesma.

14.10.07

Quem diria?

Ri prestes a saltar de pára-quedas.
Évora - 13 de Outubro

Quem diria que eu iria ter coragem?
Não, calma, ainda a pensar na fase anterior. Quem diria que eu me meteria numa coisa destas? Que teria interesse, vontade?
Eu, a Ritinha que tinha medo de saltar de uma rocha com um metro de altura, porque achava que ia bater com os joelhos no chão!

Agora que já passou, as questões são muitas mais.

Quem diria que eu não ia estar nervosa nem um bocadinho?
Nunca me passou pela cabeça desistir, nunca tremi de medo nem nunca entrei em pânico. Sempre calma, acho que até ao fim evitei pensar no assunto, na aventura em que me estava a meter. Já só depois de estar há 20 minutos naquele avião do tamanho de uma caixa de fósforos, que ainda por cima parecia ter a resistência de uma caixa de fósforos, é que olhei para a Leonor e lhe perguntei, aos gritos porque estávamos a 30 cm. das hélices "o que é que nós vamos fazer???".

Sentadas uma ao lado da outra, enfiadas entre as pernas dos nossos instrutores, que estavam radiantes de terem umas meninas a quem fazer festinhas na nuca para reconfortar e que eram "as melhores passageiras que já aqui passaram hoje", demorámos cerca de meia-hora a subir os 4.000 metros de altitude, dos quais nos iriamos atirar.

Quem diria que eu me iria realmente atirar para o meio do nada?
A verdade é que não tive lá grande escolha e o momento propriamente dito não dependeu em nada de mim. Depois de me ter sentado ao colo do meu instrutor e de ele nos ter anexado um ao outro de uma forma que seria com certeza pornográfica se não estivessemos cheios de roupa, ele lá se arrastou (comigo ao colo) para a saída do avião.

Não havia nada que eu pudesse fazer senão colocar-me na posição que ele me tinha dito. Barriga para fora, braços cruzados, calcanhares a tocar na parte de baixo do avião e ele lá nos atirou para o meio de um céu azul límpido, lindo de morrer.

Quem diria que não me ia borrar totalmente e morrer logo ali?
Foi um sonho. Não há palavras.
Admito que no primeiro décimo de segundo pensei que o meu coração ia parar mas mal os nossos corpos ficaram na posição indicada (barrigas para baixo) e ele me fez sinal para eu abrir os braços, parecia que estava a viver um sonho.

Não tive qualquer noção dos 220 km/h. de velocidade a que estávamos a cair em queda livre nem tive, por um segundo que fosse, a ideia de que aquela queda pudesse não ter fim e eu fosse cair estatelada no meio do chão.

Nada.
Era tudo um grande vazio, um silêncio fantástico e uma paz única. Só eu, no meio do céu, a dar rodopios no meio do ar, durante segundos que valeram por anos e anos.

Quando o pára-quedas abriu fomos imediatamente sugados para cima a uma velocidade espantosa e a partir daí descemos devagar até ao chão, a fazer piruetas e a apanhar correntes de ar que nos mantinham a voar o máximo de tempo possível. Com o pára-quedas aberto já era possível conversar, mas não havia nada a dizer... acho que nunca gritei tantas vezes "que espectáculo!" na minha vida. Mas até naquele momento essa palavra me parecia estúpida, pequena.

Pode não ter demorado mais do que um minuto, mais durou por uma vida inteira. Parece que havia, até agora, todo um conjunto de coisas que eu sabia que sempre teria medo e parece que agora passei um obstáculo que me vai fazer ver com outros olhos os próximos desafios que possam aparecer.
Ninguém, mas ninguém mesmo, devia viver uma vida inteira sem experimentar saltar de pára-quedas.

Ri em pleno vôo

Ri já a aterrar, sã e salva

Ah! Quem diria que, aos 23 anos, eu iria acampar pela primeira vez?

7.10.07

À procura da A17

Acontece que a A17, tal como a minha mãe queria que ela existisse e mesmo como até já vem representada no mapa, foi totalmente fruto da sua imaginação. Ou talvez não tanto, porque ela até vai existir, mas só daqui a um ano. Por enquanto, nada.
Mas a verdade é que passámos parte da tarde à procura dela e nem sinais. Resultado? Estávamos à procura de uma estrada que a minha estimada mãe jura a pés juntos que percorreu há 2 semanas atrás mas que, no entanto, ainda não está completa.

Eventualmente lá a encontrámos, uns 70 Km. abaixo do que era suposto e lá chegámos a Lisboa sem ser pela A1, evitando o trânsito de toda a santa família que foi passar o fim-de-semana grande à santa-terrinha.
E chegámos altamente relaxas e rejuvenvescidas. E não podia ter sido de outra maneira, depois de um fim-de-semana de mimo, mimo e mais mimo.
E dado por quem? Por amantes apaixonados que vivam em função da nossa existência? Não. Tenho que admitir que nem amantes apaixonados nos poderiam relaxar tanto quanto nós estávamos a precisar.

Vou explicar, aliás vou tentar resumir mas eu tenho imensa dificuldade em escrever pouco, como foi este meu segundo fim-de-semana na Curia. O resultado de eu não conseguir escrever resumidamente já eu sei qual é! Vêm-me dizer "Ai Ritinha eu até adoro o teu blog mas escreves textos tããããão compridos que eu perco a paciência!"... É isso e lembrar-me da Otília, professora de português lá do Rainha, a dizer que quem não conseguia resumir um texto não ia conseguir fazer mais nada da vida. Se calhar é por isso que tenho o emprego que tenho ...não sei.

No primeiro dia, depois de ter passado a meia hora habitual no ginásio (sem fazer grande esforço, admito, porque não estava para aí virada), lá me fui enfiar na piscina termal a 36º.
Não consigo explicar bem porquê, mas adoro aquilo. Sempre adorei piscinas interiores, fazem-me lembrar umas férias que passávamos em pequenas no Hotel do Vimeiro em que apesar de estar óptimo tempo lá fora adorávamos ficar na piscina interior. Isto até ao dia em que apereceu um cagalhoto no fim da piscina. Mas juro que não fui eu, a sério. Tenho que admitir que durante a minha infância até arrisquei um xi-xi ou outro, mas isso era normal. E até tinha o seu lado de adrenalina. Sobretudo na piscina da Tia Nela, lá na Arrábida, em que ela dizia que quando fazíamos xi-xi se acendia uma luz encarnada e tocava um alarme. Era tão óbvio que era mentira que ela merecia que se fizesse xi-xi, só para aprender a lição.
Na Curia não fiz. Aliás, somos obrigados a ir à casa-de-banho antes de entrar na piscina. Por quem nos tomam? Um desplante.

Depois de algum tempo totalmente em êxtase e quase com o coração a parar, porque até tenho tensão baixa e não posso ficar muito tempo em ambientes muito quentes, lá vem uma senhora que me chama para um canto da piscina e que me faz uma massagem com uma mangueira que ela lá tem e que deita água a cerca de 293 km./hora, ou seja, se por acaso ela me desse com o jacto directamente na pele provavelmente fazia um buraco e eu morria.
Mas é óptimo. Com o jacto debaixo de água, ela massajou-me o corpo todo mas dava assim umas voltas à mangueira para a água não vir nunca directamente e não me magoar. Parecia que me cortava pedaços de pernas... mas não, infelizmente quando eu olhava ainda lá estavam as pernas inteiras.
Quando saímos da piscina-quente-gigante era hora da massagem Vichy.
É a coisa melhor do mundo.
Vou para uma sala onde está uma senhora de fato-de-banho à minha espera. Mas não era uma senhora boazona, que isso ia-me fazer sentir infeliz com a minha figura de biquini e ia ficar constrangida. Aliás, acho que eles pensaram nisso de propósito e as senhoras de fato-de-banho são sempre assim gordinhas até.
A sala parece uma mesa de operações, que eu até sei como elas são porque já vi nos filmes e nas séries. Tem uma mesa no meio onde eu vou deitar o meu belo corpinho e por cima tem um suporte do tamanho da tal mesa (ou cama), mas que em vez de ter luzes tem jactos de água que não param de deitar água e água termal. Pensando bem parece mais uma daquelas mesas centrais que as cozinhas modernas agora têm, na qual eu sou o jantar em plena preparação.
Deito-me lá e a senhora de fato-de-banho enche-me de um creme qualquer (constantemente, claro, porque a água está sempre a lavar tudo) e faz-me uma massagem maravilhosa nas costas inteiras que dura ainda um bom bocado. Saio de lá como nova para dentro de um duche de vapor, que explico daqui a bocado o que é. Sim porque isto parece que está a ser inventado à medida que eu escrevo mas na verdade até tive bastante tempo ao longo do fim-de-semana para pensar no que ia escrever e as coisas até têm uma ordem específica.

Tudo isto seria perfeitamente suficiente para tratamentos do primeiro dia mas esqueci-me de referir que às 10h30 da manhã já tinha ido fazer o meu peeling facial e massagem refirmante de rosto. Não posso dizer que tenha adorado o processo em si. Não consigo evitar, tenho mesmo um bocado de nojo de ter uma pessoa a encher-me a cara de cremes, máscaras, esfoliantes e produtos de limpeza.
A verdade é que o resultado final foi maravilhoso. A minha pele está perfeita, sem imperfeições nem borbulhas, sem olheiras (pelo menos até amanhã de manhã) e posso mesmo dizer que se já tivesse rugas, elas teriam desaparecido! Ultimamente tenho sempre duas borbulhas insuportáveis na testa, uma de cada lado da cara e mesmo na linha de cabelo, que me doem horrores e se parecem horrivelmente com corninhos. Chamo-lhes as Margaridas, em homenagem. Felizmente estão sempre tapadas pela minha trunfa descomunal mas a verdade é que não escaparam às mãos implacáveis da estéticista e vi-me livre das Margaridas pelo menos por uns dias. Mas elas voltam sempre que eu bem sei, voltam sempre para me atormentar!

No dia seguinte lá me levaram de volta para o ginásio onde fingi imenso que me esforçava horrores. Fingi que não sabia como funcionava nada daquilo e que uma passadeira era totalmente novidade para mim, ficando em cima dela a andar e a olhar para o belo jardim à minha frente. Para quê por-me a correr, se estava ali para relaxar?
Saída da passadeira voltei à piscina termal a 36º para depois ir até ao duche escocês. O duche escocês é uma coisa maravilhosa mas que à vista parece uma tortura terrível.
Num cenário quase 2ª Guerra Mundial em que, nos campos de concentração, lavavam os judeus todos à mangueirada, eu sou fechada numa sala com uma senhora descomunal que me manda encostar a uma parede e que decide bombardear-me com uma verdadeira mangueira de bombeiro de cima a baixo, e isto com água que altera entre quente e frio. Às tantas já nem percebemos se a pressão da água nos dói ou se a alteração da temperatura nos vai fazer morrer do coração, já só ouvimos a senhora a dizer para nos virarmos de direcção e rezamos para que acabe rapidamente. Quando acaba sinto o meu corpo como novo e o sangue a circular a mil à hora. Lá se foram os pés inchados e os problemas de circulação!

Depois de umas horas sem fazer absolutamente nada lá fomos fazer a massagem de corpo. Em que é que consistia? Antes de mais em ficar de cuecas em cima de uma maca e ser massajada totalmente (excepto cara e peito, felizmente) com um creme quente e que picava. Era para limpar as toxinas. Depois, mudaram-me para uma sala onde estava um saco-cama azul aberto e no qual colocaram umas folhas brancas pintadas de verde, sobre as quais me deitei para depois me embrulharem e fecharem o saco-cama que, já agora, era elétrico e estava quentíssimo.
Chama-se a isto envolvimento em algas. Eu, na minha ingenuidade, achava que o envolvimento em algas implicava encherem-me literalmente de algas, mas ainda bem que não foi assim porque me devia meter um bocado de nojo! Ao que parece, os tais papeis nos quais me embrulharam estavam "pintados" com algas e lodos que têm um efeito fantástico qualquer sobre a pele.
Abandonada com o saco cama azul, embrulhada que nem um croquete em plena fritura, comecei a aquecer e a aquecer e achei que era daquela que o meu coração parava de vez. Dizem que é suposto algumas pessoas suarem, outras nem tanto. Eu suei tanto que parecia que tinha acabado de tomar banho. É sinal que fez efeito. Depois de me limparem (sim, porque elas é que limparam!!!) ainda me voltaram a massajar, desta vez ainda mais totalmente, incluindo dedos das mãos e dedos dos pés, com um produto refirmante maravilhoso. A verdade é que tenho muito menos celulite, é impressionante!

No último dia, ou seja hoje, lá fui novamente para o ginásio. Desta vez até me portei melhor e esforcei-me um bocado. Depois do ginásio era hora de ir para a sauna. Entre duches frios e sauna a não sei quantos mil graus centigrados, sinto que perdi litros e litros de água do meu corpo. Depois da sauna recambiaram-nos para a hidromassagem computorizada... um sonho!
Fecham-me numa sala que tem como única mobília uma banheira gigante acabadinha de encher e com água bem quentinha e enfiam-me lá dentro. Depois de ficar sozinha e como que por magia, a banheira gigante começa a deitar jactos de água que me vão fazendo massagens ora nas costas, ora nas pernas, ora no pescoço, ora nas palmas dos pés, ora nos braços e nas mãos... e isto durante cerca de meia hora! Quando aquilo parou só me apetecia ficar ali parada durante horas. Fez-me lembrar a cadeira que o meu Tio Manel tinha na Praia da Rocha, daquelas que fazem massagens no corpo inteiro e que andávamos sempre à luta para ver se deitava lá primeiro... mesmo que ainda de rabo molhado, acabados de chegar da praia. Bem sei que a cadeira ainda existe em casa do Tio Manel mas a casa da Praia da Rocha já não é o que era e já não serve de nada pensarmos nela porque aquelas férias únicas à beira da praia nunca mais vão voltar a ser as mesmas.
Para acabar em grande fizemos outra massagem Vichy (a tal da sala de operações meets cozinha moderna) e outro duche de vapor. O duche de vapor também faz escandalosamente lembrar campos de concentração, mas desta vez as câmaras de gás! Fecham-me num cubículo forrado de tubinho metálicos que têm dezenas de orifícios e deitar vapor para cima de mim. Dezenas são mesmo dezenas. Felizmente é apenas vapor de água e é um espectáculo ver o vapor tocar na pele e transformar-se em gotas de água gordíssimas. Não sei qual é o objectivo do duche de vapor, se é suposto relaxar ou revitalizar... Mas é sempre bom.

E foi assim, totalmente rejuvenescidas, revitalizadas, massajadas, com menos celulite e menos stress que fomos àprocura da A17. E agora cá estou eu, pronta para ser novamente envelhecida, desgastada e stressada pelo meu dia-a-dia apaixonante de trabalhodora-muito-estudante.

Jealous?

1.10.07

Uma tarte muito internacional!

Uma das disciplinas que tenho neste primeiro bloco da PG chama-se E-Marketing. À partida achei que ia entrar em pânico por não perceber nada de Internet nem coisas afim. Percebo apenas o suficiente para usar a Internet todos os dias da minha vida para meu proveito próprio, mas nunca o suficiente para, só por mim, ser capaz de a utilizar como ferramenta de marketing para a minha empresa.
Uma das iniciativas que o professor pos logo ao nosso dispor foi uma espécie de e-aula, ou Comunidade de Aprendizagem, como ele lhe chama. Nesta comunidade, o objectivo é partilharmos com os nossos "colegas" alguns sites/temas que achemos interessantes, desde que relacionados em geral com o marketing e a internet.

E pus a palavra colegas entre aspas não porque ache que não se aplique na frase, porque até se aplica muito bem, mas porque é inevitável esta palavra fazer-me alguma comichão algures num sítio que não sei muito bem explicar qual é. Insere-se naquele grupo de palavras que eventualmente, de maneira pouco explícita e sem razão, aprendi a não dizer desde pequena. No entanto, enquanto que para as outras palavras desse grupo há sempre alternativas muito correctas, gostava que alguém me desse um sinónimo mais simpático do termo colega. Não me parece que haja e vou ter que passar por cima destas comichões que me foram incutidas quando eu ainda nem sabia o significado das palavras e inserir colega no meu vocabulário habitual.

Continuando. Rapidamente os meus colegas de turma e de curso se abarbataram do forum da nossa e-aula. Não porque adorassem partilhar informação sobre internet mas sim porque a nossa participação na e-aula vale 40% da nota.
Óbvio que muitos deles não souberam distinguir participações interessantes de simples comentários que mais servem para chamar a atenção que para acrescentar um novo ponto de vista. No entanto, determinada colega chamada Joana, que não faço ideia quem seja ou, se fizer, não associo o nome à cara, até porque não associo nome nenhum a cara nenhuma, e não é por mal, é mesmo uma incompatibilidade inicial em novos relacionamentos que eu cá tenho, mas essa Joana escreveu algo interessante.

Basicamente deu-nos a conhecer uma ferramenta do Google chamada Google Analytics que serve, nada mais nada menos, para avaliar quem visita determinado site, de onde, em que circunstâncias, quantas vezes, por quanto tempo, etc etc etc.
Fascinada com o único site que domino, ou seja o meu próprio blog, fui imediatamente ver como aquilo funcionava. E não é que, no meio de uma algarviada de símbolos que eu tinha que inserir no template (que não sei o que é!), precisamente antes de determinada palavra cujo significado também desconheço, lá consegui por aquilo a estudar o meu blog??

Basicamente fiz tudo isto na 6ª-feira à tarde e agora, acabadinha de chegar de um maravilhoso fim-de-semana cheio de muito nada, muitas compras, muito teatro, muitas fotografias de amigas que, não sabendo a benção que é ter cabelos lisos, fizeram em tempos uma espécie de permanente que me deixou a rir durante três quartos de hora, vim a correr ver a análise que o Google tinha feito durante o fim-de-semana.

Antes de mais, caros leitores, expectativas superadas!!
Não que eu não suspeitasse que haveria algures alguém a ler o meu blog que saísse da minha esfera de amigos íntimos. No entanto, era capaz de apostar que tinha um público-alvo, no mínimo, português!
Mas não.
Vamos aos resultados.
Afinal de contas, quem diria que:
- Apenas neste fim-de-semana, 41 pessoas leram o meu blog!
- Estas 41 pessoas vieram precisamente 58 vezes ao meu blog!
- O tempo médio que cá ficam é, no entanto, mínimo, provavelmente por eu não escrever nada de novo há uns tempos!
- 92% foram novos visitantes!
- Apesar de Portugal estar, obviamente à frente no ranking dos meus leitores, é com muito gosto que digo ter, por ordem de visitas, leitores do Brasil, Suécia, Japão, Itália, Holanda e Bulgária!!!
- E só não tenho da China porque este fim-de-semana a minha família chinesa foi passear ao Laos!
- Por fim, mas muito interessante!, 41,46% das pessoas vêm cá dar por mecanismos de pesquisa... será que andam à procura de receitas para tartes de limão e isto aparece? Nem quero saber... 39,02% vêm de sites de referência, o que significa que andam por aí sites que têm o meu blog naquela listinha de sites a visitar!! Que orgulho!!! Os restantes 19,51% vêm cá dar por tráfego directo, que são, portanto, a reduzida minoria dos meus conhecidos...!

Bem, isto é muito giro mesmo e aconselho a toda a gente que faça uma pesquisa sobre quem visita o seu site. Posso até saber quais os posts mais visitados, as regiões específicas de quem me visita, etc etc etc! Muito interessante! Muito obrigado, Joana-não-sei-quantas!