17.12.08

Christmas!

É como se até agora tivesse estado numa letargia qualquer, alheia da realidade. Como uma grande bebedeira que nos leva a fazer as coisas da forma mais simples, sem pensar muito nelas. Não fazendo propriamente asneiras, simplesmente não pensando. E depois acorda-se no dia seguinte e pensa-se no que se fez, olha-se para trás com atenção e, inevitavelmente, pára-se para pensar nas consequências, nos resultados, naquilo que se tem nas mãos quando se acorda.
É como se esta bebedeira tivesse durado uns bons meses. Mas chamar-lhe bebedeira é injusto, fica mal. Tem uma conotação negativa, e não foi isso que aconteceu.
Simplesmente decidi agir sem pensar, sentir como já não sentia há tanto tempo e aproveitar cada momento. Durante os últimos meses, não parei.
Não pensei. Não escrevi. Não medi o que fiz nem fiz tanto do que devia.
O quarto ficou desarrumado, as compras de Natal atrasadas. Os programas de família mais escassos do que o que deviam.
As obrigações nunca falharam mas tudo o resto deixei um bocadinho para trás. Não tinha tempo, não queria ter tempo!
Só queria aproveitar isto. Respirar cada segundo desta loucura antes que ela chegasse ao fim. Não queria ter que olhar para trás um dia e pensar que tinha perdido aquele minuto, aquela hora, aquele momento.
E não perdi. Ou espero não ter perdido nada.
Mas eventualmente o quarto ficou desarrumado de mais e, afinal de contas, o Natal está já aí.
Tive que acordar.
Um estalo na cara, um balde de água fria por cima de mim própria e pôr finalmente todos os pontos nos i’s.
E é assim que me sinto desde ontem. Como se acordasse da tal bebedeira e olhasse agora para trás, já na posse perfeita de todas as minhas capacidades de discernimento.
O que é que eu tenho andado a fazer, onde é que eu tenho andado, o que é que eu tenho agora?
E claro que em primeiro lugar sinto um medo enorme a apoderar-se de mim. E se acabar tudo? E se eu devesse ter continuado no meu carrossel mais uns tempos e agora ele parar de andar à roda só porque eu decidi olhar para ele de fora?
Mas não acabou.
E não acabou porque agora já não é só loucura. E se calhar nunca foi só isso, mas eu nunca tive coragem para olhar para isto com olhos de gente.
Vai na volta, isto existe mesmo.
Acordo, olho para trás, olho para hoje. Vejo o telemóvel, leio as mensagens. Recordo os telefonemas e, inevitavelmente, os últimos momentos. Depois os anteriores e, por fim, os primeiros de todos.
O início surreal, a evolução típica de uma história de conto de fadas.
Chego à conclusão que sim... Isto existe!
E eu sou a pessoa mais apaixonada do mundo.
E já arrumei o quarto e já comprei papel de embrulho. Os presentes que faltam já estão bem assentes numa lista detalhada. As obrigações em dia, as aulas a acabar com os trabalhos todos entregues. O trabalho a correr bem. O Natal já para a semana.
E tudo o resto continua a existir.
Continuo a ser a pessoa mais apaixonada do mundo.
A mais sortuda, a mais feliz.
Não me interessa quanto vai durar, não me interessa se é só loucura.
Não posso dizer que só me interessa o dia de hoje porque já não é verdade. Já nascem pequenos planos para um futuro ainda muito próximo, ainda desenhados a medo de realmente se acreditar num futuro. Mas vale não pensar nisso. Ainda é tão cedo, ainda tenho tanto que aproveitar!
Para já, para já… é quase Natal! E eu adoro, adoro o Natal.