31.7.07

We love you SCP!

Verinha & Ri
Sábado, 28 de Julho - Alvalade

30.7.07

Dia 14#

Tenho que admitir que estou surpreendida com a facilidade com que tenho encarado este meu novo "regime" alimentar. Tem sido bem fácil, não tenho andado obcecada com o assunto e tem corrido tudo lindamente.
Acho que é uma coisa que está directamente relacionada com o estado de espírito de uma pessoa. Pelo menos eu sou assim. Se estivesse chateada, deprimida, em baixo, sei que comer seria o primeiro refúgio.

Não estar com um apetite gigante não só me dá mais força para continuar como me faz ver que, provavelmente, estou a passar uma fase óptima, o que é ainda mais motivante.

Tenho tido cuidado com os intervalos das refeições, fazendo um esforço para nunca passar das 3h e tenho seguido bastante as regras que estabeleci logo no início.

Resultados ainda não os vejo, mas também não tenho andado obssessivamente à procura deles, o que também é bom sinal. A verdade é que, se passados os 100 dias a que me propus a fazer esta alimentação, ainda não tiver emagrecido, então é porque se calhar não é suposto emagrecer. Se calhar é suposto eu ser assim mesmo. Não vou deixar que isso me desmotive, logo se vê. (Aceitam-se comentários de motivação).

Em relação ao ginásio, parece-me quase impossível ter força para ir à 6ª-feira. Não consigo bem explicar porquê.
Tenho acordado lindamente em todos os outros dias da semana. Mesmo em dias como hoje, em que me deitei depois das 4h da manhã, às 7h05 já estou cheia de energia para ir correr os meus 3,75 Km matinais. À 6ª-feira, no entanto, o meu corpo não me obedece. Não há nada a fazer, não me parece que seja o fim do mundo ficar a dormir até às 8h00 uma vez por semana.

Os resultados do ginásio já se começam a ver muito rápido. Irrita-me esta tendência que eu tenho para que os meus músculos fiquem tão definidos. O facto de eu querer fazer exercício não implica que eu queira que isso seja evidente aos olhos de toda a gente! Mas aparentemente não tenho escolha, é assim que é o meu corpo.
A solução passa mesmo por não exercitar partes do meu corpo que não quero ver musculadas. É o caso dos braços, ombros e costas.
Certo dia dei por mim e os meus ombrinhos e os meus braços fininhos já não eram tão fininhos e tão elegantes como sempre foram e entrei em pânico, aquilo não era eu! Muito rápido acabei com as aulas de Pump, como muita pena minha porque adorava, e já não faço exercícios de musculação para essas zonas do corpo. Não tenho força para levantar coisas pesadíssimas? Paciência. Essa é das uma razões pelas quais Deus pôs o homem na terra, para levantar os pesos que as donzelas não conseguem levantar.

Resumindo, a minha dieta sem dieta vai de vento em popa.
Nada de exageros, nada de estar obcecada. 100% saudável.
Até agora ainda não tive nenhum "dia mau". Ainda não perdi o controlo, ainda não me empanturrei até à exaustão. Go Rita!

em 14 dias:

  • 14 dias bons
  • 8 idas ao ginásio (em 10 dias úteis)

27.7.07

Night Sailing

Velejar à noite... um espectáculo.
Ponto de partida: 18h10 no Barco-Iris.
O destino: restaurante Rio's na Marina de Oeiras.
A viagem: um sonho.

O regresso já de noite, com a lua quase quase cheia, o rio tão calmo que parecia um espelho. Os peixes à superfície, atraídos pela luz e pelo movimento do barco. Um vento simpático, com força suficiente para ir soprando nas velas mas ainda assim sem estar frio de mais para nos incomodar. Lisboa vista do rio, toda ela luzinhas, sem dúvida a cidade mais bonita do mundo. Não a trocava por nada.
Uma companhia espectacular. Às vezes não há nada como família.

26.7.07

Uma surpresa boa

Hoje em dia, infelizmente, é mais frequente repararmos nas pessoas pelo lado negativo que pelo lado positivo. Pergunto-me porque será.
Porque é que o lado negativo nos chama mais a atenção? E porque é que nos custa, tantas vezes, admitir que reparamos tanto nas qualidades quanto nos defeitos? Ou não reparamos?

Se calhar contam-se pelos dedos das mãos as vezes em que chamei a atenção de alguém com quem estou para a roupa de uma miúda qualquer gira que passa por nós, que não tenha sido para dizer mal.
É mais forte que nós, é o instinto feminino. Se é gira, se tem uma idade minimamente semelhante à nossa, se podia até ser nossa amiga se a conhecessemos, então é concorrência. Vamos eliminar. Vamos desvalorizar, vamos dizer mal.

É uma atitude snob e irritante que tenho vindo a tentar combater desde sempre. Não que não seja muitas vezes a primeira a "atirar a primeira pedra" mas tenho vindo a tentar ser mais tolerante, a tentar discriminar menos. Até porque acho que essa atitude, quando lhe ganhamos o gosto, se começa a reflectir em tudo na vida. Nas nossas relações, na nossa forma de encarar o que nos rodeia, na maneira de vermos as pessoas à nossa volta.

Mas diria que não, que não sou uma pessoa, pelo menos hoje em dia, que tenha o hábito de dizer mal das que a rodeiam. Claro que muita gente poderia chegar aqui e dizer "ah isso é mentira, ainda no outro dia disseste isto, isto e isto." Claro, é possível. Ainda assim, não me parece que seja um hábito.
Por falar em hábitos, até me parece mais habitual ter a atitude de advogada do diabo e, quando oiço falar mal de alguém, mesmo que seja do empregado do restaurante, por-me logo à defesa dessa pessoa.
Consigo ser verdadeiramente irritante, admito.
Ainda no Verão passado passeava pela Terceira, nos Açores claro está, com o meu namorado na altura, quando ele diz de repente: "olha-me para aquela gorda!".
Fiquei parva, na altura. Nem ele nem eu uma elegância de casal, qual a minha surpresa quando oiço um comentário destes que, mesmo sem malícia, teria deixado a miúda de rastos se o tivesse ouvido? Pus-me no lugar dela, foi inevitáel, e imaginei que ouvia um carro passar enquanto que alguém me dizia "ganda gorda!!!".
Não consegui explicar este ponto de vista ao André. Achou ridículo. Foi uma daquelas discussões sérias que começou com uma razão parva.

No entanto, aquilo de que eu queria verdadeiramente falar, e já me desviei seriamente do assunto, era daquilo que estamos, ou não, dispostos a fazer por quem não conhecemos de lado nenhum.
Se no que toca a comentar temos tendência a sermos negativos e a discriminar, ainda que inconscientemente, no que toca a ajudar somos piores: não ajudamos.

Não estou a falar dos sem-abrigo, do voluntariado, nada disso. Estou a falar de pequenos gestos vindos de pessoas que não conhecemos de lado nenhum, de ajudar alguém só porque sabemos que essa ajuda pode dar jeito, mesmo que não recebamos nada em troca.

E como admito que é tão raro sermos impressionados pela positiva por pessoas que não conhecemos, acho essencial dar tanta importância a esses pormenores bons que acontecem no dia-a-dia como dou aos maus, senão mais ainda, o que seria mesmo ideal.

O que aconteceu foi o seguinte:
No preciso momento em que me candidatei para a Pós-Graduação, encontrava-me eu em estado de histeria total (que estranhamente ainda não passou) e logo depois de ligar à minha mãe a agradecer por ter a melhor mãe do mundo só me passaram pela cabeça duas pessoas a quem ligar. Em primeiro lugar, à Benny. Porquê? Também não sei. Estava no ISEG e para mim ISEG é Benny, fez sentido na altura e ela ficou radiante por mim. Foi óptimo porque fiquei a saber que ela também vai começar o Mestrado e se tudo correr bem com as duas fazemos juntas o 2º ano de Mestrado.
O segundo telefonema só podia ter sido para a Verinha. Porquê? Desta vez já tenho resposta, porque sim! Porque é aquela pessoa que eu sabia que ia compreender a minha felicidade, que ia ficar radiante com a ideia, que me ia apoiar 200% por saber o bem que isto vai ser para o meu futuro e, sobretudo, o bem que me faz à minha cabeça-não-satisfeita-com-o-grau-de-exigência-do-curso-que-tirou-apesar-de-ter-adorado.

Já no dia seguinte, estava eu a trabalhar de manhã bem cedo quando a Verinha me liga e diz: "Ri! Tenho uma colega que fez a mesma Pós-Graduação que tu vais fazer, chama-se Sónia, vou-lhe passar o telefone!".
Antes de mais adoro que me tratem por Ri. Não sei porquê. Não me lembro exactamente, como é lógico, se nesse momento a Vera me tratou por Ri ou não, mas deduzo que sim porque trata sempre!
Ela passa-me o telefone e eu de pé atrás, porque não sou a melhor pessoa do mundo a conhecer pessoas novas. E só não sou porque sou meia envergonhada e porque não me aparecem pessoas novas à frente todos os dias, porque adoro conhecer pessoas novas. Do nada oiço uma miúda a falar a mil à hora que me diz algo do género: "Estou? Rita? Olá, sou a Sónia, amiga da Verinha aqui na Lusitânia. Olha queria-te dizer que também fiz a Pós-Graduação em Marketing Management e que adorei, vais adorar de certeza! Eu tirei o curso de Economia por isso aprendi imensas coisas novas que tu de certeza já estudaste no teu curso. Ainda assim acho que vais gostar imenso, eu estou agora a acabar o segundo ano de Mestrado, que é bem mais difícil, mas adorei tudo!" - Faladora a Sónia... e eu em êxtase de felicidade!
Perguntei-lhe como é que ela tinha conseguido passar para o 2º ano de Mestrado, se era por notas, como era... ao que ela me responde que sim, é consoante a média mas que ela tem a certeza que eu vou ter óptimas notas e que não vou ter problemas nenhuns!

Volto a lembrar que a Sónia nunca me tinha visto na vida, nem mais gorda nem mais magra (sim porque é uma característica minha - nunca ter o mesmo peso duas vezes seguidas que alguém me vê) - e no entanto ainda se oferece para me dar todo o material que tem em casa que eu possa precisar: trabalhos, aulas, testes... tudo!

Acho isto incrível. Juro que acho. Acho que já não há pessoas assim. É tão difícil, do nada, depararmo-nos com pessoas que são espectaculares só porque sim, porque o são, sem nunca as termos conhecido, sem nunca nos terem pedido nada em troca, que não têm, à partida, nada a ganhar.
Marcou-me, admito.

No dia seguinte fui almoçar com a Verinha e ela lá me deu a pen que tem, realmente, coisas que me vão dar imenso jeito.
(Um parentesis para a pen da Vera, porque quem trabalha na Lusitânia tem direito a uma pen, mas não é a uma pen qualquer... é uma pen de pele!)

Moral da história, muito obrigado à Sónia!
Não só por me ter, como é óbvio, dado a matéria da Pós-Graduação, mas por muito, muito mais.
Por se ter preocupado, por se ter mexido, por ter querido ajudar, por me ter dito palavras tão simpáticas, por ter ido além dessas palavras e, sobretudo, por ainda se mostrar disponível para me continuar a ajudar no que eu precisar.
Enfim, obrigado por mostrar que ainda existem pessoas assim! Porque fazem falta, a sério que fazem!

25.7.07

A Tarte de Limão

A Tarte de Limão foi feita ontem, dia 24.

Será desta que um blog aguenta mais do que alguns dias?
Qualquer dia perco a conta às tentativas de realmente criar um blog sem o apagar logo nos dias seguintes, arrependida.

O nome pode parecer parvo ou mesmo estúpido. Mas para mim tem significado.
Acontece que há uns meses tinha começado com uma pequena brincadeira, um simples desabafo, um refúgio, uma espécie de diário, que se veio a tornar hoje em dia um depósito de todos os meus pensamentos, melhores ou piores, e uma fuga para os meus devaneios.
Foi um blog que eu criei para mim própria, chamado Fatias de Mim. Para mim, ele é perfeito. Diz tudo sobre mim: quem sou, como sou, quando sou o que sou e mesmo as coisas que nem faço a menor ideia que sou, quando as sou e como as sou.
Mal se entra, pode-se ler:

"Fatias de mim. Porque não sou coerente, porque não sou estável, porque não tenho tendência a ter a mesma opinião mais do que cinco minutos seguidos. Porque me divido em mil fatias diferentes, que todos os dias me transformam numa pessoa diferente do que era no dia anterior. Porque quero recordar todas essas fatias."

No entanto, quando escrevo nesse blog, que já vai caminho dos 100 posts, há sempre coisas que me fazem pensar: "não me importava que as pessoas lessem isto". Mas é o meu diário, tem coisas que provavelmente nunca ninguém vai ler. Só é um blog porque me dá jeito que esteja em casa, no trabalho, onde quer que eu esteja, senão seria apenas mais um diário, provavelmente o milésimo desde que nasci.

E foi assim que decidi reunir algumas das minhas fatias, aquelas que consigo partilhar, e cozinhar uma tarte de limão.
Tarte de limão porque é a minha sobremesa favorita, porque é aquela que eu faço melhor, porque é aquilo que toda a gente gosta em mim, que associa a mim.
Afinal de contas, se eu fosse uma tarte, eu seria de limão!

Porque sou eu, mas só um bocadinho.

Tudo o que está neste blog que seja anterior ao dia de hoje já foi escrito, eventualmente, noutros sítios.
Isto porque escrevo tanto ou mais do que falo, e acreditem que já falo bastante.
Mas também porque não acredito, não acredito mesmo, que tudo o que uma pessoa escreve, tudo o que uma pessoa pensa, tudo o que me uma pessoa sente, deva ser partilhado indicriminadamente com qualquer um.
Pelo menos o que eu penso e o que eu sinto.

Os (...)'s que se encontram nesses textos são excertos que não me pareceu conveniente publicar aqui. Seja porque diziam de mais, seja porque diziam de menos, seja porque poderiam ser mal interpretados, seja por que razão for.
Não é essa a diferença entre escrever para toda a gente ou escrever só para mim? Quando escrevemos para outras pessoas temos sempre que pensar na interpretação que elas vão dar às nossas palavras.
Porque há sempre feedback, mesmo que nós nunca o saibamos. Não é essa uma das regras da comunicação?

Há fatias de mim que ninguém vai ler, mas adorava ter feedback das que fazem parte da minha tarte de limão!

24.7.07

Dia #8 - Falhanço total!


Continuo com uma dificuldade enorme em cumprir a primeira regra. É-me realmente difícil não cair para o extremo da dieta obsessiva. Tenho mesmo que me esforçar.
Hoje sinto-me inchada e gorda a pensar que comi imenso ontem, quando no fundo sei que não posso ter comido. Vamos rever:
- 7h00 - 30g. fitness de chocolate com leite magro
- 10h00 - iogurte líquido sveltesse fresh de manga
- 14h00 (o almoço atrasou-se pq tive uma reunião) - hamburguer de vaca, couve flor e massa
- 16h30 - 3 alperces
- 19h00 - 3 bolachas de chocolate integrais diese e meio copo de leite magro
- 21h00 - 1 pastel de atum com 1 tomate, meia banana

Tudo isto é ridículamente baixo em calorias. Sem contar com o pastel de atum. Acho que é isso que me está a incomodar. Acho que quanto mais gosto das coisas que como, pior me sinto.
Mas não posso ser assim!
Assim já sei que, por muitos resultados visíveis que isto tenha a curto prazo, o mais certo é eu descambar muito rapidamente para o extremo oposto e ficar ainda pior do que já estava!

Tenho que ficar menos obcecada!Acho que a ideia das bolachas ao lanche vai ser boa porque vai ajudar o meu organismo a manter-se saciado de açúcares (mesmo que integrais) e controlar os meus desejos. Ao mesmo tempo que vão fazer com que tenha energia suficiente para me manter de bom humor até ao fim do dia.

Apesar de ter definido não ir impor objectivos a mim própria até ao fim da dieta, que não vou, há uma coisa que estou ansiosa por ver concretizada. Irrita-me estar a andar e, quando me vejo ao espelho, ver uma massa gorda aos saltinhos por cima dos meus joelhos. Como se as minhas pernas estivessem sobrecarregadas de gordura e nem a conseguissem manter presa.
Com o exerício físico que tenho feito, sobretudo com estas aulas de RPM das terças-feiras, penso que não vai demorar muito tempo até ver resultados neste campo.

Isto está-se a parecer assustadoramente com os meus DEA's, com a diferença que ainda não comecei a fazer quadros diários de refeições (não?) nem a escrever o quanto é bom ter fome e como todos os que me rodeiam são burros por acharem que eu como quando não como.
Até porque como.
Tens que comer, Maria Rita!
Nada de fome! Nada de exageros! Nada de dietas!

em 8 dias:

  • 8 dias bons
  • 5 idas ao ginásio (em 6 dias úteis)
E é assim que passam a faltar apenas 3 meses para o fim da dieta. Sinceramente, até acho que é uma ajuda. Bem sei que comecei com 3 meses e 7 dias mas gosto de ver o tempo passar, motiva-me.
Também me lembro de faltarem 5 meses para ir para Macau e eu achar um desconsolo, e agora que faltam 2 meses e 4 semanas fico muito mais satisfeita, parece mesmo que está quase.

(...)

I am invencible

Há músicas que são verdadeiros clássicos... Que só compreendemos como são realmente intemporais quando as ouvimos passados anos e ainda nos fazem sorrir da mesma maneira, abanar àquele ritmo único, de sorriso rasgado.
Esta música sou EU.
A letra (como sempre), a música, a voz... Esta música sou eu.
Não há muito mais a dizer.


John Mayer - No Such Thing


Welcome to the real world, she said to me
Condescendingly
Take a seat, take your life
Plot it out in black and white
Well I never lived the dreams of the prom kings
And the drama queens
I'd like to think the best of me
Is still hiding up my sleeve


They love to tell you
Stay inside the lines
But something's better
On the other side
I wanna run through the halls of my high school
I wanna scream at the
Top of my lungs
I just found out there's no such thing as the real world
Just a lie you've got to rise above


So the good boys and girls take the so called right track
Faded white hats
Grabbing credits and maybe transfers
They read all the books but they can't find the answers
And all of our parents
They're getting older
I wonder if they've wished for anything better
While in their memories
Tiny tragedies


They love to tell you
Stay inside the lines
But something's better
On the other side
I wanna run through the halls of my high school
I wanna scream at the top of my lungs
I just found out there's no such thing as the real world
Just a lie you got to rise above


I am invincible
I am invincible
I am invincible
As long as I'm alive


I wanna run through the halls of my high school
I wanna scream at the
Top of my lungs
I just found out there's no such thing as the real world
Just a lie you've got to rise above
I just can't wait til my 10 year reunion
I'm gonna bust down the double doors
And when I stand on these tables before you
You will know what all this time was for

23.7.07

Dia #7 - Um início positivo!

Diria que até agora está a correr tudo bem. Consegui passar pelo primeiro fim-de-semana sem grandes alterações no meu modo de encarar esta dieta e diria que não falhei redondamente em nada.
Acho que a regra que me custa mais a quebrar é, como sempre, a primeira. Não fazer dieta. Isto custa-me. O equilíbrio é uma coisa que me custa. É inevitável eu cair sempre para o lado do extremo.
Ainda assim, consegui jantar em casa da Inês no Sábado e comer de modo consideravelmente estúpido: pão, tostas, entradas, fritos, etc. Nada daquilo realmente necessário mas a verdade é que não comi doces nem usei a desculpa do "agora já está estragado o fim-de-semana posso comer o que quiser".

Foi também nessa noite que ouvi o primeiro "estás mais magra". Vindo da Filipa.
Na verdade é mentira, não estou mais magra. Posso, e acredito que esteja apesar de eu não reparar, menos inchada. Quando uma pessoa está num regime alimentar de excesso de gordura o corpo fica ligeiramente inchado, mesmo que isso não signifique estar mais gorda. Esse inchaço passa muito rápido, sobretudo quando o nosso corpo já é um verdadeiro iô-iô, como o meu.

Mas a verdade é que os resultados não me interessam. Se a dieta tem 100 dias, então vou avaliar os resultados passados 100 dias. Até lá, e durante todo o Verão, vou-me comformar com o corpo que tenho, consciente de que é uma consequência das minhas (e só minhas) asneiras, e tentar não ser a pessoa mais complexada do mundo.
Compreendo perfeitamente que nenhum rapaz vai olhar para mim, sobretudo depois de me ver na praia ou na piscina.
A simples ideia de imaginar o meu rabo... A visão do meu rabo para alguém é uma coisa tão triste que acaba rapidamente com qualquer desejo sexual ou mesmo pensamento menos próprio. Nem para isso sirvo, neste momento.

Vou tentar não ficar obcecada com isso.Vou-me tentar basear naquele pensamento que me diz que, afinal de contas, se só gostavas de mim pela minha aparência física, então também não devias ser a pessoa indicada para mim. Preciso de alguém que me dê valor pela minha pessoa, pelo meu conteúdo, pela minha personalidade! Vai-te embora rapaz falso e interesseiro!

Balelas. Whatever.

em 7 dias:

  • 7 dias bons
  • 4 idas ao ginásio (em 5 dias úteis)

20.7.07

Programa de namorado

Será que existe tal coisa? Programa de namorado?


Esta noite sinto-me sozinha, apesar de estar rodeada de amigos. Queria ter um programa daqueles que só se têm com o namorado, queria até ter um namorado só para este programa.
É 6ª-feira à noite, estou cansada, apetecia-me ter chegado a casa, visto um bocadinho de televisão, tomado um banho e saído de casa quando ele me tivesse vindo buscar.
Teríamos ido jantar a um sítio simpático, acolhedor, nada de muito caro nem de muito extravagante. Depois íamos ao cinema, só os dois, ver um filme qualquer que me apetecesse imenso.
Por fim ficaríamos horas à conversa, ou num bar ou no carro um do outro.


Para dizer a verdade, nem era preciso namorado para este programa. Era só preciso um bom amigo. Uma pessoa com quem eu tivesse assim tanto para conversar, uma pessoa com quem eu pudesse estar à vontade, falar do meu dia, das minhas preocupações, das minhas manias... Uma pessoa que me compreendesse. Que compreendesse todas as fatias de mim.

Não quero parecer injusta ou insensível, adoro todos os meus amigos. Ou deveria antes dizer amigas? Sim, adoro todas as minhas amigas. Tenho óptimas amigas.

(...)

Ainda assim, sinto falta daquela pessoa que tenha conversas comigo durante 5 horas seguidas, que tenha os mesmos gostos que eu, que seja parecida comigo.

Uma pessoa que queira andar a pé por Lisboa à noite, que queira ficar sentada num café horas à conversa e ainda ir ver um filme a seguir, que fique ao telefone comigo durante horas, mesmo quando já não há mais nada a dizer.

Já não tenho uma conversa ao telefone há tanto tempo...Não sei se isto é programa que se possa ter com outra pessoa que não seja um namorado, mas era um programa que eu queria assim, para a minha noite de hoje. E a verdade é que também precisava de uma pessoa para esse programa, fosse meu namorado ou não... E não tenho

Dia #4



Já considerada por muitos uma expert em termos de dietas, calorias e todas as palavras dessa família, continuo a ler tudo o que me aparece à frente sobre esse assunto.

Não que haja muito a aprender, acredito que uma pessoa chega a determinada fase em que já absorveu toda a informação necessária sobre determinado tema.

Eu própria, depois de ter tido uma amiga anorética, depois de ter ido ao nutricionista, depois de ter emagrecido desmesuradamente e depois de ter voltado a engordar ainda mais, considero-me uma especialista.

Sei que os benefícios de uma dieta não são, infelizmente, tantos quanto os malefícios psicológicos que esta traz.

Ainda assim, a Visão de 12 de Julho tinha como tema de capa as dietas e determinadas pesquisas que procuram explicar as razões pelas quais temos fome, pelas quais comemos e sobretudo pelas quais não paramos de comer.

Ao que parece, a mãe natureza encarregou-se de fazer com que determindados actos, como o sexo e a alimentação, proporcionassem prazer ao ser humano já que asseguravam a continuação da sua espécie. O que a natureza não foi capaz de prever foi que a determinada altura pudesse passar a haver comida em abundância.

Significa isto que o ser humano foi programado genéticamente para comer tanto quanto aguentar, porque nunca se saberia quando seria a próxima refeição. Aqueles que conseguissem comer mais eram os que tinham mais probabilidades de sobreviver.

Acho isto uma óptima desculpa para os meus ataques de voracidade.

Mas não é disso que venho falar, nem de dietas nem de regimes alimentares estúpidos. Já sei que não funcionam.

Também não quero fazer mais um diário da minha dieta porque de vez em quando vou ler os meus Diaries of an Eating Disorder e pergunto-me sinceramente como é que não me puseram num hospital psiquiátrico.

Nada disso. Acontece que a Visão falava de um pormenor interessante que era o facto de o estômago de um ser humano ser "programável". Ou seja, se estiver habituado a comer a determinadas horas, só vai ter fome a essas horas. Se comer, numa alimentação equilibada, todas as texturas e sabores necessários, não vai ter necessidades desproporcionais.

No entanto, ao que parece estes hábitos só são assimilados quando os hábitos são os mesmos já há mais de 100 dias. Caso contrário, o estômago ainda não os reconhece.

Assim sendo, que tal eu esforçar-me para fazer 100 dias minimamente positivos na minha alimentação?

As regras são:

  1. nada de dietas
  2. nada de exageros
  3. nada de fome
  4. várias refeições por dia
  5. fazer das pequenas refeições (o máximo possível) fruta, iogurtes, leite
    evitar jantares com mais de um prato
  6. evitar carne de porco (só quando possível, senão não há problema)
  7. evitar fritos (só quando possível, senão não há problema)
  8. em casa de outras pessoas, comer tudo o que os outros comerem
  9. aproveitar jantares, almoços, ocasiões sociais e em público para matar saudades daquela comidinha mesmo boa
  10. tentar ao máximo fazer as excpeções aos fins-de-semana; tanto excpeções relativas a comer mais como a comer menos
  11. ginásio! mesmo que não seja fazer ginástica, caminhar 30 minutos todas as manhãs

Podemos dizer que estes dias começaram na terça-feira, dia 17 de Julho, e que portanto acabam a 24 de Outubro, quando eu estiver em Macau.
Hoje é o quarto dia. Destes 4 dias fui ao ginásio os últimos 3, hoje dormi mais um bocadinho mas, no entanto, não adormeci, o que é extremamente positivo para o resto do dia.
So far so good.

em 4 dias:

  • 4 dias bons
  • 3 idas ao ginásio (em 4 dias úteis)

Aqui, a diferença entre "dia bom" e "dia mau" está totalmente ao meu critério, só eu própria posso julgar as minhas acções. Até posso ir a um jantar e comer imenso e decidir que isso não afectou a minha deita dos 100 dias, porque só eu sei a que nível é que isso me pode ter afectado psicológicamente.
Defino então como "dia mau" um dia que tenha perdido o controlo, em que tenha decidido afogar as minhas mágoas em bolachas ou algo semelhante, em que tenha ficado sem força para parar de comer. E até lá, vou rezando para que um dia assim não seja, como é costume, seguido de mais 30 dias iguais.

19.7.07

Rotina Matinal

Todas as manhãs tenho a mesma rotina. Pronto, está bem, nem todas. Mas existe uma rotina que tenho cumprido todas as manhãs e que é a rotina que eu gostaria que fosse, de facto, a rotina habitual.
Como já escrevi aqui várias vezes, até porque já descobri que é realmente uma das minhas atitudes em relação à vida, é nos pequenos gestos que nos encontramos a nós próprios.
Quando a vida corre menos bem, quando falta qualquer coisa no dia-a-dia, seja um sorriso, seja uma pessoa, quando nos sentimos perdidos. É na rotina, na lembrança dos pequenos hábitos que nos dão prazer, no regresso às nossas origens que nos voltamos a encontrar.
Como se fosse possível ligar o botão do piloto automático e deixarmo-nos levar pelas coisas que realmente nos caracterizam. Sejam elas ao nível da arrumação, dos gestos, dos horários. E é nesses gestos automáticos que relembramos o prazer de sermos nós próprios, é nesses momentos que compreendemos porque é que somos como somos. E aí já podemos voltar a desligar o piloto automático, porque já relembrámos o gosto, o prazer de agirmos pela nossa vontade. Já nos lembrámos das razões que nos levavam a ser como somos.

Acordo às 7:05. Podia acordar às 7:00 mas isso significaria que faria tudo o resto 5 minutos mais cedo. Não preciso desses 5 minutos. Também podia acordar às 7:10 mas assim teria que fazer tudo mais depressa, apesar de saber que conseguia chegar ao trabalho a horas à mesma.
Tudo se resume ao tempo que eu preciso para fazer tudo o que preciso antes da hora de começar a trabalhar: às 9:00. Se acordasse às 7:10 chegaria ao trabalho às 9:00 em ponto, o que significa que se me demorasse um bocadinho mais a fazer qualquer coisa me atrasaria.
7:05 é a hora ideal.

O despertador que me acorda é o do telemóvel do trabalho, tenho que me levantar a correr para o desligar porque está em cima do armário. É a única maneira de me levantar, senão já sei que adormeço.
Quando estou deitada, se o despertador estiver ao meu lado, a minha cabeça inventa mil óptimas razões para eu dormir mais cinco minutinhos. E, como já sabemos, cinco minutinhos depois já fica tudo tarde de mais e já nem me serve de nada levantar-me tão cedo, mais vale adormecer e esperar que a mãe me acorde. Cheguei atrasada ao trabalho? Paciência, há dias assim.
O pior é que isso define o dia inteiro. Adormeci, o banho foi a correr, mal tomei o pequeno-almoço. Chego ao trabalho e sinto que mereço comer melhor porque, no fundo, devo estar cheia de fome, e o que começa com uma pequena língua-de-gato acaba por ser um dia totalmente arruinado em calorias desnecessárias. Péssimo humor, má vontade, má disposição e uma total necessidade de me alhear do mundo e de todos os seus habitantes, que só existem para me fazer sentir gorda e infeliz.
É por isso que o telemóvel fica em cima do armário. Mal ele toca nem tenho tempo para pensar. Se o deixar a tocar mais do que uns segundos ainda acordo alguém no quarto ao lado e isso é totalmente injusto porque ainda é cedíssimo. Se bem que no momento em que ele toca nem é nisso que eu penso. A primeira coisa que me vem à cabeça é que o mundo vai acabar! Por que outra razão é que o armário estaria a abanar tanto? É impressionante o poder de um pequeno telemóvel e é impressionante a velocidade a que uma pessoa se consegue levantar da cama.
E ainda bem que tenho um telemóvel do emprego, porque senão não poderia fazer este número. Apesar de dormir com o meu próprio telemóvel desligado, gosto de o desligar quando já estou deitada, talvez ainda na esperança de uma mensagem de boa noite de uma pessoa qualquer que nem existe. É também no meu telemóvel que está o melhor Valdispert de que o mundo tem memória: o Tetris. Companheiro leal de todos os meus dias, não passa um em que não lhe dispense uns 15 minutos da minha atenção.
Resumindo, seria impensável já estar deitada e voltar-me a levantar para por o telemóvel em cima do armário. Dois telemóveis é essencial para a minha rotina diária. sim, têm que ser dois telemóveis e não um telemóvel e um despertador. O som do despertador é traumático, arruina o juizo de qualquer pessoa minimamente sã.

Mal acordo dispo muito rápido a camisa de noite (ou pijama, porque eu também uso pijama, sobretudo no Inverno, mas normalmente é camisa de noite) e visto as calças de ginástica que foram previamente colocadas na cadeira cor-de-rosa do meu quarto. As calças, o soutien de desporto - totalmente essencial porque um soutien normal não faz efeito nenhum quando se faz exercício - um top qualquer, umas mini-meias e os ténis. Isto no Verão, porque no Inverno tenho que vestir uma camisola.
Tudo isto demorou apenas segundos porque estou morta de sono e liguei o piloto automático. Vou à casa de banho e vou tomar o pequeno-almoço.
Fitness com Chocolate: os meus cereais preferidos! Podem-me vir com o discurso de que cereais não é bom para a dieta, que só devem ser consumidos moderadamente e que o chocolate engorda.
Em primeiro lugar, de dietas sei eu a lenga-lenga inteira. Depois, eu como moderadamente, não chego às 40g. e como-os precisamente na altura em que se devem comer cereais: antes do exercício físico.
Em relação ao chocolate, tendo em consideração que aquilo tem uma pepita de chocolate por cada colher de sopa e eu só como cerca de 5 colheres por pequeno-almoço: não me interessa. Eu sei que o chocolate engorda mas neste momento consumo-o sabendo que é essencial para a minha sobrevivência.
Já aqui falei do difícil que é, para mim, manter um equilíbrio. Seria mais fácil para mim ser totalmente anorética e só comer coisas totalmente desprovidas de conteúdo energético. No entanto, eu não quero ser anorética. Já lá estive perto e é perigoso de mais. O truque está em "quebrar" todos os dias as regras, um bocadinho que seja, para manter um equilíbrio saudável. O meu sangue precisa de açúcar, eu sou gulosa. Se o facto de comer 5 pepitas de chocolate ao pequeno-almoço me faz não ter ataques de voracidade durante o dia, que seja.
Acabo os cereais e bebo o leite que ficou na tijela. Daí ser bom haver tijelas para cereais e não apenas pratos de sopa. Não dá jeito nenhum beber leite dos pratos de sopa e é impensável ficar a "comer" o leite com a colher, para isso teria que me levantar mais cedo. Quando chego a este ponto do pequeno-almoço o leite ainda estava praticamente todo na tijela porque eu ainda tenho o hábito de "escorrer" os cereais na borda da tijela antes de os comer: vícios de quem odeia leite. No entanto, é com orgulho que admito que foi a minha resolução para o ano de 2006 passar a beber leite todos os dias, daí que em vez de o deitar fora no final, como sempre fiz, de há mais de um ano para cá que o bebo todo até ao fim (não que seja muito). Já não odeio leite agora, já cresci, já só não gosto.
Ultimamente tenho o cuidado de reparar se a tijela não fica com cereais colados quando a deixo no lava-loiças porque sei que, se secarem, é dificílimo voltar a tirá-los. É o mínimo que posso fazer pela Francisca.

Tiro do frigorífico a caixa com o almoço que cozinhei previamente na noite anterior, o iogurte e a fruta.
Regresso à casa-de-banho para lavar os dentes e passar a cara por água. Não me parece lógico ter grandes trabalhos a lavar a cara porque vou suar que nem um porquinho não tarda nada, no ginásio. De qualquer maneira nunca tenho grandes hábitos de lavar a cara logo pela manhã. Acho que o facto de se promover o hábito de lavar a cara duas vezes por dia é marketing puro. De que é que serve? Antes de me deitar lavo a cara com um sabonete específico, uso um tónico esfoliante e um creme hidratante. Ainda está para nascer a pessoa que me vai dizer que durante a noite a minha pele se sujou ao ponto de eu repetir a rotina toda, porque não sujou que eu bem sei.

De regresso ao quarto, já estou totalmente pronta! Revejo mentalmente tudo o que possa precisar e certifico-me que não me esqueci de nada. Tenho o pânico de um dia chegar ao ginásio e não ter algum dos meus bens essenciais: a toalha, os chinelos, o shampoo.
Com sorte, lembro-me do telemóvel do trabalho que muitas vezes volto a atirar para cima do armário depois de o desligar.
Sair de casa. Carro ou mota? A decisão prende-se com uma série de factores que me são externos. Por mim vinha sempre de mota, mas há dias em que 1.chove, 2.preciso de ir a algum lado depois do trabalho, 3.a joana, aqui no escritório, precisa de ir comigo buscar um computador (situação actual), 4.quero muito vestir uma saia e não consigo andar de mota com saia ou 5.tenho preguiça de vir de mota. Sim, porque vir de mota pode ser cansativo, sobretudo com o saco da ginástica às costas.

Tudo isto demorou apenas 10 minutos e pelas 7:15/7:20 estou a sair de casa. Mal chego ao ginásio vou para o meu cacifo pré-definido, mais ou menos em frente ao espelho mas sem ser no centro do balneário.
Guardo as minhas coisas, tiro o cadeado que estava preso no meu porta-chaves e fecho o cacifo. Normalmente perco uns segundos a pensar porque é que nunca troquei o código do cadeado. 666 é um número mórbido. Tenho esse código porque também é o código da minha mala de viagem, código esse que já me tinha esquecido até ao dia em que alguém rodou os números e ela ficou ameaçadoramente aberta para sempre. Depois de horas a pensar que código é que eu poderia eventualmente ter posto, um qualquer diabinho dentro de mim lembrou-me que podia ser 666, não é que era mesmo? Não sei o que me terá passado pela cabeça. O que sei é que quando vi o meu cadeado de código, com os dígitos iguais aos da mala, nem me lembrei de por um código diferente.
Vou para o ginásio e cumpro a minha obrigação diária: meia-hora em cima da passadeira. A isto não se chama fazer exercício, porque não é, chama-se fazer um esforço pela minha saúde. O meu objectivo não é ficar horas no ginásio nem queimar 900 calorias ao mesmo tempo que tonifico todos os músculos do me corpo. É como a questão do chocolate: eu poderia fazer isso, já fiz e sim, é viciante, mas não é sustentável e faz mal à cabeça.
Assim sendo não exijo nada de mim senão ficar ali meia-hora em cima. Estou cansada? Dormi pouco? Muito bem, então posso passar essa meia-hora a andar, até devagar, se quiser.
Claro está que mal chego aos 5 minutos, tempo que defino previamente para aquecer, começo a correr. O tempo que consigo ficar a correr depende exclusivamente do cansaço do meu corpo. Ontem consegui correr 20 minutos sem parar, o que considero óptimo, hoje já só consegui correr 15, com um intervalo de 5 a andar pelo meio. O que interessa é que nessa meia-hora não pare, e não paro mesmo.

Acho que esta vai ser a solução ideal para o meu problema de pés inchados. Sem contar, claro está, que apesar de parecer insignificante apenas meia-horas no ginásio, não nos podemos esquecer que é meia-hora todos os dias da semana. Faz diferença e eu estou de rastos.Volto para o balneário e toda eu sou suor. Não há uma única peça de roupa que dê para voltar a usar, nem as calças. Está tudo encharcado.
Vou para o banho e as endorfinas que o meu corpo entretanto produziu estão-me a deixar em histeria, estou totalmente acordada!

Chego ao duche com o meu shampoo, o meu amaciador, o meu gel-duche de tangerina e o pente. Ligo o chuveiro com a água gelada e deixo o meu corpo arrefecer. Sabe tão bem. A diferença de temperaturas é uma sensação maravilhosa, para não falar no bem que faz à circulação (mais uma vez, pés, desinchem!).
Quando fico com frio ponho a água um bocadinho mais quente e aí basta-me que fique quase morna para já fazer toda a diferença. Aguento assim o resto do banho, sabe-me lindamente, e evito aqueles banhos a escaldar que fazem tanto mal à pele e ao coração.
Fora do banho, de regresso ao meu cacifo. Tenho o cuidado de vestir as cuecas antes de me desembrulhar da toalha. Não tenho nada contra a nudez mas admito que me faz impressão aquelas mulheres que fazem questão de se desolcar pelo balneário de tolha aos ombros e pipi à mostra como se fosse normal. Podemos ser modernas, eu sou moderna, juro, mas não acho normal.

Hidratante pelo corpo todo, soutien, vestido, desodorizante, hidratante de rosto, baton hidratante, hidratante nos pés, sandálias. Claro que estou a descrever a rotina de hoje porque todos os dias a roupa muda. Dou um jeito na franja com o secador do ginásio. A franja fica lisa e o resto do cabelo seca naturalmente. Fica giro assim.
Saio do ginásio e venho para o trabalho. Se tudo correr bem, chego cá pelas 9:55. Subo, ligo o computador e vou guardar as minhas refeições no frigorífico. Volto, sento-me, só aí ligo o meu telemóvel e passo os primeiros minutos da manhã a ver os blogs e sites obrigatórios, assim como o mail e quase sempre a previsão meteorológica.
Acabou a rotina, a partir de agora já só tenho definido as horas das refeições: iogurte às 10:00, almoço às 13:00, fruta às 16:00. O resto do dia corre à sua maneira.

Afinal de contas, todos os dias são diferentes e eu só relatei as primeiras duas horas!

16.7.07

O 1º dia do resto da minha vida

Hoje é, de facto, o primeiro dia do resto da minha vida.
Todos são, claro, mas há sempre aqueles aos quais damos mais importância.
Hoje é um dia desses.
Chega de me afogar nos meus próprios vícios. Chega de arranjar desculpas para afundar a minha própria infelicidade.
Chega de me considerar infeliz por razões que, já eu sei muito bem, nem sequer me faria felizes se existissem.
Quando adormeci, ontem à noite, já sabia que ontem seria o último dia do meu passado e que esta manhã iria acordar uma pessoa nova.
Como é habitual nestes meus dias cheios de resoluções, não faltam desculpas perfeitas para eu adiar o meu primeiro dia por mais uma semaninha ou duas. Mas hoje não, hoje vou ter força.
Chove a potes e estamos a 16 de Julho, tenho dentista, não há internet no escritório.
Nada disso me vai demover.
Sorrio.
Concentro-me nas partes boas.
Ainda não fiz asneiras hoje. Ainda não são sequer 9h30 mas já é um começo. Podia ter comprado um bolo à chegada a Santos e não comprei. Podia ter adormecido e não adormeci. Há tantas coisas nas quais falho logo pela manhã e que me tiram a motivação para ter força o resto do dia. São coisas que afectam o meu equilíbrio.
Tenho obrigação de as manter, tenho obrigação de conseguir seguir determinados passos que são essenciais para o meu bem-estar psicológico.
Como se se tratasse de uma pessoa doida ou esquizofrénica, preciso de determinadas rotinas na minha vida. Porque são mais que rotinas, são alicerces.
Porque falhar incomoda-me tanto que sinto que, se já falhei, mais vale falhar o resto do dia porque agora já é tarde de mais para sentir que foi um dia positivo.
Talvez isto se resuma ao facto de ser exigente de mais comigo própria.
Gostava de conseguir cometer um erro e pensar “pronto, fiz asneira mas agora não repito”. Não consigo. Cometi um erro e estraguei o dia, a semana, talvez até o mês. Qualquer esforço para por tudo bem é inútil e mais vale desistir de tentar ser perfeita. Pelo menos até ao próximo primeiro dia.
E hoje é um desses dias.
Novas resoluções. Novas forças. Novas vontades. Novos objectivos. Novas metas. Tantas coisas novas mas que nada têm de novo.
A luta continua a ser a mesma.
Gostar de mim.
Saber perdoar-me. Saber errar.
Não perder a força.
Encontrar um equilíbrio bom que entre no meu sistema sem eu ter que o impor a mim própria.
Ter força para lutar por todos os pormenores que me fazem sentir melhor com o mundo. Ter atenção aos detalhes.
Não deixar para trás pequenos gestos dos quais mais tarde me vou arrepender.
Ter sempre aquela motivação para ir um bocadinho, sempre um bocadinho mais longe.
Surpreender-me. Não pensar em surpreender os outros. Surpreender-me.
Chegar ao fim dia, à cama, ansiosa por uma boa noite de sono e conseguir pensar: descansa Rita, hoje mereces.

E tudo isto sem extremismos. Não, os extremismos são o que há de mais perigoso.
Para mim seria mais fácil encontrar uma solução extremista.
Refeições de 2h30 em 2h30 com tolerância de 20 minutos; cerca de 150 calorias por refeição; ginástica 4 vezes por semana no mínimo; 30 minutos de leitura por dia; ler a Visão semanalmente; ler a Saber Viver mensalmente; ler o site do Diário de Notícias e do Meios & Publicidade diariamente; decorar os países da Europa e os distritos de Portugal; fazer uma lista dos livros que quero ler e comprá-los; estudar o Mercator no mínimo 3 horas por semana até começar a Pós-Graduação.
As regras são a parte mais fácil.
Se as impusesse a mim própria não tenho dúvida que as conseguiria cumprir.
Até ao dia. É sempre até ao dia.
Depois a dada altura algum factor externo iria impor uma quebra na minha rotina meticulosamente preparada e eu iria parar, olhar para mim e ver o quão infeliz eu sou.
Sem tempo para pensar, para sonhar, para os meus devaneios tão característicos.

E é por isso que é tão importante que eu encontre o meu equilíbrio. Porque sei que me sinto melhor num dos dois extremos: no extremo da perfeição ou no extremo do caos.
Porque sei que ambos me fazem mal.
E a luta mais difícil é manter-me no equilíbrio, não me deixar cair para nenhum lado.
Saber ser eu própria mas saber errar. Saber desculpar-me e saber abrir excepções. Saber ter força para parar de fazer asneiras e saber que todos os dias são bons para começar de novo.
Encontrar-me nesse equilíbrio, redescobrir-me. Aprender esse caminho tão sinuoso como uma lâmina de uma faca e conseguir, eventualmente, percorrê-lo de olhos fechados.

Sangue Azedo?

Maldito mosquito. Acabou de me picar. E agora outra vez.
Não costumo ser picada por mosquitos. É daquelas coisas que me definem, daquelas coisas que dizemos em público. "Não costumo ser picada, tenho o sangue azedo."
O que é que isto significa? Sangue azedo? Em primeiro lugar nem sei se existe tal coisa, sangue mais azedo, mais doce, mais amargo. Em segundo lugar, mesmo que exista, eu não tenho sangue azedo de certeza. Sou tudo menos azeda.
Quanto muito posso fingir, muitas vezes, ser azeda. Mas mesmo assim acho que nem nisso tenho sucesso.
Sou tudo menos azeda, tudo menos fria. Se o fosse não teria tanta coisa para escrever, não sentiria tanto tudo o que me rodeia. Não teria paciência para interpretar de tantas maneiras quantas possíveis (ou mesmo impossíveis!) tudo o que se passa à minha volta. Mesmo o que não me diz respeito.

(...)

É assim que eu sou.
Sou eu.
Gosto de me definir.
Sou curiosa e não sou picada por mosquitos.
Ultimamente tenho sorrido. Tenho pensado mais do que o normal, tenho sentido mais do que em qualquer tempo dos últimos anos e tenho escrito absurdamente mais do que em qualquer outra altura da minha vida. E isso faz-me sorrir. Faz-me bem, sinto-me bem.
Tenho-me encontrado.
E é engraçado que tenho encontrado esta pessoa sorridente que, uns dias melhor outros dias pior, ainda consegue chegar ao fim do dia feliz.
É bom saber que consigo respirar, viver, seguir com o meu dia-a-dia sem ter que me apoiar incondicionalmente noutra pessoa. Sem pensar nessa dependência que foi o meu sustento durante tantos anos.
Sei que foi essa dependência que arruinou as minhas relações e quando comecei essas relações sabia que era isso que as iria arruinar. Mas ainda assim é engraçado eu admití-lo porque sei que é um erro que vou voltar a cometer.
Sexta-feira fui jantar com umas amigas. Daquelas com que se consegue conversar sem se ter medo do que elas pensam. Pelo menos algumas delas. Uma delas sabe sentir o que eu sinto e sabe ter paciência para me ouvir falar. Somos muito parecidas, adoro desabafar com ela.
Falávamos sobre este assunto, de mudarmos quando realmente amamos alguém.
Ela concorda comigo e foi bom ver a perspectiva de alguém que está realmente dentro de uma relação e que tem noção dos erros que provavelmente está mesmo a cometer.
Ela sabe que tem sido chata, sabe que é dependente do namorado, sabe que sem ele ficaria sem nada. Ainda assim, é assim mesmo que ela é. E porque não?
Afinal de contas eu sei ser independente. Se havia, porventura, necessidade de provar isso a mim própria, está provado.
Mas também sei que no dia em que voltar a amar alguém loucamente, nesse dia vou voluntáriamente entregar-me a essa pessoa. Porque é assim que eu sou. Sou uma namorada dedicada e para mim só faz sentido amar com essa dedicação, com essa expressão perfeita de paixão profunda.
Até agora foi isso que arruinou as minhas relações. Seja porque essa paixão não foi correspondida e eu me perdi de mim própria ou seja porque foi correspondida de mais e ele se perdeu de ele próprio, de nós, e de mim.
Mas acredito que quando chegar a pessoa certa isso vai resultar. E aí já vamos ser maduros o suficiente para só exigir do outro a dedicação que ele estiver disposto a dar e para só darmos ao outro aquilo de nós que for para dar. Saberemos guardar o que é só nosso, só para nós.

Estou ansiosa por esse dia, mas sei que este não é o momento certo para que ele chegue.
Neste momento a prioridade sou eu, tenho que ser eu.
Neste momento quero continuar a sorrir como tenho sorrido. A sorrir para mim, com uma cumplicidade própria de quem se descobre e de quem compreende finalmente que ainda é possível ser feliz só com o mundo inteiro.
E digo "só" porque o mundo inteiro não costuma ser suficiente quando amo alguém. Porque quando amo alguém esqueço o mundo e tudo o que está lá dentro para essa pessoa passar a ser o meu universo.
Mas hoje quero-me esquecer do universo e centrar-me no mundo. Em tudo o que há no mundo. Em tudo o que me falta descobrir, aprender, conquistar.
Quero saber todos os países, quero conhecer todas as músicas. Quero saber como são as pessoas, quero compreendê-las, quero que me conheçam. Não quero ter medo do que possam pensar de mim.
Quero nadar! Quero ir ao fundo do mar e quero-me deitar na areia e sentir o sol a aquecer-me. Quero comer gelados.
Quero conquistar amizades novas e quero fazer com que as amizades que já tenho sejam as mais fortes do mundo, eternas. Quero-me sentir bem com as minhas amigas. Quero saber que posso contar com elas, quero que elas saibam que podem sempre contar comigo.
Gostava de ter um amigo, um ou mais. Não tenho amigos rapazes, nunca tive.
Tive um mas deixou de me falar. Tenho saudades dele.
Tenho saudades mas acho que é porque era o único amigo que tive que nunca foi meu namorado. Gostava de saber o que é confiar num rapaz, estar à vontade, combinar um café, sem a pressão do romance, do olhar, da postura, da roupa.

(...)

Posso sempre começar por escrever um texto sobre mim, tentando-me definir, mas a verdade é que quando me começo a cansar e paro para pensar no que já escrevi, só me confundi.
Tenho tantas fatias que se as juntasse a todas acho que faria mais do que uma só tarte. Sim porque eu seria uma tarte, não seria um bolo.
Uma tarte sorridente, curiosa e que não é picada por mosquitos.
Que chega a mais um Domingo à noite a achar que a Segunda-feira seguinte é o primeiro dia do resto da sua vida. Mais uma esperança numa dieta, mais uma vontade de acordar a horas, mais um bocadinho de força para trabalhar.
E, como sempre, com mais uma fatia de mim sempre à procura daquele momento mágico que, seja ele qual for porque nem eu sei muito bem, vai concretizar um sonho qualquer, ou pelo menos uma fatia de um sonho qualquer.

13.7.07

United States of America

Há cerca de duas semanas achei por bem fazer exercícios de memória. Do género dos que fiz com os planetas do sistema solar ou dos estados onde há cidades chamadas Lisbon.

Os planetas acho que sei que são Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno, Ceres, Plutão e Éris. Boa!

Os estados com cidades chamadas Lisbon não fiz grande esforço para os passar para a minha memória definitiva porque não é de grande interesse.

O que eu quis decorar, no entanto, foram os 50 Estados Unidos e a sua localização no mapa. Acabou por ser uma tarefa muito fácil e em menos de um dia de trabalho (ou sem trabalho) consegui sabê-los todos. Durante uns dias ainda treinei e consegui, com sucesso, apontá-los no mapa e agora dou por mim, uma semana ou mais depois, a perguntar-me se conseguirei ainda dizê-los.

Vou tentar, sem copiar.


Este é o mapa que eu imprimi, vezes e vezes sem conta, e que consegui preencher quase sempre sem ajuda. Vou agora tentar escrever tudo aqui.

Começando por cima, à esquerda, temos Washington, abaixo Oregon e California. À direita da Califórnia está o Nevada com Idaho e Montana em cima. À direita do Montana está North Dakota que, em linha recta para baixo tem South Dakota, Nebraska, Kansas, Oklahoma e Texas. À esquerda do Texas está New Mexico e depois Arizona. Ficam a faltar aqueles três do centro que são o Colorado, Utah e Whyoming.

Metade já está, vamos para o "East Side".

Começando pelo Suodoeste e seguindo pela costa temos Louisiana, Mississipi, Alabama, Florida (com Georgia em cima), South Carolina, North Carolina, Virginia (com West Virginia à esquerda), Maryland (com Delawere no cantinho), New Jersey, New York, Connetticut, Rhoad Island, Massachussets e Maine. Os dois à esquerda do Maine, mesmo lá em cima, são New Hampshire e Vermont e aquele grande à esquerda de New York é Pennsylvania. À esquerda da Pennsylvania está Ohio, Indiana e Illinois, e abaixo destes três está o Kentucky e o Tennessee.

Fica-me só a faltar aquela fila acima do Louisiana, que é o Arkansas, W(...), Iowa e Minnesota. Que do seu lado direito têm ainda o Wisconsin e Michigan.


À partida diria que estão todos, está-me só a falar aquele abaixo (ou talvez acima, admito que estou perdida) do Iowa.

Vou contar os que escrevi: Washington, Oregon, California, Nevada, Idaho, Montana, North Dakota, South Dakota, Nebraska, Kansas (10), Oklahoma, Texas, New Mexico, Arizona, Colorado, Utah, Whyoming, Lourisiana, Mississipi, Alabama (10), Florida, Georgia, South Carolina, North Carolina, Virginia, West Virginia, Maryland, Delawere, New Jersey, New York (10), Conneticut, Rhoad Island, Massachussets, Maine, New Hampshire, Vermont, Pennsylvania, Ohio, Indiana, Illinois (10), Kentycky, Tennessee, Arkansas, Iowa, Minnesota, Wisconsin, Michigan...
47... Faltam-me três... Vou imprimir o mapa (em branco) para ver se descubro.

CALMA! Nem precisei de preencher estados nenhuns. Esqueci-me de referir o Hawaii e o Alaska que não fazem parte do "território".

Só me falta mesmo aquele que começa por W e saber se estou a pô-lo bem. Ou seja não me lembro se é acima ou abaixo de Iowa. Vamos ver...


MISSOURI! Se eu não estivesse tão obcecada com a letra W se calhar até tinha chegado lá. Até acertei na localização.


É oficial, sei os Estados Unidos de cor!


Cenas dos próximos exercícios: os distritos de Portugal e o mapa da Europa!

10.7.07

Dream dream dream

Às vezes estou num sítio qualquer, sozinha ou acompanhada, ocupada ou a olhar para o ar, e começo a sonhar com qualquer coisa maravilhosa.

Sempre fui sonhadora, sempre tive uma imaginação fértil. Chegou mesmo a haver uma professora que escreveu um bilhete à minha mãe para que ela tivesse em conta que eu escrevia composições absolutamente surreais, e já tinha 13 anos. Houve outros professores, quase todos, que avisavam os meus pais do meu comportamento estranho nas aulas; enquanto que muitos alunos se distraíam uns com os outros, eu distraía-me sozinha, voava pela minha imaginação fora e só aterrava quando me puxavam até ao chão.

E gosto de ser assim, gosto de conseguir sonhar sozinha. Nunca me sinto só, desocupada, aborrecida. Quando me vejo sozinha, por uns momentos que seja, penso logo num tema de sonho que me agrade e deixo a minha imaginação voar.

Muitas vezes adormeço, outras distraio-me e esqueço-me do meu sonho, mas muitas outras deixo-me apenas levar pelas minhas fantasias e imagino situações reais, tão reais que poderiam acontecer no dia seguinte.

Podia perder tempo a tentar interpretar os meus sonhos, podia falar com um psicólogo e talvez ele me dissesse que isto significa mil coisas em mim, mas são mil coisas que prefiro continuar sem saber porque provavelmente sabê-las significaria perder a vontade de sonhar.

Também podia contrariar esta minha tendência, porque sei tão bem que estes sonhos só me dão expectativas tão altas que é difícil alguém na vida real conseguir satisfazê-las. E muitas vezes espero mais dos outros do que aquilo que eles me estão dispostos a dar, porque em sonhos me davam nem mais, nem menos, mas precisamente aquilo que eu sempre tinha querido.

Mas prefiro não pensar muito nisso. Prefiro ser como sou, prefiro continuar a sonhar. Por enquanto, e espero continuar a ser assim, consigo separar muito bem a realidade daquilo que sonho.

O facto de sonhar com determinadas coisas não significa que não consiga ser feliz sem elas na vida real, porque sei que consigo. Significa apenas que sei ver mais além daquilo que me é dado, que consigo ver em pequenos gestos dos outros, intenções fantásticas que tinham como objectivo dar-me toda a felicidade que teria tido se me tivessem dado aquilo com que eu tinha sonhado.

Ultimamente tenho sonhado mais que o habitual. Acho que sonho mais quando não tenho nada de maravilhoso a decorrer no meu dia-a-dia, mas quando ao mesmo tempo me sinto suficientemente bem comigo própria para querer sonhar.

Quando estou mal não sonho, quando estou triste não consigo imaginar momentos felizes e perfeitos. Seria bom se o fizesse porque seria mais fácil deixar de estar triste.
Acho que só sonho com situações para as quais estaria eventualmente preparada para viver. Só sonho com aquilo que quero realmente que me aconteça, seja agora ou seja mais tarde.

Acho que tenho sonhado mais por ter passado por esta fase de descoberta de mim própria. Enquanto tivesse assuntos que me remoíam e que me perseguiam não conseguia ter a consciência tranquila. Sem a consciência tranquila não conseguia gostar de mim como pessoa, de mim cá dentro, o suficiente para achar que merecia sequer sonhar, quanto mais viver aquilo com que sonhava.

E esta fase de equilíbrio tem-me feito bem por isso mesmo. Provavelmente uma pessoa olha para mim, para a minha vida, e não vê qualquer diferença. Eu própria admito que a minha rotina não tem nada de apaixonante ou de arrebatador.
Mas eu estou diferente, e isso muda todo o meu quotidiano.
Porque estou pronta para a paixão, porque estou apaixonada! Estou apaixonada por esta leveza que me faz andar de cabeça erguida, por este sentimento de liberdade que me diz que não tenho nada a temer. Por esta sensação de calma que me mostra que o que interessa é o presente e tudo o que o futuro me vai trazer.

Houve erros, vão haver sempre erros. Mas se não tivessem havido se calhar não tinha nada a ganhar, nada a aprender! Se calhar não seria a pessoa que sou hoje, não estaria tão preparada como realmente estou para tudo o que a vida me vai oferecer.

9.7.07

O Cristo Redentor - uma maravilha?


Não consigo ter uma opinião definida sobre as Novas Sete Maravilhas do Mundo.
Por um lado acho uma ideia muito simpática e acho maravilhoso chamar a atenção dos cidadãos do mundo para as maravilhas que o Homem construíu. A riqueza desse partimónio é inigualável e ninguém tem dúvidas que há obras de arte que não se vão voltar a repetir.
Mas uma coisa é assumir isso, outra é deixar que uma votação de carácter mundial seja influenciada indicriminadamente por milhões, sem que haja qualquer tipo de controlo sobre esses votos.
Eu compreendo que estou a falar de um verdadeiro atentado ao espírito democrático, que é impossível influenciar de alguma forma uma votação, sobretudo tão ampla quanto esta. Compreendo a beleza de fomentar a participação de todos os habitantes do planeta Terra e consigo ver a maravilha que é sentir que houve milhões, literamente milhões de pessoas a participar.
Mas será que não se podia ter pedido destes eleitores um bocadinho de bom-senso? Será que não se podia exigir um bocadinho de cidadania mundial em vez de um exagerado zelo patriótico?
É obrigatório que cada oportunidade de ver o nosso país trepar por cima dos outros faça com que uma escolha justa do nosso património mundial seja posta em causa?
Porque é que o amor, o vínculo que sentimos ao nosso país e à nossa nação deverá ser maior que aquele que sentimos pelo mundo que habitamos? Com que descaramento é que elegemos aquilo que nos faz triunfar em detrimento daquilo que realmente sabemos que é o melhor?
Sobretudo porque, afinal de contas, quem beneficia é a Humanidade, são os filhos dos nossos filhos, que vão estudar na escola quais os monumentos considerados os mais belos deste planeta. Eles não têm o direito de saber, de facto, quais são esses monumentos? A mim parece-me que têm.
E portanto parte de mim sente que esta eleição não tem credibilidade suficiente para ser comparada à verdadeira escolha das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Essas sim, verdadeiros exemplos do poder que o Homem tem de moldar a natureza e de criar obras tão belas que devam ser recordadas para sempre.
É fácil de deduzir que esta minha opinião se baseia, única e exclusivamente, na eleição da estátua do Cristo Redentor para uma das Sete Maravilhas do Mundo.
E não digo isto apenas por não gostar da estátua, que não gosto, mas sim porque acho inconcebível que seja um facto assumido que esta estátua tenha sido eleita por um povo ávido de reconhecimento e de projecção, um povo sem cultura e sem conhecimento, que fez a sua escolha apenas porque quer voltar a "ganhar" aos outros como quem ganha mais um Mundial de Futebol.
Os brasileiros viram esta oportunidade como mais um momento ideal de transmitir ao mundo a sua febre, a sua dedicação doentia a um país que, no fundo, não tem nada que lhe dê mais valor que a qualquer outro país em vias de desenvolvimento.
O resultado? Uma votação histórica que foi influenciada pelos votos desmesuradamente exagerados desta população histérica que, espalhada pelo mundo fora, encontrou a única oportunidade possível de se ver junto dos grandes e dos inesquecíveis sem ser através do, imagine-se, futebol!
Só havia dois cenários possíveis para o resultado desta votação mundial.
Por um lado, e penso que era o cenário que se tinha em mente que iria ter lugar, poderíamos contar com o bom-senso da humanidade em eleger imparcialmente os monumentos que constituem a riqueza do nosso património. Os cidadãos de todo o mundo que tivessem um computador ou um telefone ao seu alcance iriam participar de livre vontade e eleger os seus sete monumentos favoritos.
Esta escolha teria como factores decisivos o seu gosto pessoal, a vontade de participar num projecto que une todo o mundo e o interesse em ver reconhecidas as escolhas mais justas para que sejam recordadas para a posteridade.
O outro cenário, que foi o que infelizmente acabou por ter lugar, foi uma votação parcial influenciada por um nacionalismo despropositado e fora do seu lugar.
Porque longe de mim alguma vez acreditar que a Ilha da Páscoa era melhor candidata que o Cristo Redentor se, feitas as contas, a Ilha da Páscoa não tem habitantes! E longe de mim gostar que o Stonehenge fosse reconhecido pela humanidade se a série Os Imortais já passou de moda!
E deve-se ter em conta que esta crítica que aqui faço é exclusiva ao povo brasileiro. Não me parece que tenha acontecido o mesmo com o resto das nações detentoras de candidatos às Sete Maravilhas, o que até é de admirar. Porque se nos lembrarmos de países cujo patriotismo fervoroso se destaca, até é de estranhar como é que a Estátua da Liberdade não foi também uma das eleitas.
Mas não, aqui o que está em causa não é apenas o patriotismo, mas é esta febre de vencer aliada a um povo com baixíssimos índices culturais e sem qualquer tipo de capacidade de distinção entre o que é uma competição e o que é um reconhecimento justo de factores cujo desempenho já nem sequer pode ser alterado.
Porque por muito que eles queiram, por muito que tenha sido eleito, o Cristo Redentor nunca vai ser mais bonito que o Timbuktu nem nunca vai ter o significado que tem a Acrópole. Por muitos brasileiros que haja pelo mundo, eu não vou querer ensinar aos meus filhos o que é o Cristo Redentor tanto quanto lhes vou querer explicar como é que a civilização Inca viveu no Machu Picchu.
Foi um momento triste no meio de uma cerimónia bonita, de um momento que tinha as atenções do mundo e que podia ter sido ideal para cultivar esta sensação de pertença e de orgulho no nosso planeta.
Em vez disso ficámos com uma noção menos feliz do poder da Internet que, ao alcance de qualquer um, tem a capacidade de fazer com que a posteridade recorde como maravilhoso aquilo que é apenas mediano ou mesmo medíocre, falando tanto do Cristo Redentor como do seu povo rendido.

Amigos?

Pronto, já está, passou-me!
E finalmente, tenho que admitir!

Já consigo, já podemos ser amigos, já podemos falar.
Acho que já estou pronta para te ver como um amigo, como um companheiro de vida com o qual vou falando ao longo dos tempos, como uma pessoa à qual vou querer contar novidades esporádicamente e de quem vou querer ter notícias.
Não quero que desapareças, sabes?
Não te quero perder como pessoa porque compreendo a importância decisiva que tiveste em todas as minhas fases de amadurecimento.
Foste, de longe, das pessoas que mais me marcaram. Acordaste-me para um mundo que eu desconhecia, um mundo que se tornou o nosso, e foste tu que me tiraste da letargia infantil na qual vivi até tarde de mais.

(...)

Foi contigo que cresci, foi só contigo que começou a minha adolescência. Se não fosses tu eu não sabia o significado dos sentimentos, a razão pela qual o nosso coração bate mais depressa ou mais devagar, ou porque é que chega mesmo a parar. Se não fosses tu eu ia amar todas as pessoas que ainda acho que vou amar mas não ia saber a origem, a razão, a fonte desse sentimento que só senti pela primeira vez contigo.

Sei que já o voltei a sentir, sei que vou voltar a sentí-lo, sei que vou amar tanto ao longo da minha vida, sei que vou ser tão feliz... Espero que estejas sempre lá para que eu possa partilhar contigo todos esses momentos. Espero poder contar contigo quando precisar de um ombro, espero que me saibas ouvir.
Espero acima de tudo que saibas que não, não vou mesmo a lado nenhum.
Que te vou apoiar em tudo, que vou ser tua amiga sempre, daquelas amigas que toleram, que compreendem, que ajudam. Que batem quando vêm que não vês que estás a fazer asneira.

Obrigado por tudo.
Dizes-me que não se agradece às pessoas por serem como são, mas eu agradeço-te. Agradeço-te porque acho que tens estrelas a mais para seres classificado do zero ao cinco.
Porque me fizeste crescer, porque foste o princípio da pessoa que sou hoje e porque não quero que deixes de estar cá no meio e no fim dessa pessoa.
Seja como for, mais ou menos presente, só quero que saibas sempre estar cá, como eu vou saber sempre estar cá para ti. Porque sei que o vou saber.

(...)

Acabaram-se os segredos, acabou-se o peso que eu sentia. Seja porque te amava, seja porque te tentei esquecer, seja porque não te esquecia, seja porque não me amavas, seja porque me esqueceste.
Já percebi que não te vou esquecer mas a parte boa é compreender que não faz mal! Não tenho que te esquecer! Não quero que despareças! Não quero fazer força para não pensar em ti, para não me lembrar de ti.
Até porque já sei, já percebi pelo que vivi ao longo dos últimos anos, que essa força seria inútil!
Obrigado por tudo, és único!

6.7.07

O fim dos meus delírios sãos

Este texto precisa de contextualização: Os últimos 3 posts estavam num blog que eu tinha criado, chamado Delírios Sãos, que apaguei passado uns dias. Aqui está o porquê.

Os meus delírios chegaram ao fim.
Não consigo afinal. Não consigo mesmo.

Sou muito inconstante, sou muito insegura. Admiro as pessoas que conseguem escrever o que lhes vai na alma e expô-lo aos outros. Admiro também aqueles que conseguem escrever sobre nada e deixar que os outro se riam, que os outros critiquem, que os outros gozem.
Os outros. Os outros. Os outros.
Sou insegura de mais.

Mas tentei, e isso ninguém me pode tirar.
Só queria tentar, só queria escrever. Mas a partir do momento em que o faço, faço-o para quem lê e isso é doentio. Tira-me a concentração, faz de mim uma pessoa que não sou. Acho que só sou verdadeiramente eu quando o sou para quem já não tenho nada a esconder, de quem já não tenho nada a temer, quando sei que gostam de mim, de todas as fatias de mim, tal e qual como elas são. Ou que gostam ou que, pelo menos, as aceitam, as conhecem.
E isso é difícil de conquistar porque nem eu gosto de todas as minhas fatias.

E como é que eu podia escrever para pessoas que nem conheço? Que nem sabem quem sou? Que não vão compreender a razão de cada vírgula, de cada ponto final, de cada razão para as razões que dou?
A expectativa estava-me a corroer por dentro. Contar as pessoas que me iam ler, a mim e aos meus devaneios cheios de nada, porque não escrevi nada que não se possa comparar a alguém remotamente semelhante a mim num mundo remotamente semelhante ao meu.

E o que é que elas pensaram? O que é que acharam de mim? Divertida? Fútil? Chata?
Quando penso no que escrevi penso que transmiti a ideia de uma pessoa chata.
Escrevi textos longos e sem conteúdo, longos de mais e com conteúdo a menos. Que tentavam ser divertidos mas ao mesmo tempo relatar episódios nos quais não me vejo reflectida.
Tentei falar de mim contando o menos de mim possível.
Tentei expôr aos outros uma Rita que não se consegue, nunca se consguiu expôr.
Porque não é assim que eu sou e tenho que compreender que não faz mal, que está tudo bem, que não há problema em ser uma pessoa reservada, introvertida.

Foi uma experiência engraçada e provavelmente vou voltar a repeti-la, mas não hoje nem amanhã. Não enquanto não tiver nada de relevante para partilhar com o mundo, com esses outros que desconheço mas que me perseguem como fantasmas.
Até lá vou continuar com esta sensação de que ainda não alcancei aquele patamar no qual penso que a minha existência tem importância suficiente para a impingir aos que me rodeiam.
Parte de mim, fatias de mim têm pena. Gostava daquele blog, das cores e da estrutura. Mas ainda assim era maior a tempestade que a bonança e era uma pedra constante na minha consciência. Devo ter recordado cada palavra que lá publiquei, vezes e vezes sem conta, sentindo-me atormentada por opiniões que nunca vou conhecer, de pessoas que provavelmente nunca lá foram.

(...)

Prefiro deixar de delirar, prefiro continuar a ser eu própria.