28.8.08

Sem título

Tinha decidido não escrever sobre este assunto. E tinha decidido, antes de mais, por não fazer sentido e por ser desnecessário.
A vida em geral, e a minha vida em específico, é composta por fases, umas que duram mais que outras, outras que marcam mais que outras.
E ninguém tem culpa, ninguém a não ser eu, que eu as viva sempre mais intensamente que o normal. É assim que eu sou, faço questão que nenhum momento da minha vida passe por mim despercebido, que nada seja esquecido, que nada seja subvalorizado. Quando olho para trás, para todas as fases pelas quais passei e que já lá vão, como esta, prefiro saber que vivi tudo, respirei tudo, adorei tudo ao máximo e que se essa fase, eventualmente, já passou, era porque era suposto que assim fosse. Estranhamente, não acabam nunca por ser as partes negativas aquelas que eu recordo, mas penso que isso já tem a ver com a minha maneira de ser.
De qualquer forma, também não tivemos partes negativas.
E achei desnecessário vir filosofar sobre esse assunto por diversas razões, incluindo as que já referi acima mas também umas outras tantas. Antes de mais, é um tema que já foi sobejamente discutido por este blog fora, umas vezes com comentários, outras vezes com respostas e da última vez acabando, inevitavelmente, numa conversa há muito adiada mas, enfim, previsivelmente esperada.
Além disso, ora se foi uma fase da minha (ou nossa!) vida que já acabou, porquê voltar a falar dela? As razões óbvias que levam uma pessoa a martelar no que já passou são normalmente a vontade de lavar a roupa suja ou de magoar a outra parte, caso seja leitor assíduo do meu blog. Leitor creio que será, muito assíduo já não sei, mas a vontade de o magoar nunca surgiu e posso mesmo dizer que nunca surgirá. (E isto para mal de muita gente que acha que não há nada como uma valente martelada na cabeça para efeitos mais rápidos e mais eficientes. Se calhar peco por nunca ter experimentado mas isso já entra na categoria de viver a vida e as relações como jogos, teoria à qual me vou sempre opor).
Então, se decidi voltar atrás na minha cabeça e voltar a pegar neste tema foi porque, por alguma razão, fiquei a pensar no que é que havia, se é que havia, no meio daquilo tudo?
Alguma coisa seria, um ingrediente qualquer especial que fez com que se prolongasse durante tanto tempo provavelmente a relação mais estranha que alguém já viu, presenciou, ou mesmo viveu, no meu caso.
Falámos que nunca se sabia o que se passava entre duas pessoas que estão juntas. Que nunca sabemos as razões pelas quais relações duram quando parecem estar destinadas ao falhanço ou acabam quando parecem perfeitas. E a razão é essa mesma. É tudo imprevisível e o mero espectador nunca, nunca sabe o que se passa atrás dos bastidores.
E connosco era qualquer coisa desse género. Ninguém percebia. E se ninguém percebia durante uns meses, mais tarde, pelo menos do meu lado, ninguém concordava, ninguém apoiava, ninguém gostava.
Mas ninguém gostava porque ninguém percebia, porque não era fácil de explicar, porque contado não tinha graça. Porque não havia nada para contar!
Daí que parei para pensar. Afinal de contas, o que é que havia de diferente? O que é que marcava? Porque não havia a grande paixão, a loucura desmesurada, uma necessidade terrível de vivermos cada segundo juntos, como se fosse o último segundo das nossas vidas. Nada disso.
Daí que parei para pensar.
E acho que percebi.

Era a cumplicidade.
Não era tanto intimidade, porque havia sempre uma dose de vergonha quase infantil. Era mesmo a cumplicidade.
Cumplicidade no meio de imensa gente, que nunca percebia nada e queria adivinhar, que dizia que seria perfeito e não percebia que tudo o que inventava não passava de divertido mas desnecessário.
Cumplicidade numa mensagem, num mail, num comentário, que não precisava de ter mais que duas ou três palavras para arrancar um sorriso.
E a questão era mesmo esses sorrisos. Era a cumplicidade das piadas, que se calhar mais ninguém percebia.
Era uma cumplicidade em que, por não se querer dizer nada, dizia-se tudo sempre com tão pouco.

E se calhar era só eu que via tudo isto. Se calhar não havia cumplicidade nenhuma e era só eu que achava piada às tuas piadas porque sim, se fazes questão que eu o repita, para mim tens piada.
E o mais certo mesmo é que tenha sido tudo imaginação minha porque, se não fosse, penso que tudo teria sido diferente.
Mas não foi, foi tudo como foi e agora encontro-me estranhamente viva… e posso mesmo dizer que estou bem. A vida não pára de surpreender.

Mas concordo contigo, “Tínhamos alto futuro”. Mas eu nunca quis o futuro. Só tinha querido, pura e simplesmente, sem complicações nem expectativas, o presente.

25.8.08

Oh, 1 blog!

O meu blog… Eu não me esqueci dele!
Aliás, posso mesmo dizer que penso nele diariamente, ou até constantemente!

Mas é difícil escrever numa altura destas… Numa altura em que está tudo tão misturado na minha cabeça que nem saberia por onde começar. Numa altura em que decidi que tinha que tomar decisões sérias na minha vida mas que, afinal de contas, parece que todas elas até estão a ser tomadas por mim, antes de eu ter um voto na matéria.
O teu voto na matéria, estás a perdê-lo de dia para dia, mas não sei se algum dia foi o teu desejo que as coisas corressem de outra forma. Acho que não, acho que sempre foi só uma forma de me manter agarrada apenas com o suficiente para que não fugisse mas, no fundo, sem nada de consistente ao qual me agarrar.

Só não percebo, nunca percebi, a razão. Mas isso se calhar até tenho que compreender que estamos os dois na mesma posição, ninguém percebe nada. Ou, pelo menos, é isso que me queres levar a acreditar.

Olha não sei. Não queiras que eu escreva no blog.