17.12.08

Christmas!

É como se até agora tivesse estado numa letargia qualquer, alheia da realidade. Como uma grande bebedeira que nos leva a fazer as coisas da forma mais simples, sem pensar muito nelas. Não fazendo propriamente asneiras, simplesmente não pensando. E depois acorda-se no dia seguinte e pensa-se no que se fez, olha-se para trás com atenção e, inevitavelmente, pára-se para pensar nas consequências, nos resultados, naquilo que se tem nas mãos quando se acorda.
É como se esta bebedeira tivesse durado uns bons meses. Mas chamar-lhe bebedeira é injusto, fica mal. Tem uma conotação negativa, e não foi isso que aconteceu.
Simplesmente decidi agir sem pensar, sentir como já não sentia há tanto tempo e aproveitar cada momento. Durante os últimos meses, não parei.
Não pensei. Não escrevi. Não medi o que fiz nem fiz tanto do que devia.
O quarto ficou desarrumado, as compras de Natal atrasadas. Os programas de família mais escassos do que o que deviam.
As obrigações nunca falharam mas tudo o resto deixei um bocadinho para trás. Não tinha tempo, não queria ter tempo!
Só queria aproveitar isto. Respirar cada segundo desta loucura antes que ela chegasse ao fim. Não queria ter que olhar para trás um dia e pensar que tinha perdido aquele minuto, aquela hora, aquele momento.
E não perdi. Ou espero não ter perdido nada.
Mas eventualmente o quarto ficou desarrumado de mais e, afinal de contas, o Natal está já aí.
Tive que acordar.
Um estalo na cara, um balde de água fria por cima de mim própria e pôr finalmente todos os pontos nos i’s.
E é assim que me sinto desde ontem. Como se acordasse da tal bebedeira e olhasse agora para trás, já na posse perfeita de todas as minhas capacidades de discernimento.
O que é que eu tenho andado a fazer, onde é que eu tenho andado, o que é que eu tenho agora?
E claro que em primeiro lugar sinto um medo enorme a apoderar-se de mim. E se acabar tudo? E se eu devesse ter continuado no meu carrossel mais uns tempos e agora ele parar de andar à roda só porque eu decidi olhar para ele de fora?
Mas não acabou.
E não acabou porque agora já não é só loucura. E se calhar nunca foi só isso, mas eu nunca tive coragem para olhar para isto com olhos de gente.
Vai na volta, isto existe mesmo.
Acordo, olho para trás, olho para hoje. Vejo o telemóvel, leio as mensagens. Recordo os telefonemas e, inevitavelmente, os últimos momentos. Depois os anteriores e, por fim, os primeiros de todos.
O início surreal, a evolução típica de uma história de conto de fadas.
Chego à conclusão que sim... Isto existe!
E eu sou a pessoa mais apaixonada do mundo.
E já arrumei o quarto e já comprei papel de embrulho. Os presentes que faltam já estão bem assentes numa lista detalhada. As obrigações em dia, as aulas a acabar com os trabalhos todos entregues. O trabalho a correr bem. O Natal já para a semana.
E tudo o resto continua a existir.
Continuo a ser a pessoa mais apaixonada do mundo.
A mais sortuda, a mais feliz.
Não me interessa quanto vai durar, não me interessa se é só loucura.
Não posso dizer que só me interessa o dia de hoje porque já não é verdade. Já nascem pequenos planos para um futuro ainda muito próximo, ainda desenhados a medo de realmente se acreditar num futuro. Mas vale não pensar nisso. Ainda é tão cedo, ainda tenho tanto que aproveitar!
Para já, para já… é quase Natal! E eu adoro, adoro o Natal.

24.10.08

Your Result: Pablo Picasso

A grande sapiência que é o Facebook decidiu que eu, numa vida passada, fui o Picasso.
Só é pena todo e qualquer jeito artístico que não seja para colorir, actividade que aprecio bastante e na qual sou muito forte, tenha desaparecido nesta minha segunda reencarnação.


In your past life you were Pablo Picasso. In this life you continue to be revolutionary, stubborn, an active lover, enjoy breaking the rules, and reactly poorly to heartbreak.



Penso que nunca será tarde para referir que descobri em mim uma capacidade inata para remar.
Nomeadamente canoagem.
Nomeadamente a descer o Rio Zêzere.
Nomeadamente com a Manicas como parceira de canoagem.


Na verdade, posso mesmo dizer que só não sou campeã mundial de canoagem porque a minha mãe achou que esse era um desporto mais razoável para o meu irmão Filipe, enquanto que a mim me esperavam anos de tortura na ginástica rítmica, em que a professora para nos estalar os ossos nos fazia deitar em fila de barriga para baixo com os braços esticados para a frente, colocava-se de pé "em cima de nós", ou seja, com um pé de cada lado do rabo, agarrava-nos nas mãozinhas e puxava-nos os braços e o tronco tão para trás até nos saltarem lágrimas de dor. E estavamos aquecidas!


17.10.08

Se cresceste nos anos 90...

(Recebi este mail perfeito)

Se cresceste nos anos 90...

- Ainda te lembras de quando valia a pena acordar cedo para ver desenhos animados --> Lembro muito bem!

- Sabes de cor a música de pelo menos 4 canções da Disney --> Ou mais! Ainda ontem entrei na loja da Disney no Colombo, e estava a dar a música do Aladino e fiquei em histeria absoluta!

- Fazias aquelas coisinhas de papel para ver com quem é que te ias casare os 'quantos queres?' --> ...ainda faço quantos-queres sempre que estou desocupada com uma folha de papel à frente. Mas fazia a chamar nomes às pessoas, tipo "gordo", "gira", "chimpanzé".

- Cantavas as musicas das Spice Girls, mas não sabias bem o que é que estavas a dizer --> Já não era criança propriamente dito... e falo inglês desde cedo por isso até percebia o que dizia... Mas cantava!

- Sabias que a Power Ranger cor de rosa e o verde ainda iam acabar juntos --> Não tenho essa ideia, mas adorava Power Rangers

- Não perdias um episódio do Dragon Ball --> Médio

- Tiveste, pelo menos, um Tamagotchi --> Não tive não senhor, ainda hoje falei sobre isso, mas lembro-me dessa fase! (E ainda bem que não tive)

- Sabias as músicas dos Onda Choc de cor 'ele é o reiii, eiii, eiii' --> Óbvio. E dos Mini Stars

- Ainda és do tempo em que a Anabela cantava 'quando cai a noite na cidadeee'... --> Muito

- Brincavas aos Polly Poquet! --> Muito mesmo!

- Ainda te lembras da coreografia da Macarena --> Se tentar... chego lá!

- Gritavas 'Olhós namorados, primos e casados! --> Confere

- Choraste quando o Mufasa morreu e, se for preciso, voltas a chorar se voltares a ver o filme outra vez --> Certamente

- Tururururu Inspector Gadget Tururututu! --> lol

- Ainda te lembras de ver a tua mãe ou a tua avó a chorar a ver o 'Ponto de encontro' --> Por acaso não.

- 500 escudos dava para tanta coisa! --> Muita mesmo!

- 'Bem-vindos ao mundo encantado dos brinquedos, onde há reis, princesas, dragões!' --> Heróis de banda desenhada...

- Todas as tuas decisões importantes eram feitas com um 'pim-pu-ne-ta' --> E ainda são!
- 'Velho' queria dizer qualquer pessoa acima dos 17 anos --> Yupp

- Conheciass pelo menos uma pessoa que tinha daqueles ténis com luzinhas! --> Felizmente andei num colégio e os sapatinhos eram discretos. Mas tenho ideia.

- Quando ias ao cabeleireiro, a tua mãe dizia-te que ficavas linda de 'poupa'; --> Mesmo!

- Querias sempre um Push-pop e a tua mãe nunca te queria dar porque ficavas todo a colar!!! --> Ainda quero!!!

- Levaste pelo menos um sermão por teres colado o teu 'pega-monstros' ao tecto da cozinha; --> E nas mudanças do carro, e nas paredes, e na televisão, etc

- Trocavas tazzos e matutolas; --> Mas era sempre enganada!

- Vias o Zig-Zag, e o Buereré. --> Óbvio, até os meus irmãos virem mudar de canal

- Vias o Riscos, no canal 2, e sentias-te muito mais crescida. --> Adorava! Adoro!

- Achavas piada ao 'quarto-escuro'; --> Era o auge! Jogámos no Alentejo em casa da Ana há coisa de dois anos e foi das noites mais divertidas de sempre!

- Respondias aos insultos com 'quem diz é quem é!!' --> Lava a boca com cholé! O teu pai é jacaré!

- Lembras-te de ver os Simpsons e de não perceberes porque é que, sendo desenhos animados, não tinham graça nenhuma; --> Ainda penso isso, mais ou menos, sorry...

- Viste o Rei Leão, e os 101 dálmatas. --> Duh

- Já te apercebeste que já não és uma criança, e que sabe bem recordar os momentos que já passaram...

16.10.08

spoiled

Ok estava a ser mimada.
Que é o que eu sou, mas pronto.
A tristeza ainda deu lugar a lágrimas, já no carro da minha mãe a caminho do stand.
Porque é que não liga à Madalena? É ao lado de casa dela! Já liguei... ela disse que sim mas está em casa com o namorado, de que é que serve irem os dois? Um deles terá que ficar de fora e o que eu queria era alguém que desse uma volta ao quarteirão comigo...
Mas peça-lhe!
Não... não quero chatear. Percebi pelo tom de voz que estão bem em casa.
Você é tão confusa!
Não sou confusa mãe, não gosto de incomodar!
Mas nem tenta!
Mas eu já tentei, já ouvi o tom de voz dela, ela está bem em casa! E está com o Maxi, não me apetece que vão os dois, não cabem!
E o pai?

O pai... o pai... (nem me tinha lembrado do pai... era perfeito!) ...o pai às 2h30 está sempre ocupadíssimo, nem me lembrei... não lhe deve apetecer.
Que parva! Eu ligo por si!

ÓBVIO que o meu pai ficou radiante e histérico (tão histérico quanto um pai fica que é, portanto, sorridente) e lá foi comigo e deu voltinhas comigo e viu tudo comigo e tudo o que eu eventualmente não tiver percebido da minuciosa explicação que durou uma hora, ele há de ter decorado porque... é o meu pai!

Love my car.
Love my daddy.
I'm so spoiled.

not so smart

A culpa é minha, toda minha.
Sou apressada, não consigo esperar pelas coisas boas e como não pude ir buscar o carro ontem, marquei para o mais cedo possível hoje. Duas e meia da tarde. Não dá com nada. Mas não conseguia aguentar até ao final do dia, era impensável, não aguento mais!
Já passaram 3 meses desde que o encomendei e entre acabar o stock, a fábrica fechar em Agosto, ele ser feito em Setembro (é Virgem como eu!) e só chegar em Outubro, fazer o seguro, o banco autorizar a recolha… Era impensável pedirem-me que esperasse.
Mas agora, por culpa minha, vou buscá-lo sozinha.
A minha mãe ainda me leva lá mas tem uma reunião e portanto não vai comigo. De todas as pessoas ainda acho que era ela quem eu mais gostaria que me fizesse companhia, apesar de ultimamente nos darmos como cão e gato e de eu estar à beira do desespero por não saber como gerir esta situação e me sentir constantemente dividida entre a vontade de me passar com ela dia e noite e a vontade de dar graças a Deus por ao menos ter uma mãe…
Ainda assim, sozinha é que não.
Quase que perco vontade de ir.
Por um lado estou histérica, por outro só de me imaginar a entrar dentro do meu Smart… carregar em todos os botões, por o primeiro CD, aprender como tudo funciona… fazer tudo isso sozinha, para mim, não faz sentido.
Acho que não fui feita para celebrar grandes momentos sem ter alguém ao meu lado com quem os partilhar. Seja quem for.
E aí a culpa também é minha, a tal mania de viver tudo muito, de sentir tudo muito, de celebrar tudo como se fosse uma grande festa. Mas isso já é feitio e eu gosto de ser assim e é engraçado porque estava eu a folhear uma revista dessas muito femininas que folheamos aqui no escritório depois de almoço para ver a publicidade feita pela concorrência quando vejo um pequeno artigo, que era mais um pequeno quadradrinho com uma lista, que dizia: “10 regras para ser feliz”. Faziam todas sentido, lembro-me disso, de resto lembro-me de pouco mais a não ser que lá estava, em quarto lugar, “festejar cada momento e cada aniversário de todas as pequenas coisas”.
E eu faço isso, claro que faço. Os anos da inauguração do meu quarto, que ganhei quando o meu irmão mais velho saiu de casa e eu saí do meu quarto ainda mais pequenino. Os anos do Pudim. Os anos da carta de condução. Os meus anos, que adoro. Os anos de toda a gente, que normalmente vivo mais do que os próprios aniversariantes. Os anos do meu piercing do nariz. Tudo.
Mas porque há sempre alguém com quem festejar, alguém a quem dizer, alguém que se ri da minha parvoíce, da minha criancice eterna.
Agora sozinha?
Sozinha não tem graça.
E sou a pessoa mais estúpida, egoísta e fútil do mundo porque tenho a sorte inacreditável de ter um carro novinho em folha, escolhido por mim, pago por mim, à minha espera no stand, e ainda assim estou profundamente infeliz por não ter ninguém que vá viver comigo o momento em que vou entrar lá dentro pela primeira vez.

15.10.08

My Chubby


Eu sei que parece estúpido dar tanta importância ao nome que se dá a um carro, mas a verdade é que consegui criar uma identidade tão forte com o Pudim que ele era quase uma pessoa... Ou pronto, uma pessoa também não, mas uma identidade, uma presença, uma companhia.
Nunca ninguém o tratou por carro, por Peugeot, por 106... não. Era o Pudim.
Óbvio que o nome surgiu inicialmente como resposta à matrícula PD que, em francês, tem um significado menos simpático.
Após analisadas as milhentas opções que estas duas letras oferecem (padre, pedra, pedro, podre, etc), tive que puxar pela cabeça porque a tendência geral era para que ficasse Peido. E Peido ninguém se quer chamar, nem um simples 106 branco saído das mãos de uma velhota para o meio de uma discussão constante entre dois irmãos que reclamavam a sua posse.

Pudim surgiu e Pudim ficou, e Pudim será para sempre, mesmo depois de morrer que estes carros assim com personalidade não vão para a sucata, simplesmente morrem. Mas este de qualquer forma não morre porque vai viver para Évora com uma tia que me vai pagar tuta e meia por ele. O suficiente para pagar o rádio do Smart e mais umas dívidas com a senhora minha mãe.


Mas falando do Smart. Precisa de um nome!
GP é uma matrícula fácil até, mas as hipóteses não têm sido fabulosas. Toda a gente parece ter uma opinião muito final, mais final até que a minha o que não tem qualquer validade porque o carro é meu e já sabemos que quando se trata das minhas próprias coisas a democracia fica para trás. Ainda assim, estou aberta a mais sugestões do que aquelas que levo a votação aqui do lado direito!

14.10.08

Rita not Ri

Que mudança!

Algo tão simples como entrar no Messenger pela manhã e mudar o nick de Ri para Rita parece ter um efeito avassalador nos mais atentos amigos.
Realmente entrei, olhei para aquele “Ri” sempre sorridente e não me consegui identificar. Há dias assim. Dias em que sou Rita, mais nada. Felizmente, já lá vão os tempos em que não tolerava que me chamassem Rita e dizia que sempre tinha sido Ritinha, ou RyTyNhA, ou lá o que era.
Por isso sou Rita. E hoje é assim.

Que mudança? Dizem-me de um lado… Sim, até tenho andado radiante mas tem sido uma radiância cujo fundamento não está a ser suficiente para iluminar tudo o resto que se vai apagando inevitavelmente. Mas já passa, respondo sempre isto. Já passa, acordei só com os pés de fora, coisa que, já agora, nunca irá acontecer porque a minha cama tem uma barra de madeira aos pés e os pés não podem sair de fora e sair pelos lados é absolutamente estúpido porque eu tenho tendência a dormir, bem quietinha e vá-se lá saber porquê, no centro da cama.
E isso leva-me a lembrar que decidi que ao fazer 24 anos ia deixar de dormir com o meu urso de peluche com o qual durmo desde os 18. Era um grande passo, tinha decidido que tinha que assinalar este aniversário com um objectivo qualquer. Nesta altura do ano era sempre o regresso às aulas e era sempre quando eu estabelecia novos objectivos que me fizessem melhorar qualquer coisa. Falhou redondamente, sobretudo porque nem tentei. O outro objectivo que tinha estabelecido corre melhor, decidi que ia passar a baixar a tampa de retrete. Não a tampa que os homens levantam, claro está, essa nunca levanto na vida, mas a de cima. Nunca tive esse hábito, não sei bem porquê. Mas sempre que entro numa casa-de-banho e o tampo da retrete (tampo? ou tampa? retrete? ou sanita?) está para baixo, penso para sempre “olha que agradável, a pessoa que aqui esteve era uma pessoa cuidada!”.
E então decidi aos 24 anos que ia ser capaz de mudar um hábito tão primitivo como ir à casa-de-banho automaticamente e acrescentar-lhe um pequeno gesto que provaria que não só consigo ser mais atenciosa como também posso provar que a teoria dos homens que se casam e dizem “não consigo baixar o tampo da retrete porque nunca baixei na vida e não me consigo habituar” é totalmente falsa porque também eu passei a fazê-lo mesmo sem nunca estar habituada. Isto sou eu, mesmo sem pretendente, já a preparar-me para as discussões do meu longínquo, se possível, casamento.

Rita not Ri. Why? Não me sinto Ri. Strange. Adeus. Beijinhos. Offline. Isto é o que oiço de outro lado.
Mas provavelmente offline a fingir que é uma coisa muito bonita de se fazer e uma maneira muito atenciosa, quase tão atenciosa como baixar o tampo da retrete, de se dizer “eu cá é que decido quem é que tem o privilégio de poder comunicar com a minha distinta pessoa, não estou disponível para qualquer um que ache que tem o direito de me importunar com os seus meros olás”, ou ainda “eu quero-te dizer qualquer coisa e até digo mas afinal não me apetece que respondas porque estás a ser estranha porque mudaste o nick de Ri para Rita por isso vou-me por offline a fingir para continuar com as restantes conversas interessantes (provavelmente 6) enquanto que tu achas que me fui embora e não me incomodas mais”. Mas tive uma ideia, só uma, se calhar antipatia logo pela manhã até dispenso!

Fora isso, nada a declarar. A minha vida é uma montanha russa e não posso estar sempre na fase do looping senão era um enjoo total e não lhe dava valor, deixava de sentir as cócegas na barriga e perdia a noção da realidade. Eventualmente chegam as partes em que se tem que ir em frente mais devagar, por as ideias no lugar e prepararmo-nos para mais uma descida alucinante.

Ah, e este blog anda morto. Já ninguém deve ler nada. E eu até tenho pensado em coisas para escrever mas… não tem dado.

24.9.08

more air!

Também era muito capaz de fazer uma pausa na minha manhã de trabalho e escrever um documento interessante e, quem sabe, até digno de publicação, sobre a seguinte palavra:

"posticipar"


Só tenho uma coisa a dizer: WTF???

Oiço esta palavra frequentemente, talvez semanalmente.
Mas ouvi ontem e ouvi hoje logo pela manhã, de maneira que decidi que tinha que exteriorizar os meus sentimentos de raiva profunda antes que salte por cima da minha secretária, pegue na minha directora de marketing e a abane até ela cuspir todas as palavras absolutamente surreais que às vezes lhe saiem da boca para fora.

É que eu até já aprendi a conviver com palavras como scannar ou scanalizar, ditas por pessoas que têm aftas estranhas debaixo da língua e dificuldade em pronunciar correctamente a palavra digitalizar.
Tudo bem.
Tenho que ser compreensiva, aftas é chato.

Mas posticipar é pior que tudo o que alguém deverá ser forçado a ouvir ao longo de toda a sua vida!
Posticipar é a desculpa mais parva de sempre que alguém pode usar para mostrar que sabe dizer em inglês a palavra postpone. É que postpone é uma palavra gira, bem sei, eu própria tento dizê-la muitas vezes apesar de me ser difícil encontrar o contexto certo em que ao mesmo tempo queira adiar qualquer coisa e me encontre, simultaneamente, a falar inglês.
Mas fica a intenção, é uma palavra lindíssima.

Ainda assim, a sua adaptação absolutamente parva para a nossa língua não tem qualquer desculpa plausível e eu estou a segundos de tentar referir, de forma educada e sem ser despedida de seguida, que dizer "adiar" tem tal e qual o mesmo significado e ainda a vantagem de, do ponto de vista do receptor da mensagem, ser muito melhor compreendido.




Estaremos de mau humor ultimamente?
Não!

Mas pelo menos já não estou a posticipar tanto as minhas escritas na Tarte de Limão.

23.9.08

fresh air ...please

Era capaz de, assim de surra e sem ninguém reparar, dar um pequeno pontapé no escadote do senhor que me está a arranjar o ar condicionado e ele caía redondo no meio do chão.
Não que tenha alguma coisa contra ele especificamente, claro que não. Tenho mais contra os ares condicionados ligados para me regelarem até à medula, programados para 17 graus centígrados quando se está muito bem com a temperatura real, seja ela qual for. Daí que o facto de ele o vir arranjar vai apenas contribuir para o meu mau feitio incontrolável.
Não sei, isto é só uma opinião. Mas no Inverno, quando estão 17º, eu estou de gola alta e até, possivelmente, de luvas ou cachecol. No entanto, há por aí pessoas, e tenho a sorte de ter logo duas fechadas comigo na mesma sala, que acham que pronto, se está um bocadinho de calor, e eu acredito que possa estar apesar de eu não sentir calor nenhum, o ideal será mesmo levar com um vento gélido em cima da cabeça e ficar até a pingar do nariz como se estivesse a nevar.
É engraçado. Eu por mim aniquilava toda a esta raça da terra. Este tipo de pessoas que não sabem respirar ar puro e mal se encontram em algum lado fecham janelas e portas para conseguirem respirar todo o ar que esta bonita máquina lhes despeja para cima. Vá-se lá ver, o que seria, respirar-se um bocadinho de oxigénio verdadeiro… vai na volta ainda se apanha uma alergia valente e aí termos sarilhos!
Até porque, se pararmos para pensar, não estamos nem no pingo do Verão, nem no pingo do Inverno, nem em nenhum país com temperaturas extremas insuportáveis. Estamos em Portugal, com o nosso clima temperado, é início de Outono e está um dia lindo e uma temperatura óptima… Mas não! Estamos três pessoas fechadas na mesma sala e abrir uma janela pode trazer alguma infelicidade terrível, como entrar luz… ou ar! Vamos rodar um pouco os estores novos, são tão giros, porque a luz ainda nos pode fazer dores de cabeça. E a janela é melhor ficar bem fechada para podermos ligar o ar condicionado que já funciona, que sorte!

Mas pronto, não posso apagar da minha existência esse tipo de pessoas porque ainda ia abranger pessoas como o meu pai e outras tantas ou quantas pessoas das quais até seria capaz de sentir falta eventualmente.
Daí que seja mais simples, pura e simplesmente, livrar-me dos senhores que vêm arranjar os ares condicionados, dando um pequeno pontapé no escadote e o senhor a ir para o hospital com uma lesão qualquer insignificante que o permitisse fazer tudo o que quisesse na vida, menos voltar a subir escadotes para arranjar ares condicionados.

Mas calma, eu não queria escrever nada em que fosse tão evidente que esta situação me deixa, diariamente, algo chateada.
Era só uma introdução para outro tema qualquer que se iria seguir, porque tenho que recomeçar a escrever qualquer coisa que não desista passado um parágrafo.
E juro que esse tema, fosse qual fosse, não era continuar a maldizer a salinha na qual me encontro neste segundo específico…
Mas! Há sempre um mas! Vejam se me acompanham neste raciocínio e vejam se será que tenho, ou não, razão.

Vieram montar estores novos. Bem bonitos, que correm para os lados e abrem a partir do meio e deixam descoberta uma parede inteira de vidro que nunca, nunca vai estar visível porque a natureza é o pior inimigo do Homem! Vieram também arranjar o ar condicionado, disso já falei.
E não podemos esperar, certamente, que os três senhores que estiveram mais de meia hora enfiados aqui dentro a fazer trabalhos físicos árduos cheirassem bem… Claro que não.
E o que fazer quando se vão embora?
Já sabemos que as janelas foram construídas para estarem fechadas, os fechos e puxadores são pura coincidência e também desconhecemos a existência de velinhas com um cheiro bom, fazer uma pausa e ir arejar enquanto a cheiro sai da sala. Nada disso.
Cheira mal? Põe perfume.
Perfume!
Numa sala mínima!
Perfume é tóxico!
Tem álcool!

E calma, há perfumes e perfumes.
Não estamos a falar de por, por exemplo, o meu perfume, que é um belo exemplar e ainda assim eu dispensava ter que o respirar tão intensamente.
Também não estamos a falar de por o perfume de qualquer uma delas, não.
Estamos a falar do momento em que pegam no terrível frasquinho verde, do qual tenho pânico desde que entrei para aqui, e borrifam toda a sala de cima abaixo com aquela fragrância repugnante. E nem vou falar do facto de ter a minha garrafa de água aberta e portanto agora já nem água posso beber porque deve saber a perfume verde.
Estamos a falar, nem mais nem menos, de um perfume descontinuado.
Descontinuado porque já não está à venda, foi retirado, não existe.
Foi retirado porque não vendia.
Não vendia porque era péssimo. Uma vergonha. Um enjoo.

E é a isso que sabe a minha boca, que cheira a minha roupa, o meu cabelo, o meu ser!
A perfume verde!

Preciso tanto de apanhar ar.

15.9.08

big calm

Quando estou sozinha reconsidero tudo.
Páro e penso que tenho que me acalmar, que não é possível. E não é, simplesmente, porque não é.
Porque uma coisa destas não surge, não pode surgir do nada. E um aviso? Não há? Não podia haver um sinal que me avisasse? Que me tivesse dito que isto ia acontecer, que era possível?
Nada.
Não estava preparada.
E então, sempre que dou por mim sozinha forço-me a pensar com mais força. Tenho que ser racional e isto é bom de mais para durar.
Não é possível que seja real.
E por isso mesmo, martelo e volto a martelar com os meus pensamentos em cima das minhas emoções, coitadas, aos saltos e tão agitadas pela primeira vez em tanto tempo que nem percebem o que lhes cai em cima.
E eu martelo com mais força ainda, faço-as acalmarem-se e perceberem que já não pode ser assim. Já não temos 15 anos! Temos que por os pés no chão ou o mais certo é magoarmo-nos mesmo quando cairmos daqui abaixo.
E magoavamo-nos... a esta hora já dava para isso.
Mas elas não me ouvem, e felizmente, tenho que admitir.
Saltam e saltam ainda sem decidirem que tipo de emoções são. Só sabem que existem e que fazem tudo andar mais depressa, mais à roda, sem sentido nem direcção.

E tudo isto porque de vez em quando deixo de estar sozinha e chega aquela hora do dia em que percebo que é tudo verdade.
Que tenho 15 anos, que o mundo é um conto de fadas, que tudo é possível.
Que ainda existem borboletas dentro do estômago aos saltos, que ainda existem beijinhos que duram mil horas seguidas e que ainda assim são curtos de mais.

Não é possível que seja tudo verdade. Não, não me posso convencer.
É impossível!

5.9.08

Change of subject



Grupinho de férias ...round 2 :p

28.8.08

Sem título

Tinha decidido não escrever sobre este assunto. E tinha decidido, antes de mais, por não fazer sentido e por ser desnecessário.
A vida em geral, e a minha vida em específico, é composta por fases, umas que duram mais que outras, outras que marcam mais que outras.
E ninguém tem culpa, ninguém a não ser eu, que eu as viva sempre mais intensamente que o normal. É assim que eu sou, faço questão que nenhum momento da minha vida passe por mim despercebido, que nada seja esquecido, que nada seja subvalorizado. Quando olho para trás, para todas as fases pelas quais passei e que já lá vão, como esta, prefiro saber que vivi tudo, respirei tudo, adorei tudo ao máximo e que se essa fase, eventualmente, já passou, era porque era suposto que assim fosse. Estranhamente, não acabam nunca por ser as partes negativas aquelas que eu recordo, mas penso que isso já tem a ver com a minha maneira de ser.
De qualquer forma, também não tivemos partes negativas.
E achei desnecessário vir filosofar sobre esse assunto por diversas razões, incluindo as que já referi acima mas também umas outras tantas. Antes de mais, é um tema que já foi sobejamente discutido por este blog fora, umas vezes com comentários, outras vezes com respostas e da última vez acabando, inevitavelmente, numa conversa há muito adiada mas, enfim, previsivelmente esperada.
Além disso, ora se foi uma fase da minha (ou nossa!) vida que já acabou, porquê voltar a falar dela? As razões óbvias que levam uma pessoa a martelar no que já passou são normalmente a vontade de lavar a roupa suja ou de magoar a outra parte, caso seja leitor assíduo do meu blog. Leitor creio que será, muito assíduo já não sei, mas a vontade de o magoar nunca surgiu e posso mesmo dizer que nunca surgirá. (E isto para mal de muita gente que acha que não há nada como uma valente martelada na cabeça para efeitos mais rápidos e mais eficientes. Se calhar peco por nunca ter experimentado mas isso já entra na categoria de viver a vida e as relações como jogos, teoria à qual me vou sempre opor).
Então, se decidi voltar atrás na minha cabeça e voltar a pegar neste tema foi porque, por alguma razão, fiquei a pensar no que é que havia, se é que havia, no meio daquilo tudo?
Alguma coisa seria, um ingrediente qualquer especial que fez com que se prolongasse durante tanto tempo provavelmente a relação mais estranha que alguém já viu, presenciou, ou mesmo viveu, no meu caso.
Falámos que nunca se sabia o que se passava entre duas pessoas que estão juntas. Que nunca sabemos as razões pelas quais relações duram quando parecem estar destinadas ao falhanço ou acabam quando parecem perfeitas. E a razão é essa mesma. É tudo imprevisível e o mero espectador nunca, nunca sabe o que se passa atrás dos bastidores.
E connosco era qualquer coisa desse género. Ninguém percebia. E se ninguém percebia durante uns meses, mais tarde, pelo menos do meu lado, ninguém concordava, ninguém apoiava, ninguém gostava.
Mas ninguém gostava porque ninguém percebia, porque não era fácil de explicar, porque contado não tinha graça. Porque não havia nada para contar!
Daí que parei para pensar. Afinal de contas, o que é que havia de diferente? O que é que marcava? Porque não havia a grande paixão, a loucura desmesurada, uma necessidade terrível de vivermos cada segundo juntos, como se fosse o último segundo das nossas vidas. Nada disso.
Daí que parei para pensar.
E acho que percebi.

Era a cumplicidade.
Não era tanto intimidade, porque havia sempre uma dose de vergonha quase infantil. Era mesmo a cumplicidade.
Cumplicidade no meio de imensa gente, que nunca percebia nada e queria adivinhar, que dizia que seria perfeito e não percebia que tudo o que inventava não passava de divertido mas desnecessário.
Cumplicidade numa mensagem, num mail, num comentário, que não precisava de ter mais que duas ou três palavras para arrancar um sorriso.
E a questão era mesmo esses sorrisos. Era a cumplicidade das piadas, que se calhar mais ninguém percebia.
Era uma cumplicidade em que, por não se querer dizer nada, dizia-se tudo sempre com tão pouco.

E se calhar era só eu que via tudo isto. Se calhar não havia cumplicidade nenhuma e era só eu que achava piada às tuas piadas porque sim, se fazes questão que eu o repita, para mim tens piada.
E o mais certo mesmo é que tenha sido tudo imaginação minha porque, se não fosse, penso que tudo teria sido diferente.
Mas não foi, foi tudo como foi e agora encontro-me estranhamente viva… e posso mesmo dizer que estou bem. A vida não pára de surpreender.

Mas concordo contigo, “Tínhamos alto futuro”. Mas eu nunca quis o futuro. Só tinha querido, pura e simplesmente, sem complicações nem expectativas, o presente.

25.8.08

Oh, 1 blog!

O meu blog… Eu não me esqueci dele!
Aliás, posso mesmo dizer que penso nele diariamente, ou até constantemente!

Mas é difícil escrever numa altura destas… Numa altura em que está tudo tão misturado na minha cabeça que nem saberia por onde começar. Numa altura em que decidi que tinha que tomar decisões sérias na minha vida mas que, afinal de contas, parece que todas elas até estão a ser tomadas por mim, antes de eu ter um voto na matéria.
O teu voto na matéria, estás a perdê-lo de dia para dia, mas não sei se algum dia foi o teu desejo que as coisas corressem de outra forma. Acho que não, acho que sempre foi só uma forma de me manter agarrada apenas com o suficiente para que não fugisse mas, no fundo, sem nada de consistente ao qual me agarrar.

Só não percebo, nunca percebi, a razão. Mas isso se calhar até tenho que compreender que estamos os dois na mesma posição, ninguém percebe nada. Ou, pelo menos, é isso que me queres levar a acreditar.

Olha não sei. Não queiras que eu escreva no blog.

29.7.08

Diz-se que é em Junho!


Primeiro esboço do vestido de casamento da loira e do seu formiguinha!
Toalha de mesa da Portugália, segunda mesa a contar da janela na zona dos fumadores.
Ontem.


Ela vai com um vestido cai-cai, feito com o tecido mais leve e simples possível! Com uma faixa abaixo "do peito", para fazer corte imperial, mas isso do corte imperial já tivemos que lhe dizer que ela não sabia que tinha esse nome. Também só aprendi isso quando casou uma cunhada minha, ou um irmão meu, pronto, que casou com ela e ela tinha que levar um vestido com corte imperial para disfaçar a pequena Beatriz que já se adivinhava, mesmo que com apenas 3 meses de gestação.
Mas haver um bebé em gestação não vai ser o caso, em princípio, neste casamento.

No cabelo, uma coroa de flores mas também uma renda espanhola. Eu cá não sei o que é renda espanhola mas acho tudo muito giro. Ainda falta mais de um ano por isso não sei se o vestido fica igual. De qualquer forma, o que é certo são os All Star brancos para bailar até ao amanhecer. E porque All Stars e ténis confortáveis, ou roupa confortável na generalidade, agora que penso nisso, são a imagem de marca da nossa Matilde!
Ele? Ele leva um chapéu para ver se fica da altura dela, pelo menos antes de ela calçar os seus ténis que depois aquilo fica ela por ela.

Já faltou mais!

happy vu-day

É certo e sabido que qualquer rapariga nova, e como nova defino entre o pós-adolescência e pré-idade de já ser mãe de filhos, sonha certo dia ser como qualquer uma das personagens do Sexo e a Cidade. Talvez sem uma vida íntima tão visivelmente exposta ao mundo exterior mas eventualmente cada uma de nós, a dada altura, já sonhou em ter aqueles sapatos perfeitos, aquele emprego de sonho, aquele estilo único e, como é óbvio, viver em Nova Iorque e casar o Mr. Big.


Ainda assim, e sem saber o que a esperava naquela noite, não era nisso que ela pensava. Até porque já tinha decidido que já tinha perdido tempo de mais do seu dia a pensar em roupa e outras futilidades materiais, após chegar à conclusão que valia a pena gastar muito mais dinheiro e levar o seu próprio carro para as férias de Verão, apenas para poder levar todas as malas que quisesse sem ninguém a julgar. As raparigas são assim, e ela não era diferente.


Mas como já disse, já não eram esses assuntos que ocupavam a sua cabeça. Era o final do dia, mais um dia que tinha corrido bem, embora com bastante trabalho mas isso é sempre bom e sempre melhor que trabalho nenhum para fazer, e a viagem ao longo da marginal, a caminho de Lisboa, parecia melhor que nunca.


Ao chegar aos Meninos do Rio, ainda ninguém tinha chegado. A menina dos anos e a noiva estavam atrasadas. Mas não faz mal, pensou ela para com os seus botões, é de maneira que consigo ler um bocadinho. Até porque tinha decidido que tinha que acabar aquele livro antes das eminentes férias, o que dava uma média calculada de 61 páginas por dia e, às 7h30 da noite, ainda não tinha lido nem uma. Ia ser uma noite longa se não pegasse já no livro!


Por muito cliché que possa ser o sítio, cheio de gente com bom aspecto e que tira as medidas a tudo o que por ali se passeia com uma minúcia assustadora, é realmente um sítio perfeito para se passar o fim de tarde e esperar pela meia-noite para dar os parabéns à menina dos anos. E ainda bem que ela organizou esta festa, senão a menina dos anos nunca o teria feito, com a mania que agora fazer anos não é nada de especial quando se trata, veja-se bem, do único dia do ano em que podemos exigir para nós próprias todas as atenções possíveis e imaginárias!


Elas lá chegaram quando a organizadora do festa, ou vá lá, do pequeno encontro, estava entretida entre frases soltas do livro e mensagens que não paravam de chegar ao telemóvel. Não deve ter adiantando grande coisa nos 20 minutos que esperou e o mais certo é que não se deite muito cedo até por a leitura em dia. Ninguém percebe porque é que ela impõe regras a ela própria, sabendo à partida que ninguém estará preocupado, senão ela, em saber se ela as cumpre. Mas infelizmente, porque ela não deve bater bem da bola, essas acabam mesmo por ser as regras que ela mais cumpre. Todas as outras, ela tem uma habilidade nata para as conseguir ignorar quando mais lhe convém.


Quando a menina dos anos e a noiva chegaram, ela pensou na sorte que tinha em ter as amigas que tinha. No meio de tanta gente gira, elas eram, de longe, as mais giras! As amigas dela! Uma sorte. E era uma sorte também acharem que ela ficava bem de cor-de-rosa e que parecia tão gira nesse fim de tarde. Nada poderia correr melhor quando, do nada, surge uma garrafa de champanhe em cima da mesa. Cortesia dos senhores da mesa ao lado, diz o empregadito, e até insiste em dizer-lhes que a garrafa custava a módica quantia de 58€, não fossem elas achar que os senhores eram uns forretas e tinham escolhido qualquer coisa abaixo de Moet&Chandon que era, de facto, o caso.


Que alvoroço e que nervoseira miúda pois nenhuma delas sabia o que fazer. Dirigiram pequenos sorrisos de agradecimento aos dois senhores, que até nem tinham mau aspecto, mas ficaram sem saber se haveria alguma etiqueta específica a seguir em situações como aquelas. Era uma estreia! Será que os deviam convidar para a mesa delas? Será que lhes deviam só dizer obrigada e ignorar totalmente a situação? Mas 58€ eram 58€!


Eventualmente conseguiram dizer ao pequeno empregado de mesa que lhes dissesse que fossem brindar com elas e passado um momento de cerimónia, lá veio o senhor mãos largas, de seu nome Diogo, brindar com elas. Rapidamente o seu amigo se juntou à festa e ficaram a saber que apesar de se chamar Fabrício tinha uma alcunha muito chique, da qual se esqueceram rapidamente.


Duas imperiais e duas garrafas de champanhe depois, a animação era total. Já se sentiam melhores amigas dos novos amigos e até já estava prometido que seriam convidados para o casamento da noiva! E lá chegou a quarta amiga, para se juntar à festa. À partida poder-se-ia pensar que ela não iria aderir muito à estranha novidade de ter dois estranhos sentados na mesa que a esperava, até porque nenhuma das suas amigas se encontrava totalmente sóbria, como seria de esperar. Mas não, rapidamente entrou na conversa e deliciou-os a todos com as suas habituais histórias e aventuras que envolvem assaltos à mão armada e raptos de crianças inocentes. E é impressionante como de cada vez que ela conta as suas histórias, tem o dom de fazer parecer com que seja a primeira vez que as conta, fazendo-nos rir como se nunca as tivéssemos ouvido na vida!


Discretamente, a organizadora da festa deu-se conta de que um dos amigos novos, o tal Diogo, que a cada momento que passava dava conta de ser uma pessoa igualmente simpática mas também estranha e reservada, se preparava para pedir a terceira garrafa de champanhe. Que exagero, já eram 10 horas da noite! Mas ela é incapaz de ser desagradável, de maneira que consegue sussurrar à menina dos anos: "Olha! Não o deixes pedir a terceira garrafa… estou cheia de fome!". E ela lá o impediu a tempo, felizmente.


Como era de esperar, não se podiam pura e simplesmente levantase e ir jantar ao restaurante ao lado sem convidarem os novos amigos, de maneira que eles lá as acompanharam num belo bife na Portugália, bem servido com o típico molho e cheio de batatas fritas. Escusado será de dizer que as três amigas que estavam nos Meninos do Rio desde as 7h30 da tarde estavam mais bêbedas que sóbrias e que o mais certo é terem sido uma companhia maravilhosamente divertida para os dois fulanos que nem perceberam a sorte que lhes caiu em cima para jantaram com quatro beldades sem igual!


A questão aqui é a seguinte: onde é que já se viu programa mais inesperado mas, ainda assim, mais divertido? Aqui é certo, já não há nenhum cliché e nem o maior habitué dos fins de tarde à beira do rio Tejo poderia prever tal desfecho para uma noite calma entre amigas que aguardavam ansiosamente a meia-noite para salpicar a menina dos anos de beijinhos repenicados.


O jantar decorreu animadamente e a meia-noite lá chegou, entre vários desenhos nas toalhas de mesa do vestido de sonho da noiva e entre o escrever apressado de moradas dos amigos que ficam agora a esperar ansiosamente um convite para o casamento de uma pessoa com a qual tiveram apenas umas horas divertidas de um dia de Verão bem passado. Mais inesperado, não podia ser!


Depois de terem cantado os parabéns por cima de um pudim da casa iluminado com vários isqueiros, a noite deu-se por terminada. Após imperiais, muito champanhe e ainda um insistente Licor Beirão depois do jantar, já estava tudo entornado de mais para se conseguir abstrair do facto de que já não faltavam assim tantas horas para voltar ao trabalho. Os novos amigos trabalhavam ora na banca ora no sector imobiliário. E ainda bem que assim o era porque fizeram questão de oferecer tudo às encantadoras senhoras ao longo de toda a noite e elas, ainda jovens e na casa dos 20 e poucos, não são conhecidas por chegarem àquela época do mês, mesmo os últimos dias, cheias de dinheiro para gastar em jantares, de forma que se deram por bastante satisfeitas.


De volta ao carro e agora dando boleia à noiva até casa, ela não conseguia parar de pensar, e comentar!, o quão engraçado e mesmo surreal tinha sido todo aquele episódio. Nunca, jamais, se viu um desfecho tão engraçado para aquilo que era apenas um simples encontro entre quatro amigas que queriam por a conversa em dia e dar um beijinho de parabéns à meia-noite à menina dos anos.


Se os rapazes tinham outras intenções, isso elas vão ficar sem saber. Ninguém deu a entender nenhum interesse especial por nenhuma delas mas elas, espertas que são, não deixaram passar despercebida a oportunidade de virem a obter bilhetes gratuitos para o Sudoeste, festival ao qual nenhuma faltará certamente.


Foi resumidamente, uma noite inesquecível e que será, sem dúvida, repetida vezes e vezes sem conta entre gargalhadas únicas e repetições de todos os momentos hilariantes. Ela deixou a noiva em casa e antes de a noiva sair, ainda lhe disse "vou para casa escrever isto no meu blog!", ao qual a noiva respondeu: "faz isso faz, para eu me poder rir amanhã!".

E assim foi, uma noite muito mais interessante que qualquer noite passada em Nova Iorque no enredo do Sexo e a Cidade.

Quando ela voltava para casa, já sozinha e novamente a percorrer a marginal em direcção a Lisboa, deu por si a rever todos os momentos da noite desde que saíra do escritório. Há realmente momentos inesquecíveis e tão imprevisíveis que só de pensar na probabilidade de eles algum dia se virem a repetir chegamos mesmo a acreditar que não chegaram a acontecer.


24.7.08

A night in Paris

Uma noite em Paris dava para escrever um livro.

Mas agora, neste momento, se calhar até me ocupava com escrever um livro inteirinho sobre a maravilha que é o meu novo Word 2007 saber escrever artigos de blog (ou blogue, melhor dizendo) directamente para dentro do meu blog sem eu ter que me incomodar.

Mas não seria tão relevante. Ou pelo menos nunca tão relevante quanto Paris. Também, para dizer a verdade, quase nada o é.


Mas se houve algo de absolutamente maravilhoso nesta viagem, começou pelo facto da sua existência só por si. A escolha da miúda que só lá trabalha há 7 meses, deixando a miúda que lá trabalha há 4 anos extremamente incomodada e, verdade seja dita, com umas trombas inacreditáveis até Deus sabe quando, deixou-me absolutamente extasiada de felicidade e até mesmo com algum orgulho em mim própria.


Deixando de parte o facto de ir a Paris receber formação para algo que adoro e que, agora que já passou, confirmo que adorei aprender e que estou ansiosa por começar a trabalhar neste projecto, o meu projecto, há qualquer coisa de absolutamente glamoroso numa miúda gira (?) com um ar empresário e de sucesso a ir apanhar o seu avião em horário empresarial, com o seu trolley atrás e num fantástico vestido ao estilo dos anos 50.


Fora este pormenor, que tem apenas a importância suficiente para influenciar o decorrer de tudo o resto, correu tudo na perfeição.


Também acho que é sempre uma questão de atitude, a forma como as coisas correm. Se começam por mim a chegar ao aeroporto a achar que esta experiência é o máximo e a lembrar-me que, de facto, a única vez que andei sozinha de avião tinha sido também para Paris mas com 6 anos de idade para ir ter com uns tios que me iam levar à EuroDisney, se me sinto radiante com tudo à minha volta e ansiosa por tudo o que me espera, então é porque é certo que nada poderá correr mal.

Nunca, jamais, nenhum avião ousou despenhar-se com uma pessoa tão feliz com a sua própria vida lá dentro. Disso tenho a certeza.


Chegada a Paris após uma viagem não muito confortável em que fui enfiada na última fila mas que, ainda assim, não foi suficiente para me por de mau humor porque ao menos fiquei à janela e sem ninguém no resto da fila, porque estou a adorar o meu livro e porque encontrei os phones do ipod mesmo antes de sair de casa, porque gosto das "refeições ligeiras" da TAP porque são sempre sandwiches quentes e é certo e sabido que eu odeio comida fria, seja ela qual for, meti-me num táxi e pus em prática o meu enferrujado francês.

Tenho pena de não falar francês melhor, ou pelo menos como já falei. Quero lá eu saber que adorar francês me faça parecer com não sei quem que aparentemente é parecida comigo em tudo e mais alguma coisa, ou então sou eu parecida com ela, porque sou para aí 15 anos mais nova, ou seja lá qual for a diferença entre a minha idade e os 20 e quase todos. Mas ainda assim desembaracei-me bastante bem. Aparentemente, não o suficiente para dar a entender ao taxista que sou uma parisiense à séria, até porque pedi para ele me levar para um hotel, porque ele achou por bem andar por aí a passear-me às voltas e cobrar-me quase um ordenado mínimo, dos portugueses, pela viagem.


Cheguei ao hotel que era pura e simplesmente de sonho e decidi que estava com energia a mais para me esparramar em cima daqueles edredons perfeitos a ver televisão e a desfrutar do meu inseparável portátil. Impossível. Podem ser 10h da noite em Paris mas em Lisboa ainda são 9h e eu estou cheia de energia. Ainda nem é de noite e só tenho pena é de estar em Boulogne e não no centro da cidade, senão ainda dava uma volta gira. Mas vou à mesma e fica já aqui prometido a mim própria que se vir um M de Metropolitan salto lá para dentro num abrir e fechar de olhos. Nada me impedirá!


E nada me impediu, até porque estava sozinha com os meus pensamentos e com o meu ipod. Deparei-me com um gigante mapa de Paris salpicado de centenas de linhas de metros de todas as cores e números possíveis e cheguei à conclusão que nem sabia em que canto de Paris se encontrava Boulogne, sabendo apenas que era um banlieue bem agradável. Ora perguntei ao rapaz dos bilhetes que me diz "en bas, à gauche!". Lá encontrei a minha estação e eis que tinha uma linha directa para os Champs Elysés. Queria dois bilhetes se faz favor. Vous ètes ravissante! Responde-me ele. Não consegui não sorrir e não lhe dizer merci beaucoup e dá-me cá os meus bilhetes de aller et retour antes que eu fique com medo e perceba que sou uma miúda inconsciente a passear-me pelo metro de Paris, à noite, com um esvoaçante vestido à anos 50.

O metro, nojento de fazer impressão, ainda se passeou por umas 10 estações até à minha e, chegando lá, ainda tive que atravessar a pé até outra, cheirando tudo igualmente mal ou ainda pior, para chegar à saída número um. Estava quase, mas quase a pensar que isto tinha sido uma asneira. Eram quase 11h da noite e o último metro de regresso era pouco depois da meia-noite mas, verdade seja dita, subir as escadas do metro e encontrar-me no meio do Champs Elysés compensa todo e qualquer esforço possível.


Não me vou por a descrever as centenas de pessoas a passear, as lojas todas abertas e salpicadas de gente a entrar e a sair, os piropos constantes (conquistei Paris!) e o crepe que comi enquanto subia e descia aquela rua única no mundo inteiro. Para isso escrevia o tal livro inteiro sobre uma noite em Paris e não apenas um textinho no blog.

Óbvio que quando acabei o meu smoothie de morango e me voltei a enfiar no metro já não achei tanta piada à coisa. Tinha as indicações todas bem decoradas na minha cabeça para não me perder mas claro que o encanto de um metro mal cheiroso e mal frequentado em direcção aos subúrbios depois da meia-noite se desvanece rapidamente. Na altura já desejei ter um jeans e uns ténis calçados em vez de um vestido esvoaçante e umas sabrinas amorosas que já me magoavam os calcanhares e não vou exagerar se disser que olhei umas 5 ou 6 vezes para trás nos 5 minutos que tive que andar a pé da estação de metro até ao meu hotel de sonho.

Mas, como é previsível pela calma com que escrevo isto, correu tudo bem e lá me atirei para cima dos edredons para ver um filme em inglês com legendas em francês o que, parecendo que não, é muito interessante.


Podia-se dizer que a viagem perfeita tinha acabado ontem à noite e que hoje tinha sido a parte chata, mas não! Paris é assim! Se eu lá morasse, acordava sempre à primeira quando toca o despertador em vez de acordar, em média, 2 horas depois do primeiro toque como acontece aqui em Lisboa. Talvez seja por ser diferente, talvez seja por me sentir importante a viajar sozinha em trabalho, mas dei um salto da cama esta manhã com o maior sorriso de felicidade de sempre e vesti-me a correr para viver esse grande, grande momento que é um bom pequeno-almoço de hotel.

A conta já tinha sido tratada, disseram-me eles, mas isso já eu sabia, fazia parte de ser uma viagem de sonho. Isso e estar a 2 quarteirões dos escritórios e estar uma manhã absolutamente fantástica, nada tão quente como tem estado por Lisboa, num bairro amoroso cheio de cafés de esquina com mesinhas montadas e croissants a serem servidos a pessoas com bom aspecto. (Os croissants estou a exagerar, não vi nenhum, mas acho que foi mais falta de concordância temporal do que imaginação pura.)


Após uma manhã de formação que acabou por ser uma reunião entre mim e uma pessoa com quem falo quase semanalmente por e-mail, fomos almoçar as duas a um restaurante japonês extremamente fashion daquela zona de Paris onde, de facto, se encontravam mesmo os directores japoneses da minha empresa na Europa. Mas não houve interesse entre nenhuma das partes em que fossemos apresentados. Para não ser previsível de mais, não vou dizer que o almoço estava maravilhoso, que estava, e que o ambiente de todo o dia foi óptimo, conversei imenso (já em inglês!) e que o almoço foi, claro está, oferecido pela empresa. Podia quase dizer que a Beatrix e eu ficámos quase amigas e que vamos trocar imensos e-mails porque temos imensas coisas em comum, mas antes de me vir embora tive que lhe dizer: "Sabes Beatrix, foi bom conhecer-te mas já não tenho 18 anos, não faço mais amigos. Adeus e falamos quando precisar da tua ajuda com este projecto". Kidding, óbvio. Mas também não ficámos propriamente amigas, estou a exagerar. Mas fiquei com óptima impressão dela porque, até à data, a única Beatrix que havia na minha vida era a Beatrix Lestrange do Harry Potter que é má para caraças e portanto achava que esta também seria meia louca e, quem sabe, também um bocadinho bruxa.


Já não posso é dizer que tenha adorado a ala Oeste do aeroporto de Orly, repleta de espanhóis a viajarem de regresso para Sevilla e Madrid após uma viagem desenfreada com os miúdos à EuroDisney. Era nitidamente uma população espanhola de classes D e E para baixo. Barulho, gente, todos muitos grandes e com muitos fedelhos à volta. Uma dor de cabeça. E eu não costumo ser assim, juro que não.


Mas viagem a Paris à parte e espanhóis à parte, o livro que eu gostaria mesmo, mesmo de ter escrito, era um livro que contava a história de como, mesmo antes de embarcar, me aproximei da emigrante portuguesa que mora em Paris e que visita a terrinha uma vez por ano, mais ou menos a 24 de Julho, e puxei da minha pistola com silenciador aplicado, encostei-a à sua malinha azul e dei um tiro no pequeno cãozinho que saltava lá dentro e dava gritinhos insuportáveis.

E eu sei, eu sei. Que muita gente adora muito cãezinhos e as lambidelas deles e até dorme com eles na cama e outras coisas que tal. E eu não odeio, aliás é certo e sabido que quero muito ter um cão. Mas um cão pequenino, nervoso, enervante, irritante, dentro de uma mala azul e, acima de tudo, dentro do meu avião, isso é que não.


Mas esse livro não poderei nunca escrever por diversas razões: não tenho uma pistola nem um silenciador. Aliás, só sei o que é um silenciador por causa da televisão.

E não posso escrever um livro sobre uma viagem de sonho a Paris porque o horror do cão me estragou o sonho todo e ladrou a viagem toda para cá, coitadinho, porque tinha dores de ouvidos.

22.7.08

Just perfect

Ri & Jaime
13 Julho

14.7.08

Uma laranja, meia laranja.

Vinha com a minha avó ontem de carro para Lisboa. Tão querida, não se importa nada de andar num carrinho sem ar-condicionado e que, verdade seja dita, é quase um carro a pedais de tão devagar que anda.
Estávamos a falar de namoricos e casamentos, numa fase em que estes últimos abundam cada vez mais, tanto na minha família como fora dela, quando a minha avó partilha comigo a visão dela do amor. Diz-me que Deus, lá em cima, parte milhares de laranjas ao meio e atira todas as metades ao calhas cá para baixo. E que nos cabe a nós, meras metades de Vitamina C, encontrar a nossa metade certa.
Podia ajudar termos sido cortados, cada laranja, com uma faca com uma serrilha diferente, tornava tudo mais fácil. Ora encaixa ora não encaixa, percebe-se logo e não se perde tempo com a metade errada.
Mas acho que faz parte que assim não seja e faz parte que cometamos erros atrás de erros.

Não sei se eu pessoalmente vejo bem assim as coisas. Mas também acho que, até encontrarmos a nossa metade certa, faz parte não acreditar nesta teoria porque as probabilidades à partida parecem baixíssimas.
Ainda assim, tenho que ter em conta a opinião de uma pessoa com um bocadinho mais de experiência nesta área do que eu.

De qualquer forma, e acho que é isso que tenho tido dificuldade em explicar, não sei até que ponto é que devemos andar à procura da laranja-metade.
Eu, para ser sincera, não ando.
Se penso nela? Evidentemente, espero que faça parte do meu futuro. Mas também sei, acho, sinto, que saberei quando a encontrar.
Não acho que seja uma metade qualquer, que seja algo que eu consiga forçar.
Não acho que olhe para alguém e pense “Sim senhor, tu serias uma metade fantástica. Gomos do tamanho certo, nível de acidez semelhante ao meu, casca no mesmo tom, quantidade de concentração de sumo absolutamente compatível. Vou investir nisto apesar de nem te achar grande graça e quem sabe um dia não me apaixono por ti e fazemos uma bonita laranja inteira?”.

Não.
Não consigo explicar as centenas de razões pelas quais isto não faz sentido.
I'm sorry...

Em primeiro lugar, sendo fria e dura, que é coisa que não sou, se não estamos apaixonados neste momento, querida laranjinha, é porque o mais certo é nunca virmos a estar.
Depois, e falando da tal solidez que supostamente se alcança quando tudo o resto faz sentido menos essa dita paixoneta, pura e simplesmente não é uma prioridade para mim.
O que é que me interessa a solidez de uma relação quando o que procuro é alguma coisa que me tire os pés do chão de felicidade?
Aliás, porquê supor que a próxima metade de laranja a aparecer na minha vida vai já ser a metade ideal? E porquê supor que já deveria estar a procurar a última metade? E se não estiver?

O que quero dizer é que não, no fundo nem sou uma pessoa muito exigente. Até dou por mim a estabelecer critérios muito elevados (literalmente) e a ignorá-los totalmente quando chega a hora da verdade.

Mas se é para aparecer alguém na minha vida, se é para por sequer a hipótese de existir alguém em quem eu queira pensar mais do que o normal, então aí, há um mínimo que eu exijo.

E esse mínimo não é nada mais, nada menos, do que o estômago aos saltos quando o telefone toca, estar nervosa antes de cada encontro, contar os minutos até já poder voltar a telefonar sem parecer ridícula de mais.
É ficar obcecada com a roupa, com o que fica bem e com o que fica mal a achar que cada pormenor conta. É passar dias inteiros a construir sonhos na minha cabeça e passar as noites a vivê-los na minha imaginação.
Esse mínimo é estar apaixonada sem pensar no futuro, se vai correr bem, se vai resultar, só porque naquele momento tudo parece possível mesmo que seja tão evidente que não o é. É ter a solidez do futuro como última prioridade possível na minha vida.

É tão simples. Talvez seja pedir de mais mas ainda vou ficar à espera disso um dia.
Até lá, prefiro viver apaixonada por tudo o resto na minha vida. E eu sei que é deprimentemente positivo da minha parte dizer isto, mas até estou.

Porque esse tal mínimo, essa tal condição quase insignificante, neste momento não existe. Sabemo-lo muito bem! Porquê forçar?
(É uma pergunta retórica não preciso de resposta.)

26.6.08

cook me

Aparentemente, e por razões que desconheço, existe uma relação directa entre bolachas e maridos. Mas directa ao ponto de ser impossível construir uma frase com um elemento que não acabe, imperetrivelmente, no outro.
Uma pessoa decide que é simpático fazer umas bolachinhas para levar para o trabalho, porque certa pessoa que poderia ser apenas Directora de Marketing mas que eventualmente até se aproxima o mais possível do conceito de amiga, desde que com mais 13 em cima, faz anos.
E até poderia dizer que é uma ocasião rara e um momento tão único que decidi marcá-lo com umas bolachinhas para lhe mostrar o quanto a adoro, mas não. Não vamos exagerar. Também não a adoro! Gosto muito dela. E não, não foi uma coisa única. Faço frequentemente bolachinhas para quem faz anos.
Até costumo fazer mais. Vai na volta, costumo comprar uma caixinha simpática às flores ou às riscas, qualquer coisa que fique como presente e que se leve para casa e ponho lá as minhas bolachinhas dentro. Mas desta vez não. Na penúria como sempre e a lamentar o vidro do carro partido, a inscrição no mestrado onde vai na volta nem vou conseguir entrar e o computador a arranjar com os seus 7 vírus aos saltos lá dentro, a caixinha estava fora de questão.
Antes de investir na caixinha investia no almocinho semanal com a Filipa em vez de ter que lhe ligar (mas só porque ela é extreme senão ficava complicado) a dizer que olha, se calhar só tomamos café que isto anda complicado e eu fiz uma sandwiche que vou a comer no carro quando for ter contigo. Mas acabou por ser um café e um gelado, cornetto de morango como sempre, que estas idas ao mealheiro são sempre rentáveis.
Mas continuando, está tudo contado e guardado e fora uma eventualidade qualquer preferia não investir em caixinhas giras. Investi antes numa cartolina verde e construi uma caixa muito gira e forrei-a com um guardanapo verde lima e fiz umas fitas de lã verde que roubei à minha mãe e ficou o máximo. E depois dá sempre aquela ideia de ter muito mais significado porque foi tudo construído de origem, o que é verdade!
Óbvio que isto para uma pessoa como eu é apenas uma caixa verde em que os diferentes tons entram em sintonia perfeita e depois tenho que ouvir as bocas do Ai! Vê-se logo que ela é do Sporting escolhe sempre verde para tudo o que faz! E veio vestida a condizer e tudo! (E ia, mas desta vez foi sem querer).
Mas como uma caixinha de bolachas deve emitir daqueles sinais sonoros que conscientemente não ouvimos, tipo os apitos dos cães, no mesmo segundo e por pura coincidência, durante o café da manhã, três quartos da empresa apareceu e espreitou, comentou, comeu, saboreou e fez o seu juízo de valor.
De 0 a 10 acho que fiquei no 15. E de 0 a 10, agora na escala do quão enervante ando, a pôr escalas de 0 a 10 em tudo, já devo estar no 33!
Mas e é aqui que eu estabeleço a relação directa entre comentar uma bolachinha e a minha elevada probabilidade de encontrar um óptimo marido já aí ao virar da esquina. É uma relação tão directa como aquela que estabeleci, também frequentemente, entre as pessoas que dizem "ai não me queimo nada nem no fim do Verão fico com a tua cor" com as pessoas que dizem "ai o mar é gelado tomo 1,5, no máximo 1,8 banhos por dia, em média, o Verão inteiro!".
Aparentemente, o facto de eu fazer bolachas, ou tartes ou outros petiscos típicos dessa fabulosa e, na minha opinião até bastante menosprezada refeição, que é o lanche, é facto suficiente para se achar que sou o partido ideal para qualquer sortudo que me consiga apanhar!
Preferias uma advogada? Uma miúda mais magrinha? Mais inteligente? Não te preocupes, leva esta que sabe fazer bolachas, calha sempre bem!
Impressionante.
Que prendada, que sonho de miúda, que delícia. Temos mesmo que te arranjar alguém Rita! Aqui na empresa só se fosse o Artur do armazém mas se calhar preferias alguém com os dentes todos... até porque dá mais jeito para comer bolachas.
E eu do nada imagino-me, fechada numa casinha com um marido qualquer que foi na conversa das bolachas e do nada ele até decidiu que eu já não precisava de trabalhar mais porque "casei contigo foi para isto mesmo, para comer bolachas!" e não faço mais nada até ao fim dos meus dias senão cozinhar e ele não faz mais nada até ao fim dos dias dele senão comê-las e os meus filhos vão ser umas bolinhas gordas porque são alimentados a bolachas.
Que visão!
Para a próxima compro um bolo, como toda a gente faz!

25.5.08

dia de ventania

Odeio o vento.
Quando vou na rua e o cabelo vem todo para a cara. Quando se cola à boca quando acabei de por batom para o ceeiro que é, já agora, de 10 em 10 minutos. Mais pelo hábito que pelo ceeiro que, coitado, nem chega a ter hipóteses de aparecer.
A maneira como o vento é tão insistente, como não pára mas, acima de tudo, como está tão fora do meu controlo. O barulho que faz a noite inteira a passar pelo bocadinho da janela que deixei aberto e que tenho preguiça de me levantar para fechar porque, quando estou deitada, parece que a janela está a quilómetros de distância e não a 10 centímetros.
Odeio.

Só não odeio o vento quando me apetece estar ao vento. Um dia de Inverno, um passeio a pé por qualquer lado. Uma fita no cabelo e um casaco quentinho. Uma companhia boa e nem me importar com as lágrimas que me saltam dos olhos por causa do ar frio que lhes bate. Verdade seja dita, radiantes ficam as lágrimas por finalmente terem uma razão para saltarem, tão empilhadas que andam sempre atrás dos meus olhos à espera de uma desculpa para descerem pelas minhas bochechas redondas abaixo.

E odeio a chuva.
Naqueles dias em que parece que os guarda-chuvas desaparecem todos cá de casa, apesar de serem todos meus. Ou quando tenho pressa e aqueles 3 segundos entre fechar o guarda-chuva e fechar a porta do carro são suficientes para ficar ensopada. Quando acabei de esticar o cabelo e mesmo apesar de não apanhar nem uma gotinha de água ele sabe, pura e simplesmente, que aquele é um óptimo dia para ficar em pé de manhã à noite.
Quando os sapatos ficam molhados, pior, quando as mãos ficam molhadas e já nem conseguimos tocar em nada!
Odeio.

Só não odeio quando gosto. E quanto gosto… adoro. Quando não me importo de ficar com os meus caracóis no ar, quando estou com alguém que olhe para mim e se desfaça a rir e me diga que bom, finalmente me vê de caracóis. Porque fico tão mais gira. Porque verdade seja dita, uma pessoa que não goste dos meus caracóis… até me pode achar uma princesa mas para mim é irrelevante. É o mesmo que me dizerem “és giríssima, mas gosto mais de te ver toda pintada de azul”.
Mas não há nada melhor que um bom passeio à chuva, com umas botas confortáveis por cima das calças, com um guarda-chuva gigante que não tenha que partilhar porque, e isto é muito sério, não há nada pior que partilhar guarda-chuvas! Não resulta para ninguém!
E quando não há guarda-chuva e não há onde me abrigar. E a chuvada é tanta que já me pingam gotas das minhas pestanas gigantes. Quando a única solução é rir às gargalhadas e o que mais apetece é dar voltas e voltas de braços estendidos.
Aí é perfeito. Adoro a chuva.

Acho que o que eu quero dizer é que por muito que goste de todas as situações em que me possa encontrar, odeio sentir que estou nelas sem as conseguir controlar. Faz-me confusão encontrar-me num sítio em que tudo o que me rodeia está fora do meu controlo, em que não consigo tocar no interruptor que desligue tudo e em que não sirva de nada eu gritar “Chega! Não quero mais! Chega de chuva na minha cara neste momento!”.

Mas ultimamente acho que sinto isso em relação à minha vida.
E daí, se calhar é por isso mesmo que não tenho escrito.
Porque estou a passar tanto tempo a olhar à minha volta e a tentar perceber o que se está a passar, à procura dos interruptores de cada situação para ver se ganho controlo de alguma coisa… Mas a verdade é que não percebo nada. Todos os dias mudo de ideias em relação a tudo. As certezas de uma manhã não são as mesmas à noite. As vontades que tenho de lutar por uma coisa ou de lutar por mim desvanecem-se num segundo e volto a ficar insegura.
Porquê escrever se me vou arrepender passadas algumas horas?
Não faz sentido.

Mas também não faz sentido esta fase que estou a viver.
Não faz sentido não saber o que sinto em relação a coisas importantes na minha vida. Não ter certezas. Das poucas certezas que tenho, não as conseguir interpretar, compreender, controlar.
Faz-me confusão.
Eu sei que a vida deve ser feita de surpresas, de indecisões, de momentos inesperados que nos fazem tomar decisões todos os dias. Mas eu não tenho decisões para tomar porque está tudo fora das minhas mãos. A minha opinião não interessa. A tua, nunca ma dirias.
E eu só queria um bocadinho de lucidez.
Uma certeza qualquer que me mostrasse onde estou. Onde me encontro. Para onde vou. Que fase é esta que estou a viver. Quando é que vai acabar? Já é esta a fase final ou vem lá mais qualquer coisa?
Eu acho que não, que não vem lá mais nada. E tenho a certeza que tu também achas que não.
Mas isso não me deixa nem melhor nem pior. Continuo neste limbo em que estou há meses sem conseguir descrever se isto me faz bem ou me faz mal. Quando ponho tudo na balança o resultado é injusto porque, verdade seja dita, não temos propriamente coisas más para pesar. As coisas más, a existirem, resolvo-as comigo própria ou com quem me queira ouvir.

Acho que o que me faz parar para pensar é realmente a falta de controlo que sinto. Tanto me fascina, como me assusta.
Tanto me põe a pensar que mereço tão mais, porque mereço, como me faz ver que neste momento não tenho paciência, energia, vontade de controlar mais do que isto.
Tão estranho.
E é tão estranho não falar nisto.

Tanto és o meu passeio perfeito ao vento em que nada me preocupa e nada me incomoda como és a ventania que eu não consigo controlar e não consigo fazer parar para te perguntar o porquê disto tudo. Para onde é que vais e se me estás a levar contigo ou não.
E eu, será que queria ir?

28.4.08

Diário dos meus dias sem pi

(Escrito na sexta-feira, 25 de Abril)

Pi,

Se não te dei mais notícias até hoje, se não te mando mais mensagens, é porque tenho sempre aquela tendência de passar para a vida dos outros aquilo que imaginaria como ideal na minha. E a verdade é que, se fosse eu a ir para África durante 2 meses, provavelmente ninguém saberia de mim durante todo esse tempo e o meu telemóvel ficaria, mais uma vez, fechado na mesa de cabeceira cá em Lisboa.

Este fim-de-semana grande pensei em deixá-lo lá, assim como tinha pensado fazê-lo na Páscoa. Mas imagino sempre aquela comichão constante que me ia perseguir o fim-de-semana inteiro. Talvez seja o meu único vício… o telemóvel, claro.

Estou sentada na casa de jantar da Casa da Boiça, onde passámos tantas tardes a descascar avelãs, num Verão em que não parámos de nos matar uma à outra, dia após dia, com tanta discussão inútil. Lembro-me de acordar e pensar que ia tentar não discutir contigo, que ia fazer um esforço enorme.
Mas sempre foi assim! A ideia que tinham de nos colar uma à outra durante meses e meses de férias nunca tinha bom resultado. Parecidas de mais em tanta coisa e diferentes noutras tantas, com 10 anos de idade, a mistura era explosiva. Hoje já não sei se seria, mas já não temos meses e meses de férias para fugirmos juntas…

A primeira vez que vejo um computador nesta casa onde parece que o tempo parou. E só o trouxe porque o meu pai precisa dele para estudar para o seu curso de patrão de alto mar. No chão, ao meu lado, está a minha filha de aluguer.
Trouxe a Beatriz comigo, a pensar que seria tarefa fácil tratar de uma princesa como esta, mas afinal, nada disso. Princesa como é, que come tudo e dorme como um anjo, ocupa-me todos os segundos do meu dia e mesmo escrever-te este texto implica ter um olho a olhar para o monitor e outro a olhar para ela, sentada no chão a tocar no seu xilofone colorido.
Ontem à noite, só para teres uma ideia, chegámos por volta das 10h e a minha prioridade número um era por o telemóvel a carregar, pois estava há umas 3 horas incomunicável. Quando finalmente consegui deixar a Beatriz a dormir e desci as escadas para encontrar o carregador, passava da meia-noite! Nem queria acreditar.

Mas isto tem sido uma animação. Ias adorar. Às 8h30 da manhã já estava na cozinha a fazer o biberon da Beatriz a fazer torradas com manteiga para o António e para a Teresinha. O Tiago e o Filipe já andavam por aí bem acordados e de pequeno-almoço tomado e mais tarde chegou o Baltazar. Uma balbúrdia total em que a única paz é o teu adorado Zé, que só dorme, come e sorri como um anjo. Ele é lindo. Espero que tenhas recebido o meu MMS com a fotografia dele.



De resto pouco tenho para te contar. Acabei os exames e nem acredito que tenho uma semana sem aulas para descansar. Se cá estivesses ia ter contigo todos os dias e paravas de te queixar da minha ausência constante. Estou ansiosa por acabar esta Pós-Graduação.
A minha mãe anda histérica com as centenas de pessoas que se lembraram que hoje faz anos. Aquele telemóvel que, num dia normal, já é perfeitamente insuportável, hoje atingiu um limite que me dá vontade de atirar o meu para a lareira. Sim, lareira, apesar de estar finalmente um tempo óptimo, dentro de casa estão provavelmente menos 5º que lá fora.
Mas continuando, a minha mãe repetiu a mensagem da sua adorada afilhada a toda a gente que lhe deu ouvidos. Eu, a antipatia constante, a cada vez que ouvia a mensagem, que já sei de cor quase, “gostava de lhe dar um beijinho enorme mas trato disso quando chegar. Um dia de anos óptimo, à altura da minha madrinha!”, repetia que não era assim nada de especial, a Madalena está em Moçambique mas não está dentro duma cela longe de qualquer indício de civilização. Não me ligou, claro está. Anda tudo morto de saudades tuas. Mas olha que isso do “à altura da minha madrinha” tem muito que se lhe diga porque a minha mãe pode ter imensas coisas impecáveis, mas lá altura… não é uma delas!

Gostava de saber tudo sobre ti, além de que nadaste com tubarões baleia. Ainda fiquei a pensar no que significa que te lembraste de mim. Porque achas que eu ia amar nadar com o que quer que seja, que ia de certeza, se foi porque viste seres quase baleias e achaste que foi nesse estado que me deixaste antes de saíres de cá, que foi! Como calculas, aqui na Boiça, dieta é coisa que fica na rua. A minha mãe e a avó, rodeados de centenas de crianças, não acharam nada melhor do que esgotar todo o stock de bolachas, gomas e bolos de todos os supermercados desde Lisboa até aqui onde estamos, seja lá onde seja.
Gostava de saber como vai o namorico, ou os namoricos, à distância, como te estás a dar com a Ana, com os miúdos subnutridos mas gorduchos que já devem fugir de ti à distância com pânico desses beijos redondos com que os deves devorar.

Também gostava de falar contigo, de desabafar. Fazes-me falta. Não que não tenha com quem desabafar, claro que tenho. Aliás, nem tenho assim tanto que precise de desabafar. Só as conversas normais, os pormenores, os segredos, que eu sei que ouves com uma atenção especial. Mas quando tiver alguma novidade interessante, se tiver alguma novidade interessante durante a tua ausência, ligo-te logo a contar.

Até lá, Pi do meu coração, ficas a saber, quando fores a um computador em que a Internet fique ligada o tempo suficiente para conseguires ler isto, que te adoro mais que tudo no mundo e que conto os dias até chegares.

27.4.08

Depois dizes que não gosto de ti...

Ao que parece, continuando nesta vaga de mensagens escritas directamente para África, hoje faz 23 anos que fomos baptizadas.

A minha mãe decidiu vir partilhar isso comigo pensando, talvez, que esse facto devesse ser celebrado. Nunca tinha sabido de tal data na minha vida. Até tenho ideia de já ter perguntado e de não me terem sabido responder. Mas hoje ela lembrou-se e até achou que eu merecia um beijinho.

Toma lá tu um também. E aqui estamos nós. Lindas de morrer!

Quem não adivinhar que é óbvio que eu sou a gorda do lado direito, que nunca mais me fale!

21.4.08

um ano: sobrevivi?

É engraçado, porque há um atrás eu tinha uma agenda e agora, que penso bem nisso, nem me lembro de que cor era. Lembro-me que fiz uma birra tremenda para a ter.
Sempre na esperança inútil de voltar a ter uma agenda como a que tinha tido uns anos antes, provavelmente no meu primeiro ano ou segundo do curso, que me acompanhava para todo o lado e que quase fazia parte de mim. Um bocadinho como o que dizem desses miúdos agora com os seus telemóveis que são extensões deles próprios.
Toda a gente adorava a minha agenda. Tinha tudo colado lá, não me escapava nada, desde o mais simples bilhete de cinema até aos bilhetes de avião. Todos os trabalhos de grupo, todos os trabalhos de hospedeira, todos os anos de todos os meus amigos. Era única.

Inevitavelmente o ano acabou-se e, começando um ano novo, recebi duas agendas de sonho. Uma vinda do Brasil, trazida pela Vera, outra oferecida pelo André. Foi impossível escolher. Acabou-se a agenda na minha vida.

Mas no ano passado, início de 2007, eu decidi que queria voltar, ou pelo menos tentar a voltar ter uma agenda mítica.
Escusado será de dizer que não resultou. Há coisas que não se repetem.

Mas o que me fez lembrar agora essa agenda, que ainda está nos sacos que trouxe do meu escritório antigo e que estou apenas a adiar o tempo suficiente para os conseguir deitar integralmente fora sem lhes tocar, é a altura do ano em que estavamos há um ano.
Nem tanto o dia de amanhã, dia mítico na minha existência mas que, verdade seja dita, tive que ir ver à agenda do telemóvel que dia tinha sido o Domingo antes dos anos da minha mãe, que isto os dias do mês andavam todos meio enevoados na minha cabeça, mas mais o dia em que fazia um mês depois de amanhã, dois meses depois de amanhã.
Lembro-me de contar os Domingos.
Lembro-me de ter na minha agenda, acho que ela era cor-de-rosa, quatro Domingos depois deste Domingo que faz amanhã um ano, uma nota que dizia: um mês, sobrevivi?
E quatro Domingos depois dessa nota, tinha outra que dizia: dois meses, sobrevivi?

E eu sei que agora até pode parecer ridículo, e eu sei que a minha sobrevivência nunca esteve em causa. Mas lembro-me de pensar, de olhar em frente, e não me conseguir imaginar viva, inteira, passados um, dois ou mais meses. Nem passado uma hora, quanto mais um dia que fosse.
E agora, se ainda tivesse uma agenda, amanhã seria o dia em que diria:

um ano, sobrevivi?

E a resposta é óbvia de mais para ser escrita mas ainda me faz impressão pensar em tudo o que foi preciso para que voltasse a acreditar que era capaz de passar um minuto que seja sem pensar nesse assunto.
E na altura seria capaz de jurar que nunca chegaria esta data em que eu conseguisse passar até vários dias sem me lembrar de tudo o que se passou.
Mas, por outro lado, também me lembro de pensar que nunca iria parar de chorar. Lembro-me de achar que os soluços eram eternos.
Só chorava quando estava sozinha, no meu quarto, no meu sofá novo ao sol, onde quer que fosse. Felizmente deixavam-me estar sozinha e não me incomodavam.
Lembro-me que a cada momento em que estava sozinha me lembrava de uma altura diferente. Uma viagem, um passeio, um jantar.
Por cada coisa que me lembrava, chorava como um bebé de 3 anos até adormecer nos meus próprios soluços e nas minhas próprias lágrimas.
Nunca fiz nada para me controlar.
Sabia que por cada coisa só choraria uma vez.
E assim foi.
Chorei cada momento, cada beijo, cada abraço. Chorei tudo. Uma coisa de cada vez.
Nunca quis apressar nada, nunca quis deixar cá nada dentro para me lembrar com saudades mais tarde, nada que me pudesse atormentar ou perseguir quando eu julgava que teria esquecido.
Decidi que aquela era a época, o momento de sofrer. Que não havia ninguém que me tirasse esse direito.
Era a primeira vez na vida que me acontecia uma coisa assim e eu sabia que a única saída era mesmo pelo meio, mesmo descendo tão baixo que deixasse de ver a luz lá em cima. Ou cá em cima, dizendo melhor.

E lembro-me que o que mais confusão me fazia era a estupidez daquilo tudo. Era saber que, por uma vez na vida, me estava a acontecer uma coisa tão importante sem que sequer me tivesse sido dado a escolher se era isso que eu queria.
Era a impotência total.
A estupidez total de ter sido aquela pessoa que durante 2 anos e meio nunca, mas nem por uma vez, teve dúvidas. E eu sei, é inútil negá-lo, o quão raro isso é. Sei que isso não acontece com toda a gente. Nem sei se vai voltar a acontecer comigo, apesar de toda a gente à minha volta gostar de insistir que sabe perfeitamente que vou voltar a viver isso na minha vida.
Eu, neste momento, não sei.

Sei que sobrevivi. Que tento olhar para trás sem ódio nem rancor. Tento medir o que perdi com o que ganhei. Tento-me convencer a mim própria que na altura fez sentido abdicar de ir um ano para Paris, abdicar de voltar ao CISV ou de fazer o inter-rail dos meus sonhos.
Tento pensar que tudo teve uma razão.
Tento medir o que ganhei.
Mas agora passado um ano, acho que o que ganhei foi juízo.
E sinto que cresci mais este ano sozinha, vivi mais e diverti-me mais, vi mais do mudo e das pessoas do que naqueles dois anos e meio presa a uma realidade que afinal não tinha nada de real.

E sei que o pouco de irritação que ainda sinto quando penso que uma pessoa de quem tanto gostei se revela, afinal de contas, uma decepção a todos os níveis, é uma irritação que vai passar quando se instalar de vez esta tão aguardada indiferença total em relação ao que se passou.
Sei que há bocadinhos de irritação que já só passam quando aparecer outra pessoa que ocupe esse espaço dentro de mim.
Mas sei que a maior parte, fí-la sozinha.
E isso, era o melhor que me podia acontecer.

17.4.08

the day after

Ok, vocês conhecem-me. Quem não conhece, tem vindo a conhecer nem que seja através do meu polemicamente aborrecido blog.
E a verdade é que eu até nem sou a pessoa com pior feitio de sempre. A sério! Nem sou!
Eu sei que tenho mau feitio, daqueles que são chatos e até relativamente engraçados para quem me rodeia, desde que não seja o causador directo, porque me transformo numa criança mimada.
Mas a verdade é que essas minhas crises de mau feitio são muito raras hoje em dia.
A verdade é que sou assim esta pessoa calma, sempre em paz com tudo e com todos, que leva, leva e leva na cabeça e continua a dar, dar e dar sempre o mesmo, ou mais ainda.
Resumidamente, sou estúpida.
Mas quando, do nada, tenho uma crise de mau feitio. E atenção, normalmente estas crises são pura e simplesmente resultado de milhões de coisas parvas que me enchem a cabeça e me põem fora de mim, dá-me um ataque de sinceridade absoluto em relação a tudo e a todos.
Não que eu seja mentirosa. Não sou. Não digo mentiras sérias vai fazer este ano 8 anos.
Mas lá que sou uma pessoa contida no que toca a dizer coisas que possam magoar, um bocadinho que seja, que me ouve/lê... isso sou. E sou-o de propósito, gosto de ser assim e vou continuar a ser assim.
Por isso penso que é sempre bom quando chegam estas crises, porque há sempre qualquer coisa que salta cá para fora que não devia e que consigo sempre dizer no dia seguinte: "Olha não ligues, estava com o pior feitio de sempre!".
E vinha eu para casa, ensopada por ter deixado o carro no fim do mundo durante o exame, e essa foi uma das muitas razões para hoje ter ficado fora de mim, quando pensei: olha boa, vou-me sentar em casa e escrever no meu tão abandonado blog qualquer coisa que me apeteça imenso dizer.
Logo aí, deparei-me com dois problemas. Primeiro, não tenho nada que me apeteça imenso dizer. Segundo, não me apetece ir para casa.
E isto do não querer vir para casa está a ficar problemático.
Ao que parece, a Ritinha muito certinha, muito defensora dos valores de família, que adora o pai, a mãe, os manos, os sobrinhos e as mães dos sobrinhos, essa mesma Ritinha que defende convictamente a educação algo antiquada que recebeu e que acha, se bem que cada vez menos, que a vai dar aos filhos, está farta, mas mesmo farta, de casa.
E então transforma-se da pessoa faladora, comunicativa, até algo histérica ou infantil se estiver bem embalada, que consegue ser no trabalho, nas aulas, com os amigos ou com quem quer que a ature, na miúda calada, ou muda para ser mais precisa, que entra em casa com umas trombas do tamanho do mundo por ter que viver, dia após dia, a rotina desgraçada que é tão obrigatória nesta casa.
Gostava de conseguir explicar o quão maravilhoso seria para mim, pura e simplesmente, chegar a casa. Ponto final. Cheguei. A casa. E pronto.
Mas não. Cheguei a casa, vamos lá para a cozinha ajudar a acabar o jantar enquanto que conversamos animadamente sobre o dia, a família, as novidades do trabalho. Vai por a mesa? Vou. Adoro a pergunta. Adorava responder: NÃO, estou farta de por a mesa! Traz os pratos de sopa? Não! Estou farta desta sopa feita com mil batatas para cada cenoura! Vamos para a mesa? NÃO! Estou farta de estar sentada com as mesmas duas pessoas que não têm nada para me contar, quando tenho mil coisas para fazer que, para mim, são tão mais importantes. Entre elas encontra-se, sobretudo, aproveitar as poucas horas por dia em que tenho direito a não fazer absolutamente anda.
Mas pronto, como a casa não é a minha e as regras já cá estavam quando eu cheguei, eu obedeço.
Ponho a mesa.
Vou buscar os pratos de sopa.
Comemos.
Conversam.
Eu oiço.
Não tenho nada para dizer. Não tenho vontade de contar nada. Não conto nada! Amanhã janta? Não. Então? Tenho um jantar. E no fim-de-semana? Tenho programa. O que vai fazer? Não estou em casa.
Esta é a animação da minha noite. E quanto menos falo, mais perguntas destas oiço. E deixam-me fora de mim porque odeio que me arranquem palavras a saca-rolhas. Se eu quisesse contar, eu contava! Eu nem quero estar aqui sentada, quero estar no sofá sozinha a ver o que me apetecer, enquanto mando mensagens e tenho o computador ao colo!
E portanto estava eu a chegar a casa depois de um belo exame quando penso: não consigo. Hoje, não consigo. Já estive de mau humor, já me passou, já está tudo bem. Mas não consigo. Não posso. Ainda são 8h30, ainda não jantaram e eu pura e simplesmente recuso-me a subir aquelas escadas.
Não subi.
Fui dar uma volta.
Jantar fora.
Nem interessa onde.
Mas isto é mau, muito mau! É mau porque não estou bem no sítio onde devia estar melhor no mundo inteiro, que é a minha própria casa.
Mas pronto, eventualmente lá vim para casa, como é óbvio, porque ainda não faz muito o meu género dormir debaixo da ponte e não tenho dinheiro para mandar cantar um cego, quanto mais ir viver para outro sítio.
E vindo para casa, cá vim eu parar ao meu blog para escrever algo que tivesse imensa vontade de escrever. Ora, para dizer a verdade, não era nada disto que escrevi até agora que eu tinha vontade de escrever!
O que eu tinha pensado escrever, e que tenho imensa necessidade de o fazer, é que a razão pela qual não tenho escrito nada no meu blog é porque não tenho aguentado os day-after-emails.
E por day-after-emails não me refiro a mails com algum conteúdo matinal, que tanto adoro, e que referem "olha li o teu blog e claro que se precisares de alguma coisa eu estou cá", ou "li o teu blog, estás mesmo gira naquelas fotografias, mas porquê fotografias só do corpo?".
Pronto, esses eu não me importo. Tudo bem, é óbvio que eu adoro os comentários, aqui ou por mail, ou por mensagem ou pessoalmente.
O que eu não estou a aguentar são os conselhos.
Estão a condicionar toda a minha veia criativa para evitar escrever coisas que façam com que as alminhas tão minhas amigas decidam que o facto de eu desabafar é porque preciso que me digam o que fazer.
Não é. Nunca foi.
Quando preciso de ajuda, peço directamente.
Agora, os mails na ordem do:
- "Não sei até que ponto é positivo escreveres as coisas assim"
- "Li o teu blog e acho que tens que andar em frente, esse gajo é o maior deficiente mental e não te merece"
- "Estive a ler o teu blog e não concordei, acho que foste injusta quando disseste aquilo."
- "Olha acho que na verdade o que devias fazer era blá blá blá blá".

Não conheço nenhuma maneira simpática de dizer que isto não é um fórum, muito menos uma democracia. E portanto, como sei que as intenções são sempre as melhores e me estou a arriscar a nunca mais ter nenhum comentário no meu blog, sinto-me na obriação de dizer que, apesar de vos adorar, hoje estou de mau humor e tenho direito a dizer estas coisas da boca para fora.

Até porque, e tenho necessidade de deixar isto bem claro, o facto de eu escrever uma coisa muito feliz, ou muito triste, no meu blog, não significa que a sinta no dia seguinte. Ou no minuto seguinte.
Acho que a descrição melhor que ouvi sobre esta situação foi: "Não se pode levar a mal o que a Rita escreve. O que ela escreve é como ela pensa e nós estamos a ler o que está dentro da cabeça dela. Quando não se gosta, não se lê! Se se lê, já se sabe que é com aquilo que se pode contar".
Era algo deste género, não era? Isto já é para suavizar o facto de ires ficar chateada com a parte dos conselhos, estou-me já a desculpar...
E portanto, deixando este ponto assente e tendo a certeza de que não despoletei os mais terríveis ódios em ninguém, aproximam-se dias interessantes por estas bandas porque ando com certas teorias em desenvolvimento na minha cabeça que tenho vontade de partilhar.

rit curl

(Ri nos anos da Filipa. Praia de S. Pedro. 26/06/2006)
Quem diz que os meus caracóis não são giros?

Estou ansiosa pelo Verão, pelo sol, pelo bom tempo.

Ansiosa por ir dar uns mergulhos valentes e nadar horas debaixo de água de olhos abertos e a deitar bolhinhas pelo nariz.

Ansiosa!

Nunca mais é Verão.

11.4.08

not the same

- A Rita está diferente. – Diz-me a minha Directora de Marketing, assim do nada, apanhando-me em mais um momento de profunda contemplação para lado nenhum.
- Está tudo bem, estou só cansada. – Que voz tão falsa, nem a mim própria me engano, mas é a única resposta plausível!
- Sim, mas não é a mesma Rita de há duas semanas atrás. Alguma coisa mudou. Fala uma pessoa que sente que já a conhece um bocadinho.

Fico feliz por haver pessoas que me conhecem, um bocadinho que seja. E radiante por este ambiente de intimidade que tenho criado dentro deste meu escritório de mesa redonda, em que as três não temos outra hipótese senão enfrentarmo-nos umas às outras, dia após dia.
E em pouco mais de três meses, aparentemente, conseguem ler mais no meu olhar do que pessoas que me conhecem há, se calhar, tão mais tempo e que estão comigo e falam comigo sem repararem que há alguma coisa, um bocadinho que seja, que está mais vazia no meu olhar.

Mas depois a pergunta impõe-se, e precisa, como é óbvio, de uma resposta.
O que é que se passa?
Sinto-me especialmente cansada hoje. Ainda ligeiramente de ressaca, com trabalho para fazer mas sem cabeça para o fazer da forma que queria e com assuntos a mais a pairar na cabeça.
Acho que o problema é esse. Os pequenos dramas que nascem dentro da minha cabeça como cogumelos e que, por muito que eu os tente ignorar, acabam por ser incómodos pequeninos que, todos acumulados uns em cima dos outros, não me deixam descansar.
E eu sinto-me cansada, juro que sinto.

Queria-me sentar a conversar com alguém, queria contar tudo e deitar tudo cá para fora. Queria que a pessoa que me ouvisse simplesmente dissesse que sim, que concorda com tudo, que eu tenho toda a razão. Queria que me fizessem uma festinha, um toque que fosse para eu finalmente desatar a chorar tudo o que tenho acumulado atrás dos meus olhos e que está à beira de se transformar numa catarata imparável.

Mas não. As conversas, se não impossíveis, são inúteis. A primeira reacção das pessoas é apontarem logo tudo o que eu tenho feito de errado, fazerem-me reconhecer que todas as consequências advêm directamente dos meus próprios actos e que, no fundo, sempre me tinham avisado. Isto em relação ao que quer que seja. Basicamente, no que quer que eu diga, contradizer-me parece ser a primeira opção de quem me ouve.

E isso é bom, juro que é. Na maioria das vezes é óptimo. E na maioria das vezes eu até prefiro ouvir antes os outros, os seus dramas e as suas histórias. Adoro dar os meus conselhos e até acho que eles são quase sempre bem recebidos, falo sempre com um ar muito sabido.

Mas desta vez não. Só queria desabafar.
Só queria começar a falar e não parar até deitar tudo cá para fora. Mesmo coisas que nem sei que preciso de deitar cá para fora, que faço tanta força para não me lembrar.
Tudo. Queria conseguir dizer tudo o que quisesse sem ter que pensar no que a pessoa que as ouve iria pensar de mim.

Mas agora é impossível e, por muito que me esforce, essa é uma realidade à qual me vai ser sempre difícil adaptar-me.

9.4.08

tonight is the night







Peguei numa tesoura e cortei a franja sozinha. Foi a primeira vez e era uma coisa que queria fazer há anos. Tinha sempre medo. Ficou gira.

Comprei um anel. Comprado por mim, só para mim. Pedi para embrulharem e tudo, era um presente. O primeiro anel que uso depois de ter passado dois anos e meio sempre com o mesmo anel. De vez em quando tinha comichões no dedo, fazia-me falta qualquer coisa. Não era o anel que está fechado na sua caixinha, dentro da caixa cor-de-rosa de recordações em cima do meu armário. Era só um anel. E agora já o tenho.

Peguei em rolos e pus no cabelo. Nunca me tinha passado tal coisa pela cabeça. Nem por 10.000€ teria saído de casa naquela figura. Só ficaram meia-hora porque me fartei.
Tenho uma pessoa que acho que está apaixonada por mim e não sei como reagir. Não fiz click. Isto dos click's tem-me dado que pensar. Acho que tenho o interruptor avariado. Não sei gerir esta situação, sou simpática de mais, não tenho espaço na minha cabeça para viver isto neste momento.