29.1.08

Cala-te!

Há uma característica minha que penso que a generalidade das pessoas tem tendência a ignorar. E, apesar de o ignorarem por eu fazer por isso, tenho que admitir que isso é uma coisa que me enerva bastente.
E essa característica minha é que, de facto, eu me chateio.
Sim, chateio-me com coisas, sou humana. Não me chateio com tudo o que chateia a normalidade das pessoas e verdade seja dita odeio esta associação criada entre o conceito de rapariga e o constante histerismo com coisas que são um exagero constante e um abuso total das pessoas que as rodeiam. As crises de fome, de sede, de horror a bichinhos, de doenças despropositadas, de dores de cabeça, de barriga, de medo disto ou daquilo. Tudo pequenos trunfos que uma rapariga inteligente poderia e deveria guardar para utilizar quando mais fosse apropriado, por ainda existir aquela réstia de respeito e consideração por raparigas, mas que se tornou numa generalidade absurdamente mariquinhas de pessoas que se tornaram vítimas das suas próprias manias e que já nem sabem ser normais.
Seguindo em frente, sou contra manias e a maioria das coisas, à partida, não me chateia.
Não tenho medos (sem contar com o dentista mas estou a superar esse trauma), não tenho dores, não tenho horrores, não tenho fobias nem tenho manias.
Não que não saiba fingir de forma absolutamente exemplar qualquer uma destas atitudes se a situação o exigir, claro está, mas à partida sei ser uma pessoa desprendida dessas tentativas desesperadas de chamar a atenção.
No entanto, e era aí que eu queria chegar, também eu me chateio com coisas.
O problema é que me chateio com muito poucas e, mesmo quando me chateio, tenho muito pouca tendência ou necessidade para o partilhar com quem me rodeia, já para não falar da pessoa que me chateou.
Isto leva, inevitavelmente, a que as pessoas abusem de mim achando, na sua ingenuidade quase estúpida, que eu não me dou conta! Para mim, que nesses momentos não tenho grande necessidade de dar a entender que de parva tenho muito pouco, chega quase a ser divertido. Até ao momento em que deixa de ser. Em que vejo estampado na cara dessa pessoa que sim, desta miúda, desta criança, pode-se usar e abusar, sem dar qualquer explicação, porque ela está sempre bem, sempre a sorrir.
E a verdade é que, em grande parte, a culpa disto é minha. A verdade é que quanto mais chateada fico, e na tentativa desesperada de não desagradar às pessoas que me rodeiam, sabe-se lá porquê esta minha mania, não páro de me rir.
No entanto, há umas quantas pessoas, vá lá, quatro ou cinco no máximo, que me topam à distância. Que me vêm a mandar uma boca qualquer, de sorriso na cara e a rir-me genuinamente, e digo genuinamente porque a verdade é que na altura é provável que me esteja mesmo a rir, e me dizem logo: "Ai miúda... esse teu mau-feitio!". E é engraçado que essas pessoas o dizem com a maior naturalidade de sempre e nem se apercebem do seu dom único para me verem como se eu fosse um acetato e nem vêm que todos à nossa volta ficaram a pensar: "Mau feitio? Porquê? Ela estava-se a rir... aquilo era a gozar!". Que levante o braço (ou deixe um comentário) quem me disse este fim-de-semana que eu tinha mau-feitio e que, portanto, viveu tal e qual esta situação talvez sem se aperceber que é uma dessas quatro ou cinco pessoas.
Continuando, decidi deixar aqui umas pistas para que os restantes mortais que acham que eu sou um pequeno palhaço que se ri de tudo e que está bem com tudo e que jamais vai explodir por se sentir totalmente abusada, possam talvez interpretar aqueles momentos em que os seus abusos foram longe de mais.
Antes de mais, as narinas. As narinas são um factor inegável de que estou furiosa. Ainda hoje me aconteceu. Mandaram-me calar. Mas não foi um professor e nem foi de forma simpática tipo "oh míuda cala a boca...", que isso a mim pouca diferença me faz. Foi mesmo um "cala-te!", já nem sei a propósito de quê, mas num tom totalmente enervante e desrespeitador.
Como penso que tinha acabado de dizer uma piada, apesar de provavelmente não ter tido muita piada para me terem mandado calar nesse tom, ainda me estava a rir e a rir continuei. A pessoa que me mandou calar também olhou para mim a rir, certamente a tentar medir se teria abusado ou não. Se essa pessoa tivesse olhos de ver na cara, teria reparado nas narinas. Por muito que me esteja a rir, as minhas narinas fazem assim um formato estranho e para quem me conhece vê-se, à distância, que estou furiosa. Furiosa!
Outra coisa é estar a morder o lábio. Isso já não é tanto sinal de fúria mas mais sinal de estar, pura e simplesmente e por muito que não queira falar sobre o assunto, nem sobre esse assunto nem provavelmente sobre mais nenhum, de péssimo humor. Mas isso já é menos incomodativo porque o meu mau humor não é muito alterado pelas minhas interacções com as pessoas que me rodeiam. A não ser que me irritem, mas isso é raro.
Eu sei, eu sei que o problema está em mim que tenho esta incapacidade total de dizer o que sinto e de olhar para uma pessoa e dizer "mas achas que estás a falar com quem?". Tenho sempre os meus subterfúgios pessoais que passam, provavelmente quase sempre e neste caso em específico, por olhar para a pessoa, sorrir, franzir as narinas e pensar "nem me vou dar ao trabalho...".
Mas claro que eventualmente e quando vejo que as pessoas só param mesmo quando se lhes diz alguma coisa, claro que fico chateada! Será impossível as pessoas saberem impor barreiras a si próprias sem ser necessário outra pessoa dizer-lhes: "olha, sabes que és um bocado desagradável?".
Não sei... é um tema de reflexão.
No fundo, só queria dizer que sim, que também me chateio. Que posso não mostrar, que posso não ter interesse em mostrar e que posso não estar minimamente interessada em mostrar quando é que devia mostrar e não mostro. Mas isso não é desculpa, vamos lá a ver, para me confundirem com uma pessoa estúpida! Por favor!

24.1.08

Rodopio

Shame on me.
Eu admito, juro que admito, que sei muito bem que já devia ter escrito há mais tempo. Já vi o recado a dizer que já tinham passado 10 dias há uns dias… ou terá sido ontem? Perco a noção do tempo. Ando a mil à hora. Penso em tudo, passa-me tudo pela cabeça, não me esqueço de nada, de ninguém, das coisas que tenho que fazer, das mensagens que quero enviar a dizer que não me estou a esquecer de me lembrar de nada, mas o tempo não tem chegado.
Tem sido tudo um rodopio e de uma forma estranha não posso dizer que tenha sido um rodopio mau. Tem sido um rodopio de trabalho, estudos, trabalhos para a faculdade, idas e vindas para aqui e para ali. Um rodopio tão rápido que nem tenho tempo para parar e pensar se será um mau rodopio.
Mas paro agora.
Agora, que é uma da manhã e que eu tenho que acabar um trabalho de grupo que infelizmente acabou por cair todo em cima de mim mas para o qual estou muito pouco concentrada. É sempre assim com os trabalhos de grupo. Quando vejo que estamos muitas pessoas, muito tempo, muito paradas sem avançar nada, tenho logo a reacção instintiva de dizer: “Pronto, eu faço isso! Vamos embora!”. E a verdade é que prefiro. Prefiro estar aqui no meu quarto, com a minha manta polar cor-de-rosa sobre as pernas e sobre o aquecedor (estou a ferver), já de roupão e de banho tomado porque não tenho tempo de lavar o cabelo sem ser a estas tristes horas, a fazer um trabalho, mesmo que desconcentrada, do que fazê-lo numa sala de um escritório num bonito Sábado à tarde.
E a verdade é que eu bem sabia que quando parasse um segundinho que fosse, um segundo como este em que estou a parar agora, ia saber que este rodopio que tem sido a minha vida tem sido um rodopio maravilhoso. Não mudava nada neste momento. Mesmo que fosse possível esticar o tempo e poder estar mais tempo com as pessoas com quem quero estar, se calhar nem o fazia porque faz parte desta fase passar por esta ânsia maravilhosa pela chegada do fim-de-semana, já num momento mais relaxado e pós-primeiro exame, em que possa finalmente matar saudades de toda a gente.

Mas para quem não tem estado comigo e ficou parado no tempo na questão da minha festa de Carnaval forçada, deixo-vos uma palavra: Gueixa!
Pois é, comprei um bonito fato de gueixa e uma bonita “sombrinha” (sempre lhe chamei chapéu de chuva mas a minha mãe insiste que não o é) assim mesmo de papel e com flores desenhadas. Os excelentes makeup artists Shiseido lá me pintaram a cara de branco e a boca muito de encarnado e eu lá fiquei, irremediavelmente, horrorosa.
Não que não estivesse realista, que estava, mas não há dúvida que o branco não é uma cor que me favoreça grandemente, pelo menos na minha pele, e como eu já estava totalmente doente com a maior gripe de sempre aquilo só piorou o meu aspecto.
Cabelo bem preso, pauzinhos chineses espetados no cabelo e umas sabrinas semi-chinesas (comprei-as na Malásia) para evitar o facto de não ter sapatos típicos de gueixa.
Diria que estava bem.
Mas diria que estava ainda melhor quando à 1h da manhã fui soltar o cabelo e lavar a cara e aplicar uma dose até, quem sabe, algo exagerada em comparação com as doses normais, de blush. Aí sim fiquei imparável e a dançar como nunca com as restantes 140 pessoas da minha empresa, fossem elas Super-Homem (o director-geral, imagine-se!), noivas em fuga, catwomans ou muitas, muitas Laras Crofts.
Acabou por ser bem divertido, sobretudo porque toda a gente alinhou na “brincadeira” e contribuiu para uma festa espectacular. Quem me ouvisse a falar assim… Meu Deus… foi-me feita uma verdadeira lavagem ao cérebro durante aqueles 4 dias no Luso!
O dia seguinte, da actividade, foi absolutamente espectacular mas não me apetece escrever sobre esse assunto. Já tentei contar a uma pessoa ou outra e já percebi que contado não tem graça… percebi isso pelas caras absolutamente impávidas e serenas face à minha excitação, pensava eu, contagiante.
Portanto quando houver um vídeo eu mostro. Entretanto deixo só uma pista: havendo uma coreografia com 8 pessoas a dançar, sendo a música a banda sonora dos Ghostbusters, sendo o evento uma réplica dos Óscares e estando eu coberta com um lençol branco… fui o melhor fantasma de sempre! Até me matarem, claro.

Fora isso e depois de chegar do Luso e de ter ido matar saudades das minhas amigas durante 10 minutos, a minha vida tem-se resumido ora entre estudos ora entre momentos em que devia estudar mas não estudo mas também não faço mais nada de jeito porque devia era estar a estudar por isso apaga a televisão e concentra-te.

Tenho-me tentado convencer a mim própria que se me fechar na universidade, sozinha, a estudar todos os dias das 19h30 às 23h00 (hora em que me expulsam) vou conseguir ter boas notas sem ter que pedir para me darem as tardes dos exames no trabalho. Estou num verdadeiro dilema porque sei que nem lhes passa pela cabeça que eu o faça mas a verdade é que acaba por ser muito difícil estar concentrada num trabalho até às 6h da tarde e às 7h já estar a 20 Km. de distância, sentada a fazer um exame.

Bem, seja o que Deus quiser e seja aquilo pelo que eu me esforçar realmente. Mas tenho-me esforçado, juro que tenho. E tenho-me até surpreendido a mim própria com a minha capacidade de concentração para estudar sozinha depois de 9 horas de trabalho!

Vamos lá ver… prometo dar notícias com mais frequência. Sobretudo mais interessantes que estas. Ando aqui com várias ideias na cabeça e tem-se passado imenso coisa cá dentro, ou seja, dentro de mim mas no sentido psicológico e não físico, que até pode ser digna de ser relatada se eu realmente tiver tempo para me sentar e puxar tudo cá para fora. Mais uma vez, lá está, falando metaforicamente.

13.1.08

Jaime

Se há coisa que é certa e sabida, é que eu sou uma valente chorona.
Não que chore por tudo e por nada e a verdade é que nem sequer tenho tendência para chorar quando a situação exige que eu seja forte. Basicamente choro com lamechices.
Com filmes e livros? Não, também não.
Com ataques de mimo? Sim, 100%.
Choro nas situações mais inesperadas possíveis e a verdade é que sempre foram muito frequentes. Ao ponto de quase não serem valorizadas pelos que as presenciam mas isso só gera efeitos ainda piores porque passo do choro à birra.
Normalmente, ou quase sempre mesmo, as situações que me fazem chorar não são compreendidas por mais ninguém. Talvez pela minha incapacidade total e completa de conseguir desabafar quando a situação o exige e muito provavelmente porque quando choro foi porque acumulei centenas de coisas que não partilhei ninguém, porque lá está, não consigo, de maneira que acabo por explodir pela coisa mais pequena possível, mais sem valor, mais irrelevante.
E quase todas as vezes não há nada a fazer senão ignorar-me. Já passa.
Isto de ter sido a filha mais nova e a única menina tinha que deixar algumas marcas. Ok, não sou uma mimada total e nunca tive nada que os meus irmãos não tivessem mas ao menos o direito à birra eu tinha que ter ganho.

Mas seguindo em frente.
Não tenho chorado, é esta a verdade.
Há uns tempos atrás dei por mim a pensar há quanto tempo não choraria e a verdade é que já nem me lembrava da última vez. Lembro-me de uma viagem que fiz de Sagres até Lisboa de carro, depois de um fim-de-semana maravilhoso bem passado com a Vera, em que depois de a ter deixado em casa vim a chorar até minha casa como uma perdida. Foi a última vez. Aconteceu várias vezes em 2007, dar por mim a recordar qualquer coisa que me fizesse ver como estava a ser difícil seguir em frente e chorava, chorava, chorava, como se a minha vida fosse acabar ali. Como se não houvesse, literalmente, o dia de amanhã. E nesses momentos, juro por tudo, era isso que eu sentia.
Mas essa noite, chegada de Sagres, em que chorei convulsivamente pela última vez, já foi no distante mês de Agosto.
Depois disso, não tenho ideia de isso ter voltado a acontecer.
Talvez tenha sido um grito de desespero final e tenha conseguido finalmente deitar tudo cá para fora. A partir dessa altura, tudo se foi reconstruindo e agora já nem me lembro porque é que sofri. Até tenho vergonha, e mais vergonha tenho ainda de admitir que tenho vergonha, de pensar nas razões parvas, ou na razão infinitamente ridícula, pela qual chorei.

E talvez seja por estar numa época emocionalmente calma da minha vida em que a única amostra ínfima de romance, ou coisa parecida à qual possa aproximadamente dar esse nome, é repleta de constantes "reality checks" que me acordam e me fazem ver que de romântico tem realmente muito pouco, não tenho sido invadida por ondas de sentimentos, quer positivos quer negativos, fortes o suficiente para que eu tenha vontade de chorar.
E de maneira que estava eu neste impasse de achar estranha esta fase de maturidade e serenidade, que em nada está relacionada comigo, quando tudo mudou graças a determinado pirralho de 55 centímetros que decidiu dar sinais de vida a milhares de quilómetros de distância.
Quem diria que um ser tão pequenino, com apenas 3.700Kg. e que acaba de nascer na longínqua China, me faria chorar que nem uma madalena de saudade, de felicidade, de tristeza, de pena por não estar lá?

Sempre soube que este momento ia ser difícil e sei perfeitamente que nem sempre vai ser assim, que não tarda vou ter o meu Jaime nos meus braços. Mas nunca pensei que custasse tanto estar longe do meu irmão numa altura tão especial da vida dele, pelo qual ele esperou tanto. Nunca pensei que ia tanto querer saber da minha Mary que, apesar de ter lá a mãe dela, deve tanto querer partilhar tudo isto connosco.
"Costumas chorar sempre que te nascem sobrinhos?"
Esta foi a pergunta genialmente desprovida de qualquer tipo de consciência que me fez uma das pessoas, nem me lembro quem, que estava comigo no meu novo gabinete no momento em que eu acordo para a vida, mais um desses "reality checks" que insistem em atirar-me para cima a toda a hora como se fossem baldes de água fria, e percebo que estou muito atenta a trabalhar imenso mas que ao mesmo tempo me caiem lágrimas e lágrimas pela cara abaixo por estar algures no meio do deserto, ou em Tires, em vez de estar na China com o meu quarto, adorado, lindo de morrer, sobrinho.

E a isto acrescenta-se o facto de eu ter lido um estudo do New Yorker, na semana passada, que dizia que as mulheres que usam maquilhagem são mais bem pagas, têm melhores trabalhos e são mais rapidamente promovidas que aquelas que não usam. Logo, querendo eu alcançar tudo isso e portanto estando eu relativamente maquilhada, o facto de estar a chorar não era, como se calcula, um espectáculo bonito de se ver.

"Não. Só choro quando eles não nascem em Portugal". Disse eu, tentando não ser bruta mas sendo e pensando para comigo própria que se ele tivesse, de facto, nascido em Portugal, já eu estava a caminho do Hospital dentro do meu Pudinzão.

9.1.08

Virgo

Pronto, não acredito em signos.
Está dito.
Nunca foi segredo mas é a primeira vez que escrevo sobre este assunto.
Não acredito, acho que são parvos, ideologias estúpidas, anti-religiosas e que levam as pessoas a acreditarem em coisas que não fazem sentido.
E não venham cá dizer que a orientação dos astros no dia em que eu nasci vão influenciar a minha vida toda porque uma coisa sei eu bem, a minha vida influencio-a eu e aquilo que me rodeia.

Não tenho culpa de ser a pessoa mais céptica de sempre e se ainda sou crente deve ser porque há mesmo por aí alguma coisa mesmo mesmo muito forte para que eu consiga acreditar nela. O que quer que seja, que as minhas opiniões neste campo dariam origem a centenas de páginas de divagação seguidas de algumas Guerras Mundiais, não são de certeza os astros e as estrelas.

De qualquer forma estava eu aqui concentrada a ler um texto em inglês sobre a Pizza Hut e sobre o facto de o interessante mercado das pizzas nos Estados Unidos ter visto, em 1986, uma grande expansão na área das entregas em casa, quando decidi ir verificar a bela maravilha que é o meu Hotmail.
Fonte de mails sem interesse e com provavelmente nenhum enviado exclusivamente para mim, sempre dá para desanuviar um bocadinho, sobretudo quando tenho que me concentrar no negócio das pizzas e em como o seu consumo é uma experiência muito pessoal e quase sensual, em 2º logo lugar a seguir aos hambúrguers, para essa grande população cheia de noção do que é boa comida que são os norte-americanos.

Assim sendo, vejo um mail chamado Signos e lá vou eu abrir, para ver o que me dizem desta vez. Abro um documento e penso para com os meus botões "Cortez... se isto tem um vírus mato-te!". Depois paro para pensar que ainda não desejei bom ano à Cortez... que acabei por nem lhe responder à mensagem a perguntar onde ia passar o meu ano. Mas não foi por mal, ando sempre tão distraída! Bom ano Mariana!!!

Voltando aos signos.
Mal se abre o documento tem logo o típico discurso de ou envias isto para centenas de pessoas ou o teu filho morre de lepra amanhã quando nascer o sol e aqui está o verdadeiro significado dos signos.

Até me podia entreter a ler os signos dos outros mas a verdade é que não sei o signo de ninguém e não, não quero saber. Claro que quando temos uma folha que nos diz o verdadeiro significado dos signos nos apetece sempre pensar em determinada pessoa e ver o que é que isto diz dela, mas não vale a pena, nem sei em que altura do ano cada signo se encontra. Sei o meu, e já é uma sorte.

Ora, qual não é a minha surpresa quando a descrição que aparece do meu signo é, sem tirar nem por, EU!
Vou transcrever:

VIRGEM - O Perfeccionista. Dominante em relações. Conservador. Sempre quer a última palavra. Argumentativo. Preocupado, inteligente. Antipatiza com barulho e caos. Ansioso. Trabalhador. Bonito. Difícil de agradar. Severo. Prático e muito exigente. Frequentemente tímido e pessimista.
(7 anos de azar se não remeteres).


Vou ter que desmontar isto ao pormenor porque parece-me um retrato de mim própria fidedigno de mais (segunda vez que uso esta palavra esta semana) para ser verdade.

- Perfeccionista - ...não há muito a dizer em relação a isto, ainda não conheci mais ninguém que usasse roupa interior a condizer com a roupa, acessórios e tudo o resto e que ainda assim se consegue concentrar no sítio do campo visual à sua frente em que os pés acabam quando estão estendidos em cima do pufe para que a pontinha do pé não fique sobre uma linha mas sim dentro de qualquer coisa. Não consigo explicar, é complicado.

- Dominante em relações - outro facto assumido que a minha especialidade em relações é destruir totalmente a personalidade e auto-confiança da outra pessoa até que ela fique totalmente submissa à minha vontade, às minhas manias e aos meus caprichos que 90% das vezes não têm razão de ser, até que essa tal pessoa finalmente se transforma numa pequena marioneta e eu me farto porque não gosto de marionetas. Sempre foi assim. Só não digo que sempre há de ser porque tenho esperança que apareça o meu príncipe encantado que me diga "cala-te Rita, estás insuportável", para ver se eu acordo.

- Conservador - pronto, vá lá, já não me considero uma pessoa quadrada nem intransigente. A minha mente até tem estado bem aberta e até tenho feito um esforço para me transformar numa pessoa cada vez mais tolerante. Juro que é das poucas coisas que peço sempre que rezo, mas também não rezo assim tantas vezes. Claro que sou conservadora e se não estiver cá eu para ainda me lembrar de certas coisas que quero transmitir aos meus filhos, quem estará?

- Sempre quer a última palavra - ora esta frase está mal articulada, o que me leva a pensar que este é um texto escrito nesse tipo de português que vem do outro lado do oceano. Óbvio que quero sempre ter a última palavra. Até posso nem a dizer, nem a esfregar na cara da outra pessoa, com o maior sorriso de sempre na cara. Isso não, não sou muito orgulhosa e sou tudo menos competitiva. Mas para mim própria, cá dentro, que é o que me interessa, tenho sempre, mas sempre a última palavra. E de tal forma é importante para mim que nem me dou ao trabalho de a dizer à outra pessoa. Isto não querendo minimizar a outra pessoa mas realmente tenho muito pouca paciência para discutir e não me importo que se vão embora a achar que têm razão... desde que não me venham voltar a chatear com o mesmo assunto tão cedo.

- Argumentativo - ora isto vem um pouco contradizer o que eu acabei de escrever. A verdade é que se quiser ser argumentativa posso ser... Digamos, por exemplo, que se trata de um assunto em que vejo que toda a gente à minha volta está totalmente errada e que isso implica que vão tomar uma decisão ridícula que também me poderá prejudicar a mim e só eu sou a pessoa iluminada e possuidora da razão. Aí, meus queridos, argumento até à morte. Fora isso, argumentem sem mim que não tenho muita paciência. Não que não tenha uma opinião, que tenho sempre, mas normalmente ela já está tão formada que não me interessa muito discutí-la.

- Preocupado, inteligente - ora... preocupada claro que sou, senão não era tão stressada e o stress não me dava tantas dores de estomâgo e eu não passava tanto tempo dobrada. Sobretudo quando tenho 5 trabalhos para fazer ao mesmo tempo que tenho que gerir o facto de ir para uma reunião de vendas com 500 pessoas das quais conheço 10 e em que tenho que comprar um fato para o primeiro dia, gerir roupa clássica formal para os dias seguintes, um traje de Hollywood para uma gala e roupa informal mas de preferência sem ser jeans pois isso é informal de mais para o último dia que será uma actividade que ainda é surpresa e que certamente me irá humilhar para sempre. Sim, estou preocupada.
Inteligente, dizem que sou. Já me senti mais.

- Antipatiza com barulho e caos - bem, isto é basicamente a extensão do meu nome. Eu podia ser Rita Sá da Bandeira Antipatiza com Barulho e Caos, é certo e sabido. Não há nada a fazer, uma coisa é uma discoteca eventualmente agora cacafonia é coisa que não suporto. Música descoordenada e sem fazer sentido, pessoas que não se calam sem dizer nada, buzinas em excesso, telemóveis a tocar. Meu Deus! Os telemóveis! Odeio toques de telefone. Sou alérgica. Sobretudo no local de trabalho. E em relação à música eu sei que sou um bocado suspeita porque sou a primeira a ouvir a música mais barulhenta de sempre mas para mim tem um certo ritmo, uma coerência. Não é como o jazz. Odeio jazz. Não sei porquê, parece-me uma confusão de sons totalmente descoordenados que me dá a maior dor de cabeça de sempre. E tenho pena porque há lá um miúdo na faculdade que adora jazz, mas adora mesmo e até tem um blog que só fala sobre isso e o miúdo é lindo de morrer mas eu não tiro da cabeça a ideia de que se me desse mais com ele iria ter que ouvir imenso jazz e ouvir falar lindamente da Norah Jones que até é uma pessoa que eu gostaria, pessoalmente, de dar duas bofetadas ou três se tivesse oportunidade para ver se ela espevitava.

- Ansioso - idem idem aspas aspas à parte em que falei da semana que me espera e dos trabalhos que tenho que fazer, para não falar dos exames para os quais tenho que começar a estudar, do trabalho no escritório que tenho empilhado e que me deixa radiante mas, ainda assim, ansiosa, do almoço que não percebo se tenho amanhã ou se não tenho coisa nenhuma, entre muitas, muitas outras coisas.

- Trabalhador - sem dúvida. Aliás, o meu desespero nos últimos meses prendia-se com o facto de eu querer trabalhar e ninguém me dar essa oportunidade. É só disso que eu preciso, de ter trabalho para fazer de manhã à noite.
E este tem sido um assunto bastante discutido ultimamente porque realmente todas as pessoas são diferentes e todos precisamos de coisas diferentes para fazer a nossa vida andar ao mesmo tempo que nos sentimos felizes e realizados. E é óptimo ver como há maneiras de ver a vida diferentes, como há pessoas que têm necessidades diferentes apesar de serem tão parecidas comigo mas eu, ritinha, preciso de trabalhar das 9h às 6h, de ter regras, horários, ordem, rotina. Já tinha dito que era perfeccionista?

- Bonito - diz que sim, de vez em quando, algumas pessoas, às vezes.

- Díficil de agradar - neste momento da minha vida encontro-me mais próximo do impossível de agradar, não tenho culpa. Acho que é do facto de ser tão sonhadora, de pensar tanto em tudo e de imaginar tanto cada situação à minha volta ou que vá acontecer. Eventualmente nunca nada é como eu imaginei e contento-me com dar valor às coisas pela intenção que tinham porque, verdade seja dita e por muito que eu finja, que consigo fingir lindamente, é muito, muito difícil agradar-me.

- Severo - acho que isso transparece muito nitidamente no meu tom de escrita. E nem é muito uma coisa que eu goste que transpareça porque não gosto de me considerar fria ou severa mas a verdade é que às vezes esse tom sai facilmente pelo facto de ter tendência a obrigar-me a pensar de forma rápida e racional, para não correr o risco de ser apanhada a ser uma pessoa emocionalmente sensível.

- Prático e muito exigente - prática é óbvio. Sou a pessoa mais pão pão queijo queijo que há. Não aguento meios termos, coisas que tanto são como não são. Até pode parecer que sim, que aguento situações intermédias e que me dou muito bem com elas. Mas não dou. Não tolero. Posso não dizer mas cá dentro tenho sempre uma opinião definida. Ou sim, ou não, em relação a tudo. E essa opinião até pode mudar de 10 em 10 minutos, que é provável que mude, mas é sempre uma opinião definida e ajuda-me sempre a seguir o caminho mais prático em tudo na minha vida. Mesmo que me arrependa passado mais 10 minutos.
E se calhar tenho tendência a exigir isto dos outros, vem com o facto, lá está, de dever ser uma pessoa mais tolerante do que sou. E portanto não há dúvidas que sim, talvez infelizmente, sou bem mais exigente com os outros do que muitas vezes deveria ser.

- Frequentemente tímido e pessimista - bem, a parte do tímido tem muito que se lhe diga. Gosto muito de dizer que não sou tímida, que sou envergonhada. E acho que isto é verdade. No fundo se há coisa que eu não tenho é timidez. A partir do momento em que sinto que não tenho razão para ter vergonha de uma pessoa então não há nada de mim que eu esconda ou que eu não seja. E há mesmo aquelas pessaos que eu à partida nem sinto que tenha razão para ter vergonha e então não é possível sequer que me julguem tímida. Não é sequer provável que me consigam calar! Acho que tem muito a ver, ou tudo a ver, com o facto de me interessar, ou não, o que essa pessoa pensa de mim. Acho que a opinião de 90% das pessoas com quem me cruzo me interessa muito pouco, à partida, e isto apenas no sentido destrutivo da palavra opinião e não no sentido de não me interessar o que pensam, de maneira que nesses casos sou totalmente extrovertida.
Quando, por outro lado, já está em causa uma pessoa cuja opinião eu me quero esforçar para que seja apenas a melhor, aí já sou capaz de passar anos e anos a tentar definir-me como pessoa e a tentar passar por cima das minhas próprias barreiras para deixar a timidez de lado. Complexo.

Em relação ao pessimista é provavelmente das caracterísitcas que mais me definem, e esta é bem conhecida por toda a gente que me rodeia e que goza constantemente comigo.
Nunca entrei num exame a achar que ia passar, nunca fui a uma entrevista a achar que ia ficar, nunca fui comprar uma peça de roupa a achar que ia encontrá-la, etc.
Mas isto é como que uma filosofia de vida. Prefiro não esperar nada e deixar que tudo me surpreenda pela positiva do que esperar tudo e decepcionar-me facilmente. Sempre fui assim.
Frase mítica de quando o meu pai comprou o barco e eu estava numa crise de mau feitio, já no longínquo ano de 2004... quem sabe?

- 7 anos de azar se não remeteres - parece que vou ter que arcar com as consequências do terrível azar que se aproxima porque não posso mesmo reenviar isto a ninguém. Não que a minha descrição não estivesse excelentemente feita por alguém cheio de tempo, mas não posso dizer que seja inegávelmente uma característica das pessoas com o mesmo que signo que eu porque me lembro logo, assim de rajada, de 3 ou 4 centenas de pessoas que são o oposto de mim mas que também nasceram no lindo e solarengo mês de Setembro. E também, verdade seja dita, como eu há muito poucos!

Que este texto não vos distraia da grande missão que é lerem o texto abaixo e darem-me conselhos para o meu baile de máscaras, versão Hollywood!

Help!!



Preciso de ajuda, mas urgentemente mesmo!
Desta vez preciso que colaborem comigo, que respondam, que deixem comentários e que compreendam a importância deste assunto para eu estar a dispender 2 segundos do meu precioso tempo a escrever isto.

Ora, vamos por partes, tendo em conta as várias festividades que existem ao longo do ano, qual é aquela que eu odeio?
Adoro o Natal, já se percebeu, gosto bastante da Páscoa.... mas ODEIO o Carnaval.
E nem me importo de o ignorar quando chega Fevereiro ou, como vai acontecer este ano, passá-lo a estudar. Mascarar-me é que não. Nunca gostei, nunca achei piada. Desde a altura em que no colégio me mascaravam sempre de bobo da corte ou de padeiro e em que eu passava os dias a expirrar por ter farinha na cara, na roupa, em todo o lado.

Mas acontece que para a semana que vem, estando eu no Luso com as centenas de trabalhadores, vendedores, consultores e tudo o mais da minha empresa, vai haver um jantar de gala. E o jantar este ano, como não podia deixar de ser, implica vestir-me como uma personagem de um filme de Hollywood.

E pára tudo.
Quem, oh meu Deus quem vou eu ser?

Tenho que admitir que até agora a única sugestão (sim, porque o meu pedido desesperado de socorro começou à hora de almoço entre os meus colegas) que gostei foi ser a Catherine Zeta-Jones no Zorro.
As semelhanças são inegáveis, só me falta quase tudo para ser igual a ela mas no fundo nem seria assim tão difícil personificá-la.

Preciso de ajuda, opiniões, tudo!
Por favor!
Juro, juro por tudo que se me ajudarem até me disponho a humilhar-me ao ponto de por aqui uma fotografia do resultado final.

Algumas linhas de orientação:
- Não quero ser a Pocahontas
- Não quero usar perucas
- Não vou nua de mais, sendo o limite o decote abusado de vestido de Zorra

Não custa nada... só quero sugestões.
De toda a gente. Please.

7.1.08

Worst. Mood. Ever.

Worst.
Mood.
Ever.

Mas nem sei bem porquê.
E nem é por causa disso que estou a escrever aqui hoje, juro que não. Estou a escrever mais porque já era hora de dar notícias e de tirar o lugar de destaque àquele texto algo ridículo da noite de passagem de ano. Nem me apetece relê-lo.
E até tinha alguns temas para desenvolver e que se calhar até dariam textos bem bonitos de se ler mas a verdade é que neste momento não me vem nenhum à cabeça. Não tenho escrito nada e já sabia que isto iria acontecer mal começasse a minha nova vida, o meu novo ano.

E é caso para dizer, literalmente, que so far, so good.
Em relação à grande mudança da minha vida, pelo menos no que diz respeito às mudanças que são visíveis pelos meros mortais que me rodeiam, em oposição àquela pessoa tão, tão próxima que se dá conta de todas as mudanças que acontecem em mim a cada momento mas que, infelizmente, não existe, em relação a essa grande mudança tem sido tudo perfeito.

Às vezes paro para pensar durante 2 segundos, basicamente os únicos 2 segundos do dia em que consigo parar para pensar no que quer que seja, e nem acredito na sorte que tive. Nem acredito que aquilo é tudo verdade.
Uma empresa à séria, com pessoas a sério, um departamento de marketing a sério e eu cheia de trabalho a sério, daquele com que sempre sonhei. Não tenho tempo para ver o telemóvel, o mail, abrir o messenger. Nada. E só consigo pensar, nesses 2 segundos em que consigo pensar em mim própria, que aquilo era tudo o que eu queria.
E está a ser tudo o que eu sonhei, ou melhor ainda.

E o resto da semana é um carrossel dividido entre noites passadas nas aulas, entre idas ao ginásio e entre trabalhos e trabalhos de grupo. Não tenho tempo para respirar e penso na confusão que seria se neste momento da minha vida tivesse um namorado.
Lembro-me tão bem dos meus últimos tempos de ISCEM em que já trabalhava em part-time, que ainda conjugava com ginásio às 7h da manhã quatro vezes por semana (sem falta!) e ainda assim conseguia ver o meu namorado todos os dias. E, fosse como fosse, fosse o meu esforço constante de esticar a minha vida ao máximo e equilibrar 30 pratos na mesma balança a coisa mais difícil do mundo, havia sempre aquele ar de decepção. Aquele ar de que realmente Rita, as coisas não são como antigamente quando passávamos as tardes inteiras a fazer sabe-se lá o quê e tinhamos tempo para estar juntos. Realmente, o facto de passarmos todos, mas todos os santos fins-de-semana fora sozinhos e de te teres afastado dos teus amigos e teres deixado de sair à noite nunca será suficiente porque ainda me magoa muito o facto de, quando estamos a almoçar à pala todos, mas todos os dias no restaurante do teu pai, teres que te ir embora para ir trabalhar às 2h quando eu gostaria que ficasses comigo até às 2h15, para não falar do facto de que quando jantamos todos, mas todos os dias em casa um do outro e ficamos a ver filmes depois do jantar tu acabas por adormecer à meia-noite. Não te percebo. E eu esforço-me tanto!

Enfim. Isto veio-me agora à memória. Recordações do passado.
A verdade é que, mesmo com estas recordações, eu adorava a fase em que ia ao ginásio, para o trabalho e para o ISCEM até às 10h da noite. Tem tudo a ver comigo, adoro estar ocupada. E sim, adoro conseguir equilibrar 30 pratos na minha balança.
E agora posso não ter 30 pratos, posso se calhar só ter 28 ou 29 mas pelo menos não tenho o prato que me faz sentir mal com a minha vida por me dedicar a tudo e mais alguma coisa ao mesmo tempo. E não, nestes dias 4 dias de trabalho não vi nenhum candidato a príncipe encantado na Arié... é um facto que o mercado da cosmética é liderado maioritariamente por mulheres (I wonder why...).

De qualquer forma não ando à procura. Quem diria. Até eu própria gostava de perceber porquê.

E pronto. Horas depois de ter começado a escrever este texto sem assunto definido dou por mim já de bom humor e já totalmente desconcentrada e sem saber sequer o que estava a escrever. Acho que não era nada.

E o mau humor também não era por razão nenhuma. Irritam-me só algumas coisas daquelas que não podem irritar mais ninguém porque só me dizem respeito a mim. Como querer prestar imensa atenção às aulas mas o professor ter um furo no alto da cabeça que me deixa terrivelmente incomodada a pensar o que será que lhe aconteceu. Será que lhe fecharam o porta-bagagens na cabeça? Será que levou um tiro? Tem ar de quem andou na tropa... se calhar houve um acidente. Ou será que foi mesmo à guerra? No Ultramar? Mas não parece assim tão velho... mas está sempre a falar de coisas que já têm 40 anos! E pronto, a partir daí já me perdi totalmente e a minha imaginação já voa noutro universo enquanto encho folhas em branco com desenhos abstractos e troco mensagens a combinar a ida ao ginásio de amanhã, que implica uma discussão séria entre as aulas a fazer porque lá está, Body Pump faz-me ficar com músculos e não queima calorias enquanto que Step terei que ir sozinha porque a minha excelente capacidade de coordenação (se alguém me visse, matava-me) não é partilhada pela minha adorada Filipa. E por aí fora.
Acordo para a vida real, para aqueles slides com umas cores horrosas e para a Martinha que não pára de tirar apontamentos e decido que é melhor ir-me embora. Estou cheia de fome e tenho jantar à minha espera em casa.
Mas fico chateada, claro que fico, porque nunca na vida saí das aulas mais cedo e sempre fui a primeira a criticar quem o fazia. E depois no carro só dão músicas erradas e chego a casa e não me apetecia almôndegas. Não é por razão nenhuma, eu gosto imenso de almôndegas e se há acompanhamento com que ficam bem é mesmo com puré de batata mas não me apetecia mesmo, e pronto.

E depois lá me lembrei que ainda ontem me disseram: "Oh baby, não te quero pressionar que eu sei que não gostas... mas já actualizavas o blog!". E cá estou eu, obediente como sou e mais fiel que tudo aos meus adorados leitores que, apesar de comentarem muito a ausência de textos, são incapazes de comentar o que eu escrevo (sim, hoje estou com uma crise de mimo).

1.1.08

Happy New Year!

(Há algo de fascinante em escrever num momento em que não estou totalmente sóbria... como se os meus dedos conseguissem escrever ainda mais depressa que o normal, como se eu pensasse ainda mais rápido. É a segunda vez que escrevo no meu blog assim... a primeira foi acabadinha de chegar do Sudoeste e, quando finalmente voltei a mim, tive que apagar cerca de 300 vezes a palavra "Chico", que estava repetida de forma totalmente descabida e vergonhosa aos olhos de toda a gente).

Sapatinhos com laçarote.
Lindos de morrer.
Toda a gente os adorou!
- Comprei na China! - Dizia, eu, toda a contente.
- Foi? Compraste no Chinês? - perguntava a Catarina - foi a piada da noite. Mas contado não tem piada, tinha que se estar lá.
Os sapatos são lindos... mas eventualmente deram-me umas dores terríveis e tive que vir para casa sozinha.
A noite acho que foi gira.
Eu sabia que seria algo estranha desde o início, mas nada que não se passasse por cima com bom ambiente. No fundo se tivesse que encontrar uma palavra para a descrever, agora que estou sentada de computador ao colo e são 5h25 da manhã, diria que foi, pura e simplesmente, simpática. Sim, foi uma noite simpática.
Rodeada de amigos e de conhecidos, uns mais amigos que outros e outros apenas mais conhecidos que outros.
Mas foi simpática.
Obrigada aos cozinheiros do restaurante do meu pai pelo fantástico Arroz de Pato que comemos e a minha Tarte de Limão ficou, estranhamente, uma porcaria. Mas a culpa não foi totalmente minha, também foi do forno. Acho que está avariado e demorou bem mais do que o normal a cozer a massa e o recheio de maneira que bati as claras para o merengue cedo de mais e, quando era altura de cobrir a tarte, já estas estavam "partidas" (ou pelo menos é como diz a minha mãe) e a cobertura acabou por ficar com consistência de pastilha elástica. Sobrou metade. Vai para o lixo amanhã de manhã quando eu arrumar a casa.
Foram-se todos embora muito impressionados por eu não os deixar arrumar a casa mas a verdade é que me apetece ter alguma coisa para fazer amanhã quando acordar totalmente ressacada. Sim, porque saí do BBC a achar que estava óptima mas afinal eram as dores de pés que não me deixavam ver que não estou nada em mim, estou bastante nada sóbria... mesmo.
E o BBC foi estranho.
Não fomos para o Lux porque à partida não nos queríamos incomodar com as horas que iríamos demorar a entrar e, por isso mesmo, demos os convites. Quando chegámos à porta do BBC, pelos vistos, o sentimento já era de arrependimento total por termos dado os convites e a vontade de entrar já não era assim tão grande.
A mim é-me tudo indiferente. Basta-me estar com um grupo giro (que éramos, sem dúvida), que me divirto bastante. Mas o grupo giro não estava assim tão animado e muito rápido acabámos todos nós centrados à volta de uma discussão entre um namorado e uma namorada que se adoram e que vivem juntos e que já não se sabem distanciar o suficiente para saberem o que vale a pena discutir e o que não vale.
É a minha opinião.
Eu tinha duas opções. Ser a amiga que apoia incondicionalmente, que às vezes faz muita falta, tenho que admitir, ou a amiga que diz a verdade, doa o que doer. Infelizmente, e graças às bebidas que o Bruno foi magicamente preparando cá em casa, escolhi ser a segunda opção. Não posso fazer nada, agora já está. Claro que os minutos (ou quartos de hora) passados à volta deste momento e parada em cima dos meus sapatos com laçarote acabaram por me dar umas valentes dores de pés e quando finalmente fomos para a pista para arrasar totalmente já eu estava bastante incomodada.
- "Nada a fazer Maria Rita, vais-te divertir e pronto!" - pensei eu para com os meus botões inexistentes no meu vestido que até agora achava lindo de morrer mas que estranhamente a partir desta noite acho absolutamente insuficiente a comparar com os decotes e mini-saias das minhas amigas. Definitivamente, sou transparente por ter uma saia quase até aos joelhos e por só ter um decote até ao umbigo mas que, segundo elas, "devia ser mais aberto... deixar ver mais!".
Ok, eu percebo. Mas é impossível.
A mini-saia já nem se discute. Eu percebo, juro que percebo, que eventualmente no Sudoeste estive linda de morrer com a minha mini-saia às riscas cor-de-laranjas e brancas... mas temos que ver que há uma diferença entre ir para a praia e ir passar o ano! Tenho esta discussão há anos e eventualmente uma mini-saia depois de o sol se por será visível na minha pessoa se eu cumprir a resolução que as minhas próprias amigas definiram para o meu ano de 2008: emagrecer 8 quilos. Obrigada pelo voto de amor incondicional.
Já no BBC e depois de toda a questão da discussão entre uma das minhas melhores amigas e o seu namorado, que eu simplesmente adoro, ter substancialmente passado pelo facto de ela, infelizmente, se ter ido embora, passamos à pista de dança e novamente ao pormenor de o meu vestido lindo de morrer e exageradamente decotado ter, ainda assim, tecido a mais aos olhos de quem está a passar o ano à minha volta.
Sou invisível. Não há nada a fazer.
Tentei ignorar o facto o máximo de tempo possível, mas às tantas estava difícil.
O ambiente era totalmente "bora encontrar um gajo giro e comê-lo" e eu juro, juro por tudo que ano após ano ano da minha vida dou por mim a pensar nesta minha incapacidade total de colar a minha boca à boca de uma pessoa que nunca vi na vida e que não sei sequer por onde andou. Continuo sem perceber porque é que me recuso a desvalorizar-me totalmente desta forma.
- Ah, dizes isso mas também não és nenhuma santa! Olha para ela armada em pudica! - Tudo bem, nunca disse que era uma santa e aparentemente, descobri agora, não sou tão tímida quanto parecia, mas continuo incapaz de olhar para um daqueles miúdos que estupidamente acham engraçado rodear as raparigas numa discoteca e pensar "olha, és mesmo tu! bora lá!".
Eu sei que sou estranha, diferente, até talvez relativamente atrasada mental, mas não posso fazer nada! Sou assim! Se calhar até é puro e simples nojo! Não sei!
A única vez que "curti" (odeio esta expressão, parece-me sempre tão infantil) com uma pessoa que nunca tinha visto na vida, tinha eu 16 anos e estava na Arrábida com a minha prima... Fomos ter com os nossos amigos e eis que eles tinham 2 amigos novos, coisa absolutamente inovadora naquela terra sem novidades, que nós acabámos por sortear entre as duas e arranjar um pequeno romance de três dias que acabou por acabar em nada. Foi a única vez.
E pode parecer parvo, mas não tenho mesmo pena nenhuma.
Nem me apetece dizer do que é que tenho realmente pena nestas situações que não param de acontecer à minha volta... não estou assim tão mal ao ponto de não pensar nas consequências deste texto amanhã.
Mas finalmente percebi que o ambiente no BBC se estava a desenrolar entre duas amigas e dois desconhecidos e que eu visivelmente ou arranjava também um desconhecido para mim ou admitia que estava totalmente sem pés por causa dos sapatos do laçarote e vinha-me embora.
Decidi ir à casa-de-banho para adiar o momento da despedida, até porque sabia que elas não quereriam que eu me fosse embora.
Passei pelo namorado que se tinha chateado com a minha amiga e descansei-o, já que ele estava visivelmente preocupado e até já me tinha mandado mensagem a perguntar por nós (mas eu não tinha visto porque tinha o telemóvel no bengaleiro), e disse-lhe que ela tinha ido para casa.
Fiquei com pena. Tenho pena de ver namorados que às tantas estão tão próximos um do outro que não têm a capacidade de se afastarem o suficiente para verem como as suas discussões são tão insignificantes quando no fundo o que interessa é terem-se um ao outro e saberem que vão adormecer na mesma cama ainda nessa noite.
Fui à casa-de-banho, vi-me ao espelho e pensei: "Bolas Rita, afinal de contas és tão gira e se ninguém te está a dar valor neste momento é porque não estás rodeada de ninguém que te mereça!". Presunçoso da minha parte? Talvez.
O facto de me achar gira não implica que não me ache relativamente a puxar para o rechonchuda de mais.
Pousei o copo no balcão da casa-de-banho e dei-me conta de como estava a ser ridícula. Ali a dançar com as minhas amigas, a fazer um esforço enorme para me aguentar em cima dos meus pés totalmente dilacerados quando o que eu queria era ver o meu telemóvel e vir para casa.
Finalmente disse-lhes que me vinha embora. Que não fazia mal não me darem boleia, que adorei o jantar e ainda bem que vieram, mas que apanhava um táxi porque não me aguentava de pé.
Finalmente cheguei a casa... Depois de ter que parar no multibanco para levantar dinheiro porque, como sempre, nunca tenho dinheiro comigo e depois de ter ficado sem dinheiro no telemóvel e ter lançado pragas à Vodafone por se ter lembrado de cobrar mensagens estes dias quando já não estou minimamente habituada a que o façam.
Mas cheguei viva.
Já subi as escadas descalça, claro.
Mal entrei fui directa ao telefone de casa.
Tinha 3 mensagens para mandar. Uma a confirmar que cheguei bem, uma a dizer que fiquei preocupada e que amanhã falamos melhor e a última só a dizer que fiquei sem dinheiro... que não preciso que me desejes bom ano se não te apetecer, mas preferia que tivesses desejado, não vejo complicação nenhuma nisso, é só simpatia.