26.6.08

cook me

Aparentemente, e por razões que desconheço, existe uma relação directa entre bolachas e maridos. Mas directa ao ponto de ser impossível construir uma frase com um elemento que não acabe, imperetrivelmente, no outro.
Uma pessoa decide que é simpático fazer umas bolachinhas para levar para o trabalho, porque certa pessoa que poderia ser apenas Directora de Marketing mas que eventualmente até se aproxima o mais possível do conceito de amiga, desde que com mais 13 em cima, faz anos.
E até poderia dizer que é uma ocasião rara e um momento tão único que decidi marcá-lo com umas bolachinhas para lhe mostrar o quanto a adoro, mas não. Não vamos exagerar. Também não a adoro! Gosto muito dela. E não, não foi uma coisa única. Faço frequentemente bolachinhas para quem faz anos.
Até costumo fazer mais. Vai na volta, costumo comprar uma caixinha simpática às flores ou às riscas, qualquer coisa que fique como presente e que se leve para casa e ponho lá as minhas bolachinhas dentro. Mas desta vez não. Na penúria como sempre e a lamentar o vidro do carro partido, a inscrição no mestrado onde vai na volta nem vou conseguir entrar e o computador a arranjar com os seus 7 vírus aos saltos lá dentro, a caixinha estava fora de questão.
Antes de investir na caixinha investia no almocinho semanal com a Filipa em vez de ter que lhe ligar (mas só porque ela é extreme senão ficava complicado) a dizer que olha, se calhar só tomamos café que isto anda complicado e eu fiz uma sandwiche que vou a comer no carro quando for ter contigo. Mas acabou por ser um café e um gelado, cornetto de morango como sempre, que estas idas ao mealheiro são sempre rentáveis.
Mas continuando, está tudo contado e guardado e fora uma eventualidade qualquer preferia não investir em caixinhas giras. Investi antes numa cartolina verde e construi uma caixa muito gira e forrei-a com um guardanapo verde lima e fiz umas fitas de lã verde que roubei à minha mãe e ficou o máximo. E depois dá sempre aquela ideia de ter muito mais significado porque foi tudo construído de origem, o que é verdade!
Óbvio que isto para uma pessoa como eu é apenas uma caixa verde em que os diferentes tons entram em sintonia perfeita e depois tenho que ouvir as bocas do Ai! Vê-se logo que ela é do Sporting escolhe sempre verde para tudo o que faz! E veio vestida a condizer e tudo! (E ia, mas desta vez foi sem querer).
Mas como uma caixinha de bolachas deve emitir daqueles sinais sonoros que conscientemente não ouvimos, tipo os apitos dos cães, no mesmo segundo e por pura coincidência, durante o café da manhã, três quartos da empresa apareceu e espreitou, comentou, comeu, saboreou e fez o seu juízo de valor.
De 0 a 10 acho que fiquei no 15. E de 0 a 10, agora na escala do quão enervante ando, a pôr escalas de 0 a 10 em tudo, já devo estar no 33!
Mas e é aqui que eu estabeleço a relação directa entre comentar uma bolachinha e a minha elevada probabilidade de encontrar um óptimo marido já aí ao virar da esquina. É uma relação tão directa como aquela que estabeleci, também frequentemente, entre as pessoas que dizem "ai não me queimo nada nem no fim do Verão fico com a tua cor" com as pessoas que dizem "ai o mar é gelado tomo 1,5, no máximo 1,8 banhos por dia, em média, o Verão inteiro!".
Aparentemente, o facto de eu fazer bolachas, ou tartes ou outros petiscos típicos dessa fabulosa e, na minha opinião até bastante menosprezada refeição, que é o lanche, é facto suficiente para se achar que sou o partido ideal para qualquer sortudo que me consiga apanhar!
Preferias uma advogada? Uma miúda mais magrinha? Mais inteligente? Não te preocupes, leva esta que sabe fazer bolachas, calha sempre bem!
Impressionante.
Que prendada, que sonho de miúda, que delícia. Temos mesmo que te arranjar alguém Rita! Aqui na empresa só se fosse o Artur do armazém mas se calhar preferias alguém com os dentes todos... até porque dá mais jeito para comer bolachas.
E eu do nada imagino-me, fechada numa casinha com um marido qualquer que foi na conversa das bolachas e do nada ele até decidiu que eu já não precisava de trabalhar mais porque "casei contigo foi para isto mesmo, para comer bolachas!" e não faço mais nada até ao fim dos meus dias senão cozinhar e ele não faz mais nada até ao fim dos dias dele senão comê-las e os meus filhos vão ser umas bolinhas gordas porque são alimentados a bolachas.
Que visão!
Para a próxima compro um bolo, como toda a gente faz!