24.7.09

bambu

O fundo do meu Hotmail são bambus.

Nos últimos dias, tenho guiado mais afastada do carro da frente. Se ele travar de repente, já não lhe bato por trás.

O porta-chaves que estou a usar, encontrei-o na semana passada em cima do capô do meu carro, a unir miseravelmente um raminho das flores mais bem cheirosas de sempre.
Tem um cheiro estranho. Não posso dizer que cheire bem, está longe de estar perfumado. Mas tem um cheiro característico. Cheira a Opel Astra misturado com fato de surf salgado, cheira a bolsos cheios de tralha, cheira ao pratinho castanho de guardar as chaves, na prateleira branca por cima da cama cor-de-laranja.

Tenho dor de barriga amarela.
Já estou optimista.

Sinto-me como aquelas pessoas que vemos nos filmes que são internadas num manicómio apesar de não estarem doidas. E quanto mais vezes dizem que não estão doidas, mais doidas parecem. E tal é o esforço e a frustração de tantas tentativas em vão, que já ninguém acredita que não estejam realmente dementes.
Não que eu me sinta doida mas sinto que sempre que tento explicar esta situação a alguém, recebo imediatamente aquele olhar. O olhar. Que diz, inevitavelmente: burra.

Enfim, tal como os doidos que se deixam internar porque perdem a força para continuar a defender-se, também eu às tantas deixei de tentar explicar que nem tudo o que se passa comigo tem que ser interpretado por toda a gente à minha volta.

Teorias fora. Relações típicas para o lixo.
Uma pausa.

E volta o sorriso.
Dor de barriga amarela.
Saudades, tantas.

No fundo, não interessa mais nada.
A ver vamos.

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